O volume de chuvas na Região Sudeste e a seca no Rio Grande do Sul podem ser explicados pelo prolongamento e intensidade do La Niña, que deveria ter chegado ao fim no início do ano passado. O fenômeno é caracterizado por provocar períodos de seca extrema no Sul do país, prejudicando principalmente as zonas rurais, além do aumento do volume de chuvas no Sudeste.
De acordo com o professor do Departamento de Geografia da UFRJ Ricardo Gonçalves Cesar, o aumento em mais de 65% no volume de chuva na cidade do Rio e as enchentes em São Paulo aconteceram devido a formação de um ciclone extratropical no Oceano Atlântico, facilitado pelo La Niña.
Segundo o especialista, o fenômeno La Niña está enfraquecendo e pode chegar ao fim em maio. Após isso, há um modo de transição, chamado de neutro, para logo em seguida começar um fenômeno completamente oposto: o El Niño, responsável por um período de forte seca no Nordeste e intensas chuvas no Sul.
O professor Ricardo Gonçalves Cesar critica na naturalização dos desastres que acontecem no país por causa das alterações climáticas, já que a ameaça natural já é de conhecimento das autoridades públicas.
De acordo com a vice-diretora da COPPE UFRJ, Suzana Kahn, eventos mais intensos e prolongados também são reflexos da busca do planeta para encontrar "um novo normal", em função da atmosfera modificada, fruto das atividades humanas.
No Rio, o Centro de Operações informou que a previsão inicial da média de chuvas na capital era de 120 mm no mês de fevereiro. No entanto, o total chegou a 200 mm até a madrugada desta quarta-feira.
Em São Paulo, mais de 45 pessoas morreram em decorrência das chuvas. Por outro lado, no Rio Grande do Sul, mais de 300 municípios já decretaram situação de emergência por causa da seca que atinge o estado.