Campinas registra reduções de infecções por HIV e mortes provocadas pela aids

Educação sexual, testagem para ISTs e cuidados de prevenção são a resposta para a redução, aponta especialista

Por Da redação

Campinas registrou diminuições de casos de infecção por HIV
Carlos Bassan/PMC

A Secretaria de Saúde de Campinas (SP) informou, nesta quarta-feira (4), que registrou diminuições de casos de infecção por HIV e de mortes provocadas pela aids entre 2023 e 2024. O levantamento integra o Dezembro Vermelho, campanha dedicada à luta contra o HIV, aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) com alertas de prevenção, assistência e proteção de direitos.

HIV

A médica infectologista Valéria de Almeida destacou que a redução de casos de infecção pelo HIV em Campinas demonstra o esforço da Pasta em implementar ações educativas e outras iniciativas para incentivar a testagem para todas as ISTs e cuidados em prevenção, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e Profilaxia Pós-Exposição (PEP).


Casos de infecção por HIV (geral)

  • 2013 - 182
  • 2014 - 241
  • 2015 - 286
  • 2016 - 305
  • 2017 - 253
  • 2018 - 227
  • 2019 - 185
  • 2020 - 138
  • 2021 - 135
  • 2022 - 192
  • 2023 - 216
  • 2024 (dados sujeitos à revisão) - 167
     
  • Total de 2013 a 2024 - 2.527
  • Média de 2013 a 2024 - 210,5



Infecção por HIV (por sexo)
 

  • 2023 - 56 feminino e 160 masculino
  • 2024 - 29 feminino e 138 masculino
     
  • Total de 2013 a 2024 - 501 feminino e 2.026 masculino

Infecção pelo HIV por ano de diagnóstico (por faixa etária)

Homens - 2023 

  • 13-19 anos - 6
  • 20-29 anos - 75
  • 30-39 anos - 47
  • 40-49 anos - 20
  • 50 anos ou mais - 12

Homens - 2024

  • 13-19 anos - 5
  • 20-29 anos - 57
  • 30-39 anos - 43
  • 40-49 anos - 20
  • 50 anos ou mais - 13


Mulheres - 2023

  • 13-19 anos - 2
  • 20-29 anos - 18
  • 30-39 anos - 17
  • 40-49 anos - 9
  • 50 anos ou mais - 10


Mulheres - 2024

  • 13-19 anos - 1
  • 20-29 anos - 4
  • 30-39 anos - 11
  • 40-49 anos - 8
  • 50 anos ou mais - 5


Formas de contágio por HIV, PrEP e PEP

• Por relações sexuais (anal e vaginal). A transmissão oral tem risco reduzido de forma expressiva;

• Da mãe portadora do HIV para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação. A gestante portadora do HIV, se diagnosticada e tratada adequadamente, não transmite o vírus;

• Compartilhar instrumentos perfurocortantes sem esterilizar antes, como seringas e alicates de unha. A prevenção da infecção pelo HIV pode ser feita com práticas sexuais seguras (uso de preservativos externos e internos), uso de profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP), e profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). Pessoas portadoras do HIV em tratamento por mais de seis meses e com carga viral indetectável não transmitem o vírus através de relação sexual.

PrEP

Campinas é a segunda cidade do Estado com maior número de pessoas em uso da PrEP. Ela é ofertada pela rede municipal desde 2018, ano em que o método foi incorporado ao SUS pelo Ministério da Saúde. O objetivo é evitar infecção pelo vírus causador da aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) em caso de exposição.

Desde aquele ano, 2.983 pessoas iniciaram a PrEP no Município. Nos últimos 12 meses 2.072 pessoas fizeram uso da profilaxia e, neste momento, são 1.571 em tratamento.

