Mês da Consciência Negra: empreendedor de Porto Feliz prospera negócio de produtos naturais

Eduardo Almeida abriu empório que busca valorizar a economia local

Da Redação

Mês da Consciência Negra: empreendedor de Porto Feliz prospera negócio de produtos naturais
Eduardo Almeida e familiares
Divulgação

No mês da Consciência Negra, a história de Eduardo Almeida revela a importância do acesso a recursos para empreendedores pretos e pardos. Almeida abriu um empório de produtos naturais em Porto Feliz (SP) e o objetivo foi unir o trabalho à convivência familiar e oferecer à comunidade alternativas de consumo saudável.

Filho de pais semianalfabetos, Almeida, de 56 anos, cresceu enfrentando obstáculos criados pela desigualdade social. Formou-se em Engenharia de Produção Mecânica graças a um financiamento estudantil para cursar a faculdade e trabalhou para dar uma vida digna para suas filhas, Maria Eduarda e Ana Elisa. Após trabalhar em um instituto que desenvolvia medicamentos, sentiu vontade de criar um negócio que auxiliasse na prevenção de doenças por meio da alimentação nutritiva. “Queria estimular uma mudança de estilo de vida que evitasse que as pessoas ficassem doentes e necessitassem de remédios”, afirma Eduardo.

Com o o empréstimo da linha Empreenda Afro, do Banco do Povo Paulista (BPP), o empreendedor investiu em equipamentos como computadores, balanças, refrigeradores e prateleiras.

Segundo um estudo do Sebrae com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), o número de empreendedores declarados negros aumentou 22% entre 2013 e 2023. Mesmo com esse crescimento, o acesso ao crédito é apontado como a principal dificuldade no ranking de desafios no afroempreendedorismo para 40,4% dos entrevistados pela pesquisa Afroempreendedorismo Brasil de 2021, desenvolvida pela RD Station, Inventivos e Movimento Black Money.

"O negro, muitas vezes, não tem uma base para começar a empreender, não tem recursos iniciais. No meu caso, o empréstimo foi o 'pontapé' que precisava com um rápido processo de liberação do dinheiro. Esse apoio financeiro reduz anos de dificuldades", afirma Almeida.

Entre granolas, cereais, farinhas, temperos naturais e mais de 1.500 produtos, o empresário prioriza adquirir insumos de produtores locais, começando pelo bairro, depois pela cidade e, por fim, pela região, com o intuito de fortalecer a economia local. A ideia é que seu negócio sirva de referência para as novas gerações e outros empreendedores negros.

"Minha filha, Maria Eduarda, 26 anos, trabalha comigo e, logo, minha outra filha, Ana Elisa, também trabalhará conosco. Quero que elas vejam que é possível empreender e transformar a realidade. Meu plano é expandir, abrir uma nova unidade e buscar novamente o apoio do Banco do Povo. A longo prazo, pretendo transformar a loja em uma franquia. Penso grande, porque, se pensar pequeno, o negócio continuará pequeno”, acredita.

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