Liberação de R$ 3 mi foi pedida pelo ganhador da Mega-Sena, revelam áudios

Polícia Civil também investiga a participação de uma empresa no crime, onde parte do dinheiro da vítima teria sido depositado

Amanda Florentino

A Polícia Civil investiga uma conta bancária jurídica para onde pode ter sido transferida parte do dinheiro da vítima, Jonas Lucas Alves Dias, ganhador de R$ 47 milhões na Mega-Sena em 2020, encontrado morto na última quarta-feira (14). Além disso, a polícia confirmou que fazem parte das investigações, agora, áudios enviados por Jonas ao gerente de seu banco, no momento em que a vítima estava sob poder dos criminosos, pedindo que fosse liberada a transferência de R$ 3 milhões de sua conta bancária.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, o crime foi cometido por quatro pessoas. Duas delas, Rogério de Almeida Spínola e Samuel Messias Pereira Batista, mulher trans, de nome social Rebeca, já estão presas. Continuam foragidos Marcos Vinicyus Sales, conhecido como “Vini”, e Roberto Jeferson da Silva, o “Gordo”.

A polícia já sabe que parte do dinheiro transferido da conta de Jonas pelos outros suspeitos foi para uma conta de Rebeca. Agora, a investigação trabalha para confirmar que o restante do dinheiro foi depositado na conta de uma empresa. 

“O que nos aparenta é que esse crime foi feito por pessoas que não estavam preparadas para esse tipo de crime”, informou Cleber Altale, diretor do Deinter 9.

Segundo a delegada Juliana Ricci, titular da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), os áudios enviados por Jonas ao gerente do banco pedindo que fosse autorizada a transferência de R$ 3 milhões foram gravados quando a vítima já estava sequestrada e sob poder da quadrilha. 

"Ele estava subjugado, isso nós temos certeza. Pede transferência bancária, que obviamente foi negada porque o valor era irreal para ser transferido sem ser presencialmente", disse a delegada Juliana Ricci.

Jonas teria ficado cerca de 20 horas em poder dos criminosos, que conseguiram retirar o valor de R$ 20,6 mil de sua conta, através de saques e pix, antes de ser abandonado na Rodovia dos Bandeirantes, em Hortolândia. 

Detalhes do crime

As investigações apontaram que o crime foi praticado por ocupantes de dois veículos, sendo um Ford/Fiesta, na cor preta, e uma caminhonete/Chevrolet ST10, de cor prata. Quem dirigia a caminhonete, carro onde foi colocada a vítima, era Vini, de 22 anos, que tem passagem pela polícia por recepção. Jonas teria sido abordado por volta das 6h da manhã de quarta-feira (14). 

A delegada que investiga o caso, Juliana Ricci, aponta as circunstâncias que levaram a morte de Jonas Lucas por traumatismo craniano:

“O grupo usou de extrema violência para conseguir os dados bancários da vítima, como a senha. Ele ficou desacordado em razão dessa violência. Foi encontrado horas depois às margens da rodovia”.

“Gordo” é o proprietário do Fiesta e Marcos Vinicyus é dono da caminhonete. Ambos estão foragidos. Já foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa dos dois. 

O Fiesta foi utilizado para levar os bandidos até a agência bancária onde foram realizados os saques e a habilitação do aplicativo para movimentação via Pix. 

As câmeras de segurança mostraram que foi Vini que habilitou, junto ao caixa eletrônico, o aplicativo de telefone para movimentar a conta bancária da vítima. Neste momento, ele fez dois saques de R$ 1 mil. Também foi constatada uma transação de R$ 18,6 mil. 

Rogério, que está preso, negou que tenha participado, de acordo com a delegada. 

Ainda segundo a polícia, foram realizadas quebras de sigilo bancário e telefônico, busca de imagens de câmeras de segurança e cumprimento de dois mandados de busca e apreensão.

Quem é o ganhador assassinado?

Jonas Lucas Alves Dias ganhou R$ 47 milhões da Mega-Sena em setembro de 2020. Apesar disso, continuou vivendo no mesmo bairro. Ele reformou sua casa, porém continuou morando no mesmo bairro e manteve a mesma rotina que tinha antes de se tornar um milionário. Ele não escondia, no entanto, que havia ganhado na loteria.

Jonas desapareceu na última terça-feira (13). Ele foi encontrado no dia seguinte com marcas de espancamento às margens da Rodovia dos Bandeirantes (SP-101), em Hortolândia (SP), chegou a ser socorrido, mas faleceu no hospital Mário Covas. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Americana, aponta que a causa da morte do homem, de 55 anos, foi traumatismo craniano