A ex-deputada federal Joice Hasselman disse que o senador Hamilton Mourão (Republicanos), vice-presidente da República durante o mandato de Jair Bolsonaro, confidenciou sobre a existência de um documento que autorizaria um golpe de Estado em caso de perda do poder pelo grupo político bolsonarista.
Em entrevista ao programa Estação Band FM na noite desta terça-feira (26), a ex-parlamentar disse que um dia antes de deixar o cargo de líder do governo no Congresso, ela foi chamada pelo ex-vice-presidente.
Segundo ela, Mourão afirmou que existia um documento que só faltava ser assinado, caso o ex-presidente quisesse permanecer no poder. “Tá na gaveta”, teria dito o senador.
A reportagem da Band entrou em contato com a assessoria do senador Hamilton Mourão, para um posicionamento do parlamentar.
Até o fechamento deste texto, não obtivemos resposta. Caso o senador envie sua resposta, esse texto será atualizado.
Joice contava porque abandonou a liderança de governo e rompeu com o bolsonarismo quando disse que o ex-vice-presidente teria conhecimento sobre o documento.
Joice Hasselman foi a deputada federal mais votada do país nas eleições de 2018 pelo PSL, então partido de Bolsonaro. Ela rompeu com o governo do ex-presidente em outubro de 2019.
O que se sabe sobre possível golpe de Estado de Bolsonaro
- O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em delação premiada à Polícia Federal que o político teria consultado os militares sobre um possível golpe de Estado.
- Em depoimento, Cid disse que testemunhou um encontro entre o ex-presidente e comandantes das Forças Armadas.
- A Band apurou que o general Marco Antônio Freire Gomes, do Exército, e o brigadeiro Batista Júnior, da Aeronáutica, se posicionaram contra a proposta de golpe.
- O comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria se colocado à disposição.
- Bolsonaro teria avaliado que só o apoio da Marinha não seria o suficiente.
- Na reunião em questão, uma minuta de golpe teria sido apresentada pelo então presidente.
- No documento, estavam previstas novas eleições e prisão de adversários de Bolsonaro.
- A minuta seria a mesma encontrada na casa do ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres.
- Torres foi preso em 14 de janeiro de 2023 acusado de omissão durante as invasões das sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro
- Na ocasião, ele era secretário de Segurança Publica do Distrito Federal.
- Procurada, a defesa de Mauro Cid disse que não tem acesso ao conteúdo dos depoimentos da delação premiada, que são sigilosos.
- Já a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse que “não tem ciência dessas declarações”.