Movimento Sem Terra ocupa usina investigada por crime ambiental no Rio Piracicaba

A equipe do portal Band Multi aguarda o posicionamento da gestora da área que está sendo ocupada

*Daniel Rosa

Familías do MST em frente à Usina São José em Rio das Pedras
Comunicação MST

Famílias do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam, na manhã desta segunda-feira (7) a Usina São José, de Rio das Pedras (SP), que foi acusada pela morte de 250 mil peixes no Rio Piracicaba, em julho de 2024. A empresa que pertence ao Grupo Farias foi multada em R$18 milhões e perdeu licença para continuar suas atividades.  

A equipe do Portal Band Multi entrou em contato com a gestão da Usina São José e não obteve resposta até a publicação desta matéria. 

O MST, em nota, afirmou que pleiteia a realização da reforma agrária em áreas onde ocorreram crime ambiental, como as terras do Grupo Farias, para substituir a morte e envenenamento pela produção de alimentos saudáveis e respeito ambiental em assentamentos rurais. 

 “Nós ocupamos a Usina São José para denunciar o crime ambiental que, através a contaminação, matou mais de 250 mil peixes. Foram 50 toneladas de animais mortos retiradas por tratores aquáticos, esse crime é um absurdo! Estamos aqui para denunciar que o agronegócio representa a morte, tanto dos peixes e animais, como da vida humana porque muita gente foi afetada. A reforma agrária precisa ser realizada, nosso objetivo é produzir alimentos para a população da região de Piracicaba e Campinas, alimentos sem veneno, através da agroecologia, por isso exigimos dos órgãos responsáveis a realização de assentamentos das famílias Sem Terra nas terras da Usina São José e do Grupo Farias” relatou a Direção Estadual do MST em São Paulo. 

Peixes mortos no Rio Piracicaba 

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) relatou no laudo sobre a morte dos peixes no Rio Piracicaba, que a empresa foi a responsável por fazer uma descarga de águas residuárias industriais e mel de cana-de-açúcar no rio, o que provocou um déficit do oxigênio dissolvido da água, causando a morte de mais de 235 mil peixes na região urbana de Piracicaba (SP), em 7 de julho de 2024, e na Área de Proteção Ambiental (APA) Tanquã, em 15 de julho do mesmo ano. 

Morte de peixes no Rio Piracicaba - Créditos: Reprodução

Ainda de acordo como o documento divulgado pela Cetesb na época, foi identificada a relação direta entre o extravasamento da substância poluente pela usina e os dois episódios de mortandade de peixes.  

A pena que foi aplicada à empresa teve agravantes como omissão sobre o extravasamento de substância poluidora, o alto volume de peixes mortos e atingimento de área de proteção ambiental. Além da multa a Cetesb estabelecerá exigências técnicas e medidas corretivas por parte da usina. 

Ocupação de áreas de crimes ambientais para reforma agrágria 

Segundo a direção do Movimento Sem Terra: “Está na Constituição a destinação de áreas de crimes ambientais para a realização da reforma agrária, nós estamos aqui para exigir que as terras do Grupo Farias sejam destinadas para assentar famílias. Além do crime ambiental, a empresa possui dívidas, demonstra a insustentabilidade do agronegócio! Nós lutaremos para que aqui nasça um assentamento que proteja o Mini Pantanal, a riqueza de animais e plantas da região e do Rio Piracicaba, e junto com os pescadores garanta a recuperação ambiental e que isso nunca mais aconteça”. 

Ainda segundo a direção do MST, para provocar denúncia pública do crime cometido pela Usina São José, e pressionar o Estado para arrecadar as terras para a Reforma Agrária, o MST o ocupou a área com cerca de 400 famílias Sem Terra. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que busca realizar mobilizações de caráter massivo para fazer enfrentamento à concentração de terras no país e crimes ambientais. 

*Estagiário sob supervisão

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