Presença de animais domésticos na Mata Santa Genebra põe em risco ecossistema e saúde pública

Cachorros-do-mato, por exemplo, sofrem forte pressão pela perda de habitat e pelo contato cada vez mais frequente com cães domésticos, alerta biólogo

Fêmeas de onças-pardas andando pela mata durante o dia
Reprodução/Câmera de monitoramento

As câmeras de monitoramento na Mata de Santa Genebra, em Campinas (SP), registram imagens fofas e raras, como um casal de cachorros-mato caminhando e duas fêmeas de onças-pardas andando pela mata durante o dia, um flagrante raro, pois são animais noturnos. Entretanto, os animais silvestres não são os únicos flagrados no local. A Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO) alertou, nesta quinta-feira (7), para a presença de animais domésticos na unidade de conservação.

De acordo com o biólogo Thomaz Barrella, as imagens capturadas pelas 11 armadilhas fotográficas do FJPO também registraram a presença de cães e gatos domésticos, porcos, bois e cavalos na Mata de Santa Genebra. Esses animais colocam em risco o equilíbrio da floresta, alerta o especialista.

Barrella explica que esses animais podem depredar a mata, pelo consumo de plantas nativas, além de trazer doenças para os animais nativos e levar doenças que são típicas do ambiente florestal para fora, representando um risco à saúde pública e ao equilíbrio do ecossistema. 

Essa presença pode afetar a vida de animais como o casal de cachorros-do-mato, que vive no interior da Mata de Santa Genebra. A espécie é monogâmica e o casal pode ter de 3 a 6 filhotes por ninhada.

"Embora não estejam listados como ameaçados de extinção, a espécie vem sofrendo forte pressão pela perda de habitat e pelo contato cada vez mais frequente com cães domésticos, dos quais adquirem doenças para as quais não possuem resistência”, explica o biólogo da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO).

Monitoramento na Mata

O monitoramento de fauna tem por objetivo acompanhar a presença, o fluxo e a saúde dos animais na floresta, e desta forma é possível saber se há a necessidade de alguma intervenção; que áreas estão mais equilibradas; se há interação entre as espécies e de que tipo; se um animal é residente, ou se está só de passagem pela Mata; se há preferência por um local específico ou se utilizam todo o espaço; se ficam somente no interior da floresta ou se utilizam as áreas ao redor.

Atualmente, a FJPO conta com 11 armadilhas fotográficas estrategicamente distribuídas pelo interior e bordas de toda a Mata. “As câmeras são capazes de filmar tanto durante o dia, como à noite, quando utilizam o sistema de visão noturna por infravermelho, que não é percebido pelos animais e assim não os assusta ou interfere nas suas atividades. Elas possuem sensores de movimento que ao detectar a presença dos animais inicia a gravação de um vídeo”, explica o biólogo da Mata, Thomaz Barrella. A cada 15 a 30 dias, os biólogos e técnicos da FJPO visitam os pontos das câmeras, fazem a checagem das baterias e trocam os cartões de memória. “É então que vem o momento mais esperado, saber quais animais foram flagrados”, conta Barrella.

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