A história dessa moça é mais uma das histórias emocionantes do "Quem Ama Não Esquece", quadro da Band FM. Ela nasceu com hidrocefalia, mas recebeu amor incondicional paterno.
Os dois tinham uma ligação de outra vida. Seu Júlio apoiou todos os seus sonhos, inclusive, o da moça ser enfermeira — e ela conseguiu! Leia o relato:
A história de hoje pode não ser uma história de amor romântico, como vocês estão acostumados a ouvir e ler aqui na Band FM, mas é, sem dúvidas, sobre o amor mais puro e incondicional que existe.
Vou contar a história do único homem que me amou de verdade e que tinha por mim o sentimento mais forte, sincero e genuíno do mundo.
O meu pai nasceu e morou em Portugal, onde trabalhava com agricultura, mas, quando ele ficou adulto, resolveu se mudar para o Brasil em busca de uma vida melhor.
Quando chegou aqui, ele começou a trabalhar como zelador de um prédio e lá conheceu a minha mãe, que trabalhava nesse mesmo prédio como babá.
Assim como o meu pai, ela também era portuguesa, mas quis o destino que eles só se conhecessem aqui, a tantos quilômetros da terra deles.
Depois de três casados, minha mãe engravidou. Meus pais se amavam muito e era um sonho deles construir uma família, mas a primeira filha que eles tiveram, infelizmente, nasceu sem vida.
Foi um baque, uma tristeza enorme, mas eles não desistiram de ter um filho. O meu pai me contava que ele sabia que tinha nascido para ser pai, só que demorou mais três anos até que minha mãe engravidasse de novo.
E foi aí que eu nasci, com hidrocefalia. Isso poderia ter sido motivo de tristeza, medo, revolta, mas o meu pai nunca me olhou de uma maneira diferente.
Ele nunca me julgou, nunca permitiu que eu me sentisse diminuída ou achasse que eu não era capaz de alguma coisa pela minha condição. Pelo contrário! Ele me criou para ser forte e para acreditar em mim mesma.
E eu só acreditei porque ele acreditava. Eu fui crescendo muito apegada a ele. Nós sempre fomos inseparáveis e eu tinha pelo meu pai não só amor, mas também muita admiração. A única coisa que a gente não combinava era o time de futebol.
Júlio: Não, minha filha, eu já falei para você. Você tem que torcer para Portuguesa.
Cristiana: Pai, Portuguesa?
Júlio: Claro, Cristiana. Para a Portuguesa. Igual ao seu pai aqui!
Cristiana: De jeito nenhum. Você sabe muito bem que o meu coração é do Corinthians. E tem mais: um dia você ainda vai me levar a um jogo e torcer comigo.
Júlio: Eu? Nem que me paguem. Eu te amo muito, mas aí já é pedir demais.
Mas ele me amava tanto que, depois de algum tempo, ele me levou para realizar o meu sonho de ver um jogo do Corinthians no estádio. Eu nunca vou me esquecer daquele dia.
Meu pai, que nem torcia para o mesmo time que eu, torceu e vibrou só pra me ver feliz. Isso era o meu pai. A vida inteira ele foi assim, o meu maior incentivador.
Quando eu disse que queria aprender violão, ele me deu total apoio. Eu treinava, ensaiava, e ele sempre estava ao meu lado para não me deixar desistir mesmo com as minhas dificuldades.
Quando eu terminei os meus estudos, eu sabia que precisava escolher uma profissão e eu tinha uma vontade muito grande de fazer algo na área da saúde ele, mais uma vez, foi essencial nesse momento.
Júlio: Minha filha, se é o que você gosta, vai fundo. Eu tenho certeza que você vai se dar muito bem.
Cristiana: Eu tenho medo, pai.
Júlio: Medo de que, Cris?
Cristiana: Medo de não ser aceita