A estudante brasileira Silvia Perez mora há sete anos em Londres. Ao Band Multi, ela contou como tem sido o clima desde a quinta-feira (08/09), data da morte da rainha Elizabeth 2ª:
O que a rainha Elizabeth 2ª representou para o Reino Unido e para o mundo?
A morte, aos 96 anos, da Rainha Elizabeth 2ª, foi um dos assuntos mais comentados nesta quinta-feira (08/09). Mas, o que a figura da rainha representou para o Reino Unido e o mundo? “Primeiro, ela teve o segundo reinado mais longo da Europa. Por um ano e meio, não empatou com Luís XIV, o ‘Rei Sol francês’. Rainha Elizabeth permaneceu 70 anos no poder”, comenta a professora de Relações Internacionais, na faculdade Athon Ensino Superior, em Sorocaba, Denise Lícia Boni.
De acordo com Denise, a rainha teve um papel importante na estabilização não só do Reino Unido, mas também da Europa, em um contexto de pós-guerra, mas principalmente de Guerra Fria e nos processos de descolonização. “É essencial lembrar que o Reino Unido tinha inúmeras colônias, que foi um dos incentivadores do Apartheid, na África do Sul, e de diversos conflitos por posse colonial”, diz Denise. “Para o Reino Unido, foi um ponto de estabilidade ao longo de diversos governos e diversas turbulências políticas”, complementa a professora.
Para o mundo...
“Para o mundo, a rainha teve a responsabilidade de ter sido uma liderança firme nos períodos mais longos e turbulentos da história e de ter passado por outros tantos”, afirma Denise.
Segundo ela, a morte da rainha, neste momento, “parece que aumenta mais o abismo democrático, já que vemos muitos líderes populistas e extremistas ganhando espaço na Europa e no mundo. Ao mesmo tempo dá uma dimensão de enfraquecimento do continente depois de séculos de dominação”, explica a professora.
“A Europa do pós-Guerra Fria enfrenta não só a crise energética por causa da guerra na Ucrânia, mas uma crise de limites e fronteiras do continente, o Brexit, o ressurgimento do fascismo e outros problemas que seria bom que fossem enfrentados por um líder ponderado. E era esse o caso. Fato é que a história pessoal mostra que o agora rei Charles 3° vai ter um pouco mais de dificuldade em se posicionar como tal”, afirma Denise.
Na opinião da professora, Charles é ainda bastante impopular. “Mas a rainha vinha fazendo um processo de ‘treinamento’ com ele e uma discreta transferência de responsabilidades e participações oficiais”, comenta Denise.
Edição do vídeo: Ricardo Cavalcanti