A Prefeitura de Vinhedo (SP) abriu um processo administrativo para investigar a conduta de um médico que pediu para deixá-lo dormir e se recusou esclarecer dúvidas da família de uma mulher, de 70 anos, que chegou morta na Policlínica, no bairro Capela, no último domingo (7). Ele foi afastado preventivamente do cargo nesta terça-feira (8). O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também apura o caso.
O caso veio a público após um vídeo ser divulgado nas redes sociais, no qual o médico está numa sala de descanso e é procurado por uma enfermeira. Ela pede para ele esclarecer uma dúvida sobre a mulher que chegou morta na unidade médica e ele responde: “Não quero saber…ela está morta, não tem mais nada para conversar. [...] . Deixa eu dormir, ela já morreu, não tem mais nada para fazer por ela. ”
A Prefeitura de Vinhedo (SP) manifestou “repúdio total pela falta de empatia do profissional” e afirmou que o comportamento do médico não representa todos os servidores. O nome do médico não foi divulgado e as apurações correm sob sigilo, determinado por Lei, e seguem os prazos processuais previstos no Código de Processos Ético-Profissionais (CPEP) do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Vale ressaltar que, do ponto de vista legal, os médicos têm direito a descanso, desde que não haja pacientes necessitando de atendimento de urgência/emergência, como prevê o parecer CREMEC nº 11/2021, do Conselho Federal de Medicina (CRM).
Atualmente, os profissionais têm direito a 1 hora de descanso em plantões de 6 horas, além de intervalos de 15 minutos a cada 3 horas de trabalho para ir ao banheiro e se hidratar.
Desavenças políticas
Após a repercussão do caso, o vice-prefeito Edson PC (PSB) divulgou nas redes sociais um vídeo criticando os médicos da cidade, no qual acusa os profissionais de dormirem durante o plantão e não atenderem os pacientes. Ele também alega que o prefeito Dr. Dario Pacheco (PTB) encobre a situação e moveu uma ação para impedi-lo de entrar em unidades de saúde.
Diante das acusações, a prefeitura divulgou uma nota alegando que os próprios profissionais de saúde se mobilizaram e apresentaram junto ao Executivo uma reclamação formal pelos excessos cometidos pelo vice-prefeito Edson PC (PSB). Os funcionários relatam que, rotineiramente, o político adentrava indiscriminadamente nos mais variados espaços públicos expondo funcionários e munícipes por onde passava.
Após o pedido, o município moveu uma ação judicial contra o vice-prefeito. A Justiça aceitou a denúncia e o político foi impedido de expor a imagem de pacientes e funcionários, direito protegido por Lei Federal.