Nutricionista alerta sobre produtos que parecem saudáveis, mas não são

Após ter um AVC em 2011, advogada muda seus hábitos alimentares e sua relação com a comida

*Rafaela Oliveira

Nutricionistas alertam que produtos “integrais industrializados” pode não ser integral
Divulgação

Tornou- se comum os corredores “saudáveis” nos supermercados, recheados de produtos como barrinha de cereais, pães com grãos, biscoitos integrais e outros. Entretanto, um olhar mais atento revela as pegadinhas de marketing presentes nestes alimentos, alerta a coordenadora do curso de Nutrição do UniMetrocamp Wyden, Silvia Henrique de Campos. 

O principal problema são os ultraprocessados, que a indústria vende tentando vincular à uma vida  “fitness” e saudáveis. “Os ditos produtos ultraprocessados integrais, como bolachas, que tem como primeiro ingrediente a farinha de trigo branca, por exemplo, não uma farinha de trigo integral. Então, nem poderia ser chamada de integral.”, explica Silvia Henrique de Campos. 

Metade dos alimentos com o termo integral ou expressões análogas, analisados pela nutricionista Érika Batti em sua tese de pós-graduação, não possuíam cereal integral como principal ingrediente da lista de ingredientes. Esse marketing representa um risco em potencial, devido à falta de conhecimento sobre esses alimentos pela população - que vêm consumindo cada vez mais industrializados. 

Em 2030, a taxa de brasileiro com excesso de peso pode chegar a 68%, mostra o estudo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No estudo mais recente, realizado em 2019, aponta que 55,4% dos brasileiros têm excesso de peso. 

Lista de ingredientes 

A escolha mais saudável são os alimentos minimamente processados ou in natura, ressalta o Guia alimentar para a população brasileira. Mas, caso compre produtos industrializados, Silvia Henrique de Campos explica que deve prestar atenção aos primeiros itens da lista de ingredientes.  

A lista é ordenada de maneira decrescente, do item com maior quantidade ao menor. Dessa forma, deve-se evitar os produtos que tem entre seus primeiros ingredientes gordura, açúcar e sódio. Lembrando que o açúcar pode estar disfarçado com outros nomes, como sacarose, desxtrose, glicose, lactose, rafinose, maltose, maltodextrina e xarope de glicose. 

Mudança alimentar 

 Atualmente, ela é de uma loja online chamada “Marilia Lemos Saudável”. Crédito: Divulgação/Redes sociais.

A advogada, Marília Lemos, de 56 anos, mudou seus hábitos alimentares e sua relação com a comida após ter um AVC em 2011. “Há 2 anos comecei a estudar, fazer cursos e ano passado iniciei um MBA em Nutrição, Alimentação Saudável e Empreendedorismo. Termino agora em agosto.", conta a advogada e futura nutricionista. 

“Claramente os ultraprocessados são bem mais baratos, pois de alimento não tem quase nada. Os alimentos in natura, provenientes da agricultura familiar, acabam sendo mais caros pela maneira como são produzidos e sem qualquer incentivo fiscal.”, diz Marília Lemos, sobre como a mudança alimentar impactou sua vida financeira. 

Embora exista uma visão elitista em relação aos produtos orgânicos, feiras de rua e feiras orgânicas são opções mais acessíveis para comprar produtos frescos e orgânicos. “Se tivéssemos mais divulgação das feiras de rua e feiras orgânicas, e a população desse mais valor aos alimentos in natura, alimentos de verdade, a situação poderia se inverter,” afirma a advogada, a respeito do alto consumo de industrializados.  

Atualmente, a Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC) tem cinco feiras de produtos orgânicos em Campinas. Elas são realizadas no Parque Ecológico, no Bosque do Jequitibas, Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes, no Ceasa e no Unimart Shopping. A agenda completa está disponível no site da ANV.   

Buscando disseminar seus novos conhecimentos sobre alimentão saudável,  a advogada abriu uma loja online chamada “Marilia Lemos Saudável”, que atua na região de Campinas (SP). Sua loja é destinada, principalmente, a doces funcionais e low carb, produzidos artesanalmente, com ingredientes orgânicos, sem aditivos químicos ou conservantes. Além de pães artesanais e queijos.  

Pão feito artesanalmente. Crédito: Marília Lemos.
A advogada mostra a possibilidade de fazer doces saudáveis, como brownie vegano. Crédito: Marília Lemos.

*Sob supervisão de Rose Guglielminetti. 

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