Gabriela cresceu com os desafios de uma infância humilde, mas cheia de amor materno da mãe, Dona Nina. Já adulta, ela conheceu o Sandro e construiu a sua família, sempre com o apoio da matriarca da família. Mais tarde, Dona Nina também encontrou um amor generoso.
Mesmo diante de doenças graves e perdas dolorosas, como a partida do padrasto e, depois, da própria mãe, Gabriela encontrou conforto ao ver Dona Nina conhecer a bisneta antes de partir.
Apesar da dor, o legado de amor e força continua vivo na família para sempre. Veja mais uma história surpreendente do “Quem Ama Não Esquece”:
"A verdadeira força da vida está no amor que compartilhamos com nossa família, e na coragem de seguir em frente, mesmo após as maiores perdas.
Quando eu era bem criança, a minha mãe trabalhava muito e por isso eu era criada pelas minhas tias. Como eu não tinha um pai presente, a minha mãe batalhava muito para me criar e apesar de todo o sufoco, a minha infância foi humilde, mas não infeliz.
Aos doze anos, eu fui morar com a minha mãe. Ela conseguiu um serviço fixo e alugou uma casinha de dois cômodos para gente morar. Depois, uma das minhas tias faleceu e minha mãe, com o coração generoso que ela tinha, adotou o meu primo também.
Quando eu fiz 15 anos, eu conheci o Sandro e nós começamos a namorar. Com 17, eu engravidei do meu primeiro filho, o Juan e, apesar de ser muito nova, a minha mãe me deu todo o apoio que eu precisava naquele momento. Ela conhecia bem o Sandro, sabia que ele era um bom homem e que ele seria o pai que o meu filho precisava.
Nessa mesma época, a minha mãe conheceu o Senhor Roberto, um homem maravilhoso que tratava a minha mãe como ela merecia, como uma rainha. Ele era muito carinhoso e sempre levava presentes e flores para ela. Pela primeira vez em muitos anos, eu via que ela estava realmente feliz.
Eu senti que ele ia mesmo ser tudo o que a minha mãe merecia. E foi. Quando o meu filho completou um ano, eu fui morar com o meu marido e a minha mãe com o Senhor Roberto. Com o tempo, ele construiu uma relação linda não só com a minha mãe, mas com toda a nossa família. Para mim ele se tornou um pai – o pai que eu nunca tive. E para o Juan, e para os outros filhos que tive depois, um avô.
Os anos passaram, a vida andava bem até que a minha mãe começou a ter alguns problemas. Além de sentir falta de alguns familiares, ela também perdeu o emprego e ficou muito nervosa e preocupada. Um dia, ela se exaltou tanto, que teve um AVC.
Infelizmente, ela ficou com várias sequelas, como o lado esquerdo do corpo que ficou paralisado, e também algumas confusões mentais.
Por seis meses, ela ficou morando comigo, mas ela queria voltar para casa e eu só confiei porque eu sabia que lá o Senhor Roberto ia dar conta do recado. E como ele cuidou bem dela! Eu nunca vi um homem tão cuidadoso, carinhoso e generoso como ele. Ele era incansável e fazia de tudo pela minha mãe com muito amor e paciência.
Mas um tempo depois, eu comecei a reparar que alguma coisa também não estava bem com ele. Ele, que sempre tinha sido um homem grande, estava perdendo peso muito rápido.
O Seu Roberto fez alguns exames que não mostraram nada, mas logo em seguida ele passou mal, fez outros exames e, para ser sincera, eu já sabia. Eu tinha certeza que ele estava doente e quando ele fez essa segunda leva de exames, realmente a gente teve a confirmação e a doença estava em estágio avançado.
O médico explicou que ele precisaria ficar internado e, nessa fase, com a ajuda da minha sogra, eu cuidava dos dois, da minha mãe que tinha sofrido o AVC, e dele, que tava bem mal. 15 dias depois, ele também sofreu um AVC e teve sequelas ainda piores do que as da minha mãe. Nem falar mais, ele falava. E ele, que já tava fraco e muito debilitado, foi se entregando cada vez mais. Eu continuei cuidando dele mesmo no hospital, até que o médico me chamou para conversar, disse que não tinha mais nada a se fazer e que o melhor era deixar que ele tivesse uma morte calma, tranquila e sem dor."