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Vítima de violência doméstica acredita em "propósito divino" e compartilha relato doloroso

Leia mais uma história do "Quem Ama Não Esquece"

Da redação

Vítima de violência doméstica acredita em "propósito divino" e compartilha relato doloroso
Quem Ama Não Esquece
Reprodução/Freepik

Daiana viveu um casamento com um homem que a explorava, não trabalhava e não se importava com as finanças da casa. Após engravidar e descobrir que ele tinha outra, ela decidiu se separar e criar seu filho sozinha.

Anos depois, a moça conheceu o Willian, um homem carinhoso e trabalhador, mas, de novo, ela sofreu com um comportamento controlador da parte dele. E mais agressão. 

Daiana achava que o problema era com ela e procurou uma igreja que a fez acreditar que a sua missão era ser mais compreensiva e paciente no casamento.

Mesmo com as dificuldades, hoje, ela continua tentando ser a esposa que ele esperava, acreditando que todo o sofrimento tem um propósito na família. 

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A verdadeira força não é resistir à dor, mas suportar o impossível com amor incondicional, acreditando que a paciência e a entrega são o caminho para a transformação…

Antes de conhecer o Willian, eu vivi o inferno. Eu fui casada com um homem que me explorava. Ele detestava trabalhar, nunca parava em um emprego e não tava nem aí se a gente tava ou não conseguindo pagar as contas.

Eu, que trabalhava como diarista de segunda a segunda, ainda me virava para trazer mais dinheiro para nossa casa. Quando eu engravidei do nosso filho, eu quase enlouqueci. O meu ex-marido parecia não se importar com o fato de que ele seria pai e continuou o mesmo encostado de sempre.

Eu tentei segurar o meu casamento por muito tempo, mas quando eu descobri que além de tudo ele ainda tinha outra mulher, eu não aguentei e pedi a separação. Não foi fácil dar conta de criar o meu filho sozinha e ainda ter que trabalhar o dia todo na rua, mas sabe como é... 

Só Deus sabe como, mas a gente sempre dá um jeito. Quando o Micael, meu filho, tava com 3 aninhos, eu conheci o Willian e vi que eu tinha tirado a sorte grande.

Ele era bonito, alto, tinha um jeito protetor, daqueles que trata a mulher como uma rainha, sabe? Mas o que mais me encantou mesmo nele foi que eu vi, desde o começo, que ele era um homem trabalhador. Isso sim encheu os meus olhos.

Eu tinha um pouco de medo de me relacionar por conta do meu filho, mas o Willian, além de tudo, era ótimo com o Micael. A primeira vez que eles se viram, foi a coisa mais linda.

O Willian era carinhoso, atencioso, divertido. Meu filho ficou apaixonado por ele — assim como eu também. Por isso, mesmo apreensiva, eu resolvi me entregar àquele amor.

Ele era tão carinhoso! Me mandava mensagem de bom dia, me chamava de princesa, dizia que nunca tinha conhecido alguém como eu. É uma sensação boa ser "a escolhida", né? Ô se é!

Depois de poucos meses, eu e o Micael nos mudamos para a casa dele e foi só aí que eu fui percebendo que o Willian era um homem ciumento.

Ele não admitia que eu saísse sozinha e queria saber sempre onde eu estava e com quem. Ele dizia que era só porque se importava muito comigo e eu achava bonito.

Eu nunca tinha tido alguém que se preocupasse comigo assim. O me sex-marido nunca ligou pra mim e eu gostava de ter alguém que se importasse.

Mas o primeiro sinal não demorou... Um dia eu saí com a minha prima para tomar um sorvete e não avisei o meu marido. Quando eu cheguei, ele tava me esperando com a cara fechada.

Willian: Eu não gosto dessas coisas, Daiana.

Daiana: Desculpa, meu amor. Foi só um sorvete, nada demais. O Micael tava junto e...

Willian: Você tem que me respeitar! E eu não gosto que você fale que não é nada demais. Eu que sei se é demais ou não.

Daiana: Calma, Willian. Eu já cheguei. Desculpa. Não vai mais acontecer. 

Willian: Eu acho bom, Daiana. Eu acho bom mesmo. Eu não sou otário, tá bom?

Enquanto ele falava, ele segurava o meu braço com força. Doeu. Doeu bastante, mas eu soltei um riso de nervoso, pedindo desculpa e, no fundo, achei que tava tudo certo.

No dia seguinte, ele ainda apareceu com um buquê de flores e pediu desculpa, dizendo que tinha muito medo de me perder e ainda me pediu em casamento.

Ai, meu deus, como eu fiquei feliz. A gente morava junto, mas casar mesmo, com tudo o que eu tinha direito, era um sonho, porque eu não tinha tido isso nem no meu primeiro relacionamento.

A cerimônia foi super emocionante e a festa maravilhosa. O Micael levou as alianças e o Willian até chorou. Desde esse dia, ele passou a chamar o Micael de filho também.

Eu tava me sentindo realizada. Finalmente um homem decente, bom, honesto e trabalhador. Aliás, o Willian vivia insistindo para eu parar de trabalhar como diarista porque era muito puxado e ele poderia dar conta de sustentar a casa sozinho.

Willian: Meu amor, eu odeio te ver tão cansada. Você chega em casa morta de cansaço, mal consegue jantar direito.

Daiana: Hoje foi pesado mesmo. Fiz faxina numa casa de três andares, mas pelo menos recebi um dinheiro bom.

Willian: E vale a pena? Vale a pena se matar desse jeito? Daiana, eu não suporto mais isso. Você não precisa se sujeitar a uma coisa dessas. Eu tenho dinheiro para pagar as contas.

Daiana: Eu sei, mas eu não quero ser uma encostada, Willian. Eu já fui casada com um homem que não me ajudava em nada e eu sei como é ruim. 

Willian: Mas eu sou homem. É diferente. É dever do homem cuidar da família. Aquele seu ex-marido não era homem de verdade, mas eu sou. Você não precisa se preocupar com dinheiro, só com o nosso lar, com o Micael… comigo.

Daiana: Eu gosto de trabalhar. Me faz sentir útil.

Willian: E eu gosto de cuidar de você. Me parte o coração ver a mulher que eu amo se matando por tão pouco. Você é delicada, não merece isso. Quero você descansada, bonita, feliz. A gente já tem tudo, não precisa se desgastar assim.

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