Marido cogita abandonar esposa com esclerose múltipla; opine neste relato

Confira mais uma história do "Quem Ama Não Esquece"

Marido cogita abandonar esposa com esclerose múltipla; opine neste relato
Quem Ama Não Esquece
Freepik

Wagner se apaixonou pela Jamile. Eles se casaram e planejaram uma vida juntos, mas tudo virou de cabeça para baixo quando sua esposa foi diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença rara e sem cura.

Com o tempo, Jamile perdeu a capacidade de realizar atividades simples e Wagner começou a sentir o peso de ser o seu único cuidador e suporte.

Ele tentou ser forte, mas aos poucos começou a formular a ideia de abandonar a mulher que ainda amava porque quer viver e ter novas experiências.

O rapaz da história de hoje se sente preso e não sabe mais quanto tempo vai conseguir aguentar essa dor. Wagner veio ao programa da Band FM para compartilhar uma decisão difícil: cuidar da esposa ou ter a chance de curtir mais a vida?

Leia o relato do Quem Ama Não Esquece:

Eu te prometi o "para sempre", mas ninguém me avisou que o "para sempre" poderia ser uma prisão

Eu conheci a Jamile em um dia qualquer — ou era para ser. No momento em que eu a vi rindo com uns amigos, jogando o cabelo para o lado… Ah, eu soube que alguma coisa tinha mudado para sempre dentro de mim.

Não é que tenha sido amor à primeira vista (eu nem acredito nessas coisas), mas eu tive uma certeza absoluta de que precisava daquela mulher na minha vida.

A gente se conheceu, se apaixonou e o resto simplesmente aconteceu. O namoro aconteceu, o noivado também e, depois, o noisso casamento.

Com ela, passei a sonhar uma vida de homem de família com uma casa grande e filhos que a gente só queria ter depois de alguns anos, mas que, com certeza, viriam.

Os anos foram passando, e a gente se encaixava cada vez mais. A Jamile sempre foi daquelas mulheres que iluminavam o lugar. Não só pela beleza, que ela tinha de sobra, mas pela presença.

Ela falava com todo mundo, conquistava a qualquer um, e tinha uma energia que puxava todas as atenções. E eu adorava ser puxado por ela. Nosso casamento era simples, mas muito feliz. 

A gente amava fazer planos, planos grandes, planos pequenos... E quanta coisa a gente foi realizando juntos: viagens, carro, estabilidade financeira, um apartamento!

Logo viriam os filhos. A gente não tinha pressa, até porque queríamos curtir a vida antes e tempo era o que não faltava, mas já falávamos sobre nomes, sobre a personalidade deles.

Eu acreditava que nada poderia dar errado... Tudo parecia seguir o roteiro certo, até que não seguiu mais.

No começo, aconteciam eram coisas pequenas, quase imperceptíveis: a Jamile derrubava copo, tropeçava nos tapetes que sempre estiveram ali... 

Jamile: Deus do céu, como eu ando desastrada. Olha só! Mais um prato quebrado. É o segundo essa semana. 

Wagner: Anda mesmo! Parece até que bebeu, meu amor.

Jamile: Falaram isso no escritório também. Outro dia fui levantar e simplesmente caí sentada, acredita? 

Wagner: Você anda trabalhando demais. Isso é cansaço. 

Jamile: Você tem razão, viu? Eu preciso mesmo de uns dias de descanso.

No começo a gente dava risada, mas aí... Parou de ser engraçado. O cansaço virou fraqueza e a Jamile, que sempre foi tão cheia de energia, se sentia cada vez mais cansada e com muitas dores nas pernas.

Eu ainda achava que era só excesso de trabalho, mas, por mais que ela dormisse bem e descansasse, ela continuava com esses sintomas estranhos.

Quando eu dizia alguma coisa, ela minimizava e dizia para eu parar de me preocupar com bobagem. Só que a "bobagem" foi crescendo — a ponto de ela mesma se assustar com as dores que estava sentindo na perna.

Eu conhecia a Jamile com a palma da minha mão e eu sabia que alguma coisa de muito errado estava acontecendo. Sentia uma pontada de medo no meu peito, mas eu acho que não queria acreditar que fosse algo tão sério.

Até que, uma hora, nós não pudemos mais tapar o sol com a peneira e fomos ao médico. Depois de muitos exames e testes, tudo desabou rápido demais.

Veio o diagnóstico e parecia que eu estava assistindo a uma cena de filme. Quando o doutor disse aquelas três palavras, eu percebi que nada mais seria igual: Esclerose Lateral Amiotrófica. 

A Jamile, que tinha apenas 32 anos, tinha ELA, uma doença rara, degenerativa e sem cura. Eu vi o choque no rosto da minha esposa e imaginei que o meu estava igual.

Só consegui pensar que a vida que a gente tanto sonhava em ter juntos, estava desaparecendo bem diante dos meus olhos…

Ouça o relato completo e opine nos comentários:

Tópicos relacionados

Mais notícias