Ratier fala sobre pista de dança dentro de um avião e retorno ao Lollapalooza BR

DJ e produtor foi uma das atrações da Elrow, em Valinhos, e falou com exclusividade com a Band

POR BOREAL AGENCY E KEVIN VELLOSO

Ratier na estreia do palco “Ritual”, no Surreal Park.
Foto: Cassiano Vargas

DJ, produtor musical e empresário, Renato Ratier é um dos maiores e mais importantes nomes da cena de música eletrônica no Brasil. Criador de clubes icônicos como D-EDGE (SP), Surreal Park (SC) e o recém-inaugurado Centro Cultural D-EDGE (RJ), o artista vive um dos melhores momentos de seus 28 anos de carreira.

Nos últimos meses, realizou o sonho de dividir palco com um dos seus maiores ídolos, o DJ britânico Carl Cox, lançou seu terceiro álbum de estúdio, “Ritual”, abriu filial do D-EDGE no Rio de Janeiro e está prestes a inaugurar um de seus projetos mais ousados: o palco Jet Set, construído a partir da fuselagem de um boeing desativado, no Surreal — clube aberto em 2021, em meio à natureza deslumbrante de Camboriú, em Santa Catarina.

Nesse último sábado (16), Ratier discotecou pela primeira vez na Elrow, famosa festa espanhola que realizou mais uma edição em território brasileiro — neste caso, no complexo que envolve os clubes Ame e Laroc, em Valinhos, Região Metropolitana de Campinas, no Estado de São Paulo.

Logo depois do seu set, tivemos a oportunidade de conversar com o artista e empreendedor sobre esse grande momento, entender melhor como surgiu a ideia de transformar um avião em pista de dança e saber como está a expectativa para sua volta ao festival Lollapalooza, entre outros assuntos!

Como está a energia depois de tocar aqui na Elrow?

A energia está alta, eu podia estar tocando mais um tempão ainda! Estava superfeliz, foi a primeira vez, sempre quis tocar nessa festa. Misturei house, tech house, uma pitadinha de electro, um pouco de miami bass… 

Acho que foi legal, fiz tudo na hora, fui sentindo, não preparei nada e fiquei satisfeito. Foi bem legal, e espero voltar em breve, porque a festa é muito divertida!

No último ano, você realizou um grande sonho, que foi dividir o lineup com Carl Cox, lançou o álbum “Ritual”, inaugurou o D-EDGE Rio e agora está estreando aqui na elrow. Como você descreve este momento da sua carreira?

Sempre que eu pensava em um artista com quem eu ficaria muito nervoso de dividir lineup, era o Carl Cox. É uma responsabilidade muito grande. Foram duas vezes; fui convidado para tocar com ele aqui em São Paulo — fiquei muito feliz, foram muitos feedbacks positivos —, e também no Ritual [novo palco do Surreal Park]. Foi sensacional. 

Foto: @alan_slv

Ele é um dos caras mais incríveis e admiráveis, não só como artista, mas como pessoa. Muito humilde e muito simpático. Na hora que ele saiu, ele falou: “senta aqui, vamos conversar um pouco”. Falamos de carro antigo, moto antiga, de outras coisas de fora da música, foi muito legal.

É um momento maravilhoso em 28 anos de carreira. E é tão difícil… Sinto um pouco que as pessoas querem uma novidade — diferente da Europa, onde se tem um respeito maior pelos caras que estão há um longo tempo na estrada. E aqui no Brasil, a gente tem uma mudança muito rápida de público. 

Então, poder ter uma carreira consistente depois de todos esses anos é incrível. 

Além da Elrow, você já tocou aqui no Laroc, no Ame, e tem uma história com essa região de Campinas. Fez um Raww Room aqui anos atrás, trouxe o Tale Of Us quando não existia nada disso… Como você vê o crescimento dessa região 019, e como o público te recebe hoje em dia?

Olha, eu sempre fui muito bem recebido aqui. Minha relação com a região é muito antiga, desde os primeiros clubes da Eli Iwasa — o Kraft, o Club 88, o CAOS —, eu toquei em todos eles. A gente fez dois Raww Rooms aqui junto com o 88, e eu adoro. Realmente, acho que aqui tem um potencial enorme.

Foto: Divulgação

Você tem uma mente inquieta que foge do convencional, e um dos projetos mais criativos que já vimos no Brasil até hoje, é justamente o da pista Jet Set. Da onde surgiu a ideia de colocar um boeing como pista de dança no Surreal Park, e qual a história por trás?

A ideia do Jet Set surgiu a partir de se pensar em coisas que fugissem do senso comum, e aí a Sarah, minha esposa, foi a grande incentivadora, tanto que ela vai dar o primeiro play na abertura da pista.

Não foi fácil, a gente até achou algumas aeronaves pelo Brasil, mas a logística é o ponto principal. E ela não desistiu.

Quero deixar aqui que eu tenho uma grande companheira, uma grande mulher que me apoia e me ajuda muito, porque ter essa vida corrida como eu tenho… Eu moro em diferentes lugares. Às vezes eu estou no Sul, às vezes aqui [SP], fico uns dias no Rio, vou pra Campo Grande… É meio louco (risos), e ela me acompanha e me dá muito apoio.

Essa ideia do avião foi dela. Ela ia ser aeromoça quando a gente se conheceu, tem o sonho de ser piloto, e toda minha família pilota. Meu avô é o brevê número 33 de piloto privado do Brasil, e a família toda tem uma relação muito intensa com a aviação. Então eu também sou um apaixonado por aviação, e a Sarah me incentivando foi a turbina que eu precisava. 

Estamos realizando esse projeto inusitado, lindo. Em festivais como Monegros [Espanha] e Burning Man [EUA], as pessoas já viram carcaças de avião, mas a gente vai construir esse palco de maneira especial. Ele tem todo um cuidado para que as pessoas não se sintam claustrofóbicas: abertura de janelas, abertura de vidro no piso, pista em cima e embaixo… 

E ele está em cima de um morro, de onde você consegue ver todo o Surreal Park, além do skyline dos prédios de Camboriú. No espaço do Surreal, também tem um haras, então você vê os cavalos, você tem a natureza e você tem a cidade. Existe esse contraste.

Quais os principais desafios para colocar em prática esse projeto?

O avião é colocado em um morro, onde se tem que fazer uma fundação muito especial, né? São muitas toneladas, é um lugar onde venta muito. Então toda a questão da sondagem, terraplanagem, movimentação com terra, e para colocar ele lá, realmente, foi bem difícil. 

O mais difícil foi o transporte. Ele ficou parado na rodovia porque ele não conseguia passar debaixo de um viaduto. Tivemos que murchar os pneus, cortar um pedaço da asa. E agora, está difícil para manter a estrutura do avião com as aberturas que eu quero fazer. 

Quando eu tinha um restaurante, o chef fazia as degustações em casa. Aí um cara que trabalhava comigo chegou nele e falou: “ó, já vou te avisar que depois que você terminar, vai passar por um processo de ratierização” (risos). Porque eu realmente gosto de me envolver nas coisas que eu faço. 

Eu fiz design de interiores, então gosto bastante desses quesitos de luz, de arquitetura. O maior desafio é poder mexer sem perder algumas partes estruturais que são importantes. Toda a estrutura do avião vai ser pendurada no trem de pouso. As pessoas vão dançar em cima da asa, então, pra você ter segurança, é uma responsabilidade muito grande. Não é só uma obra maluca, é uma obra de arquitetura muito elaborada.

Como está sua expectativa de subir de novo no palco do Lollapalooza, e como é sua relação com o festival?

Eu toquei no Lollapalooza pela primeira vez há dez anos, e depois me apresentei em outra edição com o projeto que eu tinha com o DJ Mau Mau, que se chamava Kings of Swingers. Fiquei um tempo sem tocar no Lolla, e agora estou voltando. 

Estou superfeliz, é um baita festival, né? E acho bem importante esses festivais grandes que dão oportunidade pra música eletrônica. Música é música, né?

Para o futuro, o que você está preparando de novidades para os próximos meses?

Estou fazendo uma parceria legal com o Lucian, do FractaLL. A gente já lançou música juntos, e tem mais vindo aí. 

Tem coisa pra sair por uns selos gringos também, e este ano pra mim é muito importante, porque vou tocar num festival que nunca tinha tocado e tinha muita vontade: o Sunwaves [Romênia]. Vou tocar na pista principal em 02 de maio, e tem algumas datas em Ibiza confirmadas também, mas acho que ainda não posso falar sobre.

E tem outra novidade bem legal em Ibiza, que logo mais eu vou soltar pra vocês!

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