Levantamento divulgado na última quarta-feira pelo LinkedIn - rede social voltada aos negócios - mostrou que quatro em cada 10 pessoas LGBTQIAP+ relatam ter sofrido discriminação no ambiente de trabalho. O porcentual é maior do que o do levantamento de 2019, o primeiro feito pela rede: lá, 35% relataram ter sofrido preconceito no trabalho.
O estudo mostra também que 8 em cada 10 pessoas LGBTQIAP+, grupo que inclui lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, queer, intersexuais, assexuais e pansexuais, se sentem confortáveis para compartilhar a identidade de gênero e a orientação sexual no ambiente de trabalho. Por causa da exposição, 43% dizem já ter sido vítima de preconceito, principalmente por meio de piadas e comentários homofóbicos.
Os pesquisadores entrevistaram também pessoas heterossexuais. Entre esse grupo, 60% disseram trabalhar com pessoas LGBTQIAP+ e mais da metade, 53%, disse que já presenciou ou ouviu falar de alguma situação discriminatória devido à orientação sexual ou identidade de gênero de colegas. Os cenários mais presenciados foram em relação a xingamentos, piadas e comentários inapropriados feitos direta ou indiretamente a essas pessoas.
O líder do comitê de diversidade do LinkedIn no Brasil, Gabriel Joseph, diz que os dados não necessariamente mostram um aumento da discriminação, mas uma maior conscientização. “Realmente aumentou a discriminação ou será que estamos mais treinados para observar quando isso acontece? Será que desde 2019 a gente tem falado mais sobre isso e jogado mais luz sobre esse tema, de forma que quando a gente faz essa pergunta de novo as pessoas entrevistadas conseguem entender que já passaram por isso, que já foram alvo de piada que hoje sabem que são homofóbicas ou transfóbicas?”, questiona.
Joseph ressalta que, atualmente, as empresas estão mais preocupadas com diversidade e que o tema não é mais uma exceção, mas sim a regra entre as companhias. “Empresas que são diversas, são vistas por profissionais como empresas onde eles querem trabalhar. Isso facilita o trabalho de contratação e retenção. Existe também um ganho gigantesco que é, em primeiro lugar, a capacidade de resolver problemas de formas diferentes. Quando se tem um time com cenários de criação com origens totalmente diferentes, problemas idênticos são encarados de outras formas. A gente consegue chegar a soluções melhores”, diz.
O levantamento mostra também que, entre o público heterossexual e cisgênero, 69% acreditam que as empresas em que trabalham apoiam a diversidade e colocam em prática ações para a promoção de igualdade. Quando considerado apenas as pessoas LGBTQIAP+, esse percentual cai para 53%.
De acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados acreditam que deveria haver punição para quem comete discriminação no ambiente de trabalho por causa da orientação sexual de colegas. Além disso, 80% acham importante que a empresa se posicione na promoção da igualdade.
“Não adianta só lembrar que a empresa é diversa no dia 28 de junho [Dia Internacional do Orgulho LGBT], esse é um trabalho que precisa ser cotidiano, precisa ser incorporado pela empresa de fato. Têm questões que se intercruzam. Têm pessoas LGBT que também são negras, que também são pessoas com deficiência, que são da terceira idade. Quando a empresa vai trabalhar com essas questões, precisa intercruzar todas as nuances desses indivíduos e trabalhar para que realmente haja diversidade”, diz o diretor sociocultural do Grupo Arco-Íris e coordenador municipal no Rio de Janeiro da Aliança Nacional LGBTI+, Julio Moreira.
Pesquisa
Ao todo, a pesquisa do LinkedIn fez 1.181 entrevistas online, entre 6 e 20 de maio de 2022, sendo 1,1 mil com profissionais LGBTQIAP+ e, as demais, com heterossexuais. Os entrevistados têm idades entre 18 e 60 anos e são de todas as regiões do Brasil. A margem de erro para a amostragem geral é de 2,9 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi feita em parceria com a Opinion Box. A pesquisa pode ser conferida, na íntegra, na internet.
O LinkedIn é, atualmente, a maior rede social profissional do mundo, conta com mais de 830 milhões de usuários e está presente em mais de 200 países. No Brasil, a rede contabiliza 56 milhões de usuários.