Distrito de Barão Geraldo volta a realizar a Festa do “Boi Falô”

Evento acontece depois de dois anos por causa da pandemia

Por Edison Souza

Festa tradicional de volta
500 kg de macarrão

Depois de dois anos, em virtude da pandemia, o Distrito de Barão Geraldo conviveu nesta sexta-feira (15) com a tradicional Festa do Boi Falô. O evento começou às 10h e, como destaque, teve a tradicional macarronada acompanhada de apresentações culturais. Participaram o grupo A Camaleoa Produções, o grupo As Caixeiras das Nascentes e o grupo Savuru. 

A programação também ofereceu contação de histórias a cargo de Ulisses Junior e a participação da CEI Agostinho Pattaro, com a apresentação do resultado de um estudo sobre a lenda. 

Essa foi a 26ª edição da Festa do Boi Falô. Uma fila enorme de pessoas ficou à espera para consumir o prato principal para o qual foram arrecadados 500 kg macarrão, 100 litros de molho, 15 kg de queijo, 400 litros refrigerante sem contar a água.

 A lenda

O evento é considerado a maior celebração popular do Distrito de Barão Geraldo sendo que a lei nº 8907 tornou oficial a Festa do Boi Falô, que passou a integrar o Calendário Oficial do Município de Campinas. 

 Por se tratar de uma lenda, há várias versões do Boi Falô, que são contadas de diferentes maneiras. Moradores de Barão Geraldo, da Comissão Pró-Memória de Barão Geraldo, têm uma versão que não contém a figura do Toninho nem a do Barão Geraldo de Rezende. 

Segundo esses moradores do distrito, o episódio ocorreu no Capão do Boi, que era um pequeno bosque na entrada de Barão Geraldo, derrubado para a construção, por volta de 1974, da Avenida Romeu Tórtima, no passado conhecida como Avenida 1.

 De acordo com esses moradores, a versão da lenda tradicional conta que, numa Sexta-Feira da Paixão, um capataz da Fazenda Santa Genebra pediu a um caboclo, escravizado ou empregado (existem as duas versões), que fosse buscar uns bois que ficaram deitados no Capão do Boi. O escravizado (ou empregado que, em uma das versões era um adolescente que estava acompanhado pelo seu cachorro) foi até o Capão do Boi com uma vara e, lá chegando, começou a tocar os bois. Com a insistência, um dos bois bradou: “Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”.  

O rapaz, assustadíssimo, correu de volta para contar o fato ao capataz, que não acreditou. Depois de brigar com ele, foi junto (a cavalo) até o Capão do Boi e mandou o rapaz tocar o boi. Ao ser tocado, o boi novamente disse: “Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”. Apavorados, o capataz e o rapaz retornaram para a Fazenda, e o capataz decidiu ir para sua casa, onde não saiu mais naquele dia. 

A versão com Toninho e o barão

A festa foi criada em 1988 para comemorar o centenário da Abolição, já que a lenda do Boi Falô também é popularmente contada na história do escravizado Toninho, forçado a trabalhar numa Sexta-Feira Santa. Ele obedeceu e, chegando ao pasto, o boi olhou para ele e disse: "Toninho, hoje não é dia de trabalhar, hoje é dia de se guardar".  

 O escravizado correu para a sede da Fazenda gritando: “o boi falô, o boi falô!” e contou o que havia acontecido e, naquele dia, ninguém trabalhou. O capataz, que era homem descrente, virou rezador, e Toninho virou pessoa de confiança do Barão Geraldo de Rezende, trabalhando dentro da casa até sua morte, quando foi enterrado ao lado do Barão por seus serviços prestados à família.

 No dia de Finados, o túmulo de Toninho é um dos mais visitados na cidade.

 Programação

 10h – Contação de histórias com Ulisses Junior – A Lenda do Boi Falô

 10h30 – Espetáculo Teatral com o Grupo Camaleoa – A Lenda do Boi Falô nas Terras do Barão

 11h30 – A Congada Rosário das Caixeiras das Nascentes

 12h – Benção do Macarrão

 12h30 - Contação de histórias com Ulisses Junior – A Lenda do Boi Falô

 13h - Espetáculo Teatral com o Grupo Camaleoa – A Lenda do Boi Falô nas Terras do Barão

 14h – Intervenção literária com Ulisses Junior

 14h30 – Apresentação do espetáculo Dançando as Raízes Afro Brasileiras, com o Grupo Savuru

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