A PrEP combina dois medicamentos antirretrovirais (tenofovir e entricitabina) que bloqueiam alguns "caminhos" que o HIV usa para infectar o organismo. Eles são disponibilizados pelo SUS Municipal em dois locais: no Centro de Referência em IST, HIV/Aids e Hepatites Virais, e no Centro de Saúde (CS) Santos Dumont, onde há o Ambulatório Transcender - centro de referência para assistência integral à saúde da população transexual.

PEP

Já a PEP é uma medida de prevenção de urgência para ser utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV que consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos nas seguintes situações: violência sexual; relação sexual desprotegida e acidente ocupacional (instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). 

Ela é ofertada aos pacientes do SUS Municipal em dias úteis no Centro de Referência HIV/Aids, no horário da unidade, enquanto que nos demais períodos e aos finais de semana e feriados, está disponível no pronto-socorro do Hospital Mário Gatti. 

Vale destacar que há dispensação por outros serviços de saúde aos funcionários vítimas de acidente ocupacional ou pacientes que estejam nas condições para indicação de uso da profilaxia. O Caism da Unicamp é a referência para vítimas de violência sexual.


PEP – dispensações no SUS Municipal + Mário Gatti

  • 2018  - 944
  • 2019  - 1.181
  • 2020  - 1.059
  • 2021  - 1.192
  • 2022  - 1.445
  • 2023  - 1.734
  • 2024  - 1.800


Perfil

  • 2023 - violência sexual (1%), exposição material biológico (16%) e exposição sexual consentida (83%) 
     
  • 2024 – violência sexual (1%), exposição material biológico (19%), exposição sexual consentida (79%) e outros riscos (1%).

Centro de Referência em IST, HIV/Aids e Hepatites Virais funciona na região central de Campinas (Crédito: Carlos Bassan)

Aids

Quando pessoas portadoras do HIV não realizam tratamento, elas podem desenvolver aids e apresentam risco de adoecimento e morte.

Valéria alertou para o aumento de casos de aids entre 2023 e 2024, mas ponderou que a quantidade ainda é inferior à média anual verificada desde 2013. Além disso, houve redução de mortes pela doença e o número também é o menor na série histórica analisada. 

Casos de aids
 

  • 2013 - 271
  • 2014 - 221
  • 2015 - 210
  • 2016 - 217
  • 2017 - 206
  • 2018 - 156
  • 2019 - 100
  • 2020 - 83
  • 2021 - 91
  • 2022 - 130
  • 2023 - 80
  • 2024 (dados sujeitos à revisão) - 97
     
  • Total de 2013 a 2024 - 1.862
  • Média de 2013 a 2024 - 155,1


Casos de aids por sexo
 

  • 2023 - 11 feminino e 69 masculino
  • 2024 - 24 feminino e 73 masculino
     
  • Total de 2013 a 2024 - 446 feminino e 1.416 masculino



Mortes por aids
 

  • 2013 - 76
  • 2014 - 104
  • 2015 - 88
  • 2016 - 97
  • 2017 - 73
  • 2018 - 74
  • 2019 - 48
  • 2020 - 54
  • 2021 - 77
  • 2022 - 54
  • 2023 - 58
  • 2024 - 35 (dados sujeitos à revisão)


“Tem se observado tendência de redução do número de óbitos por aids e isso é resultado da disponibilidade de tratamento no SUS. No entanto, ainda há óbitos por aids em pacientes que fazem o diagnóstico tardio, ou seja, que nunca haviam antes realizado um exame para HIV. É importante que as pessoas que têm vida sexual ativa realizem sempre exames para infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV”, destacou Valéria de Almeida.


Serviço

O Centro de Referência em IST, HIV/Aids e Hepatites Virais funciona na Rua Regente Feijó, 637, no Centro. Ele funciona de segunda a sexta, das 7h às 20h, exceto na quinta, das 14h às 15h, quando há limpeza do pátio e reunião de equipe.

Já o CS Santos Dumont está na Rua José Pinto da Silva, 81, Jardim Itatinga. Ele funciona de segunda a sexta, das 7h às 18h.

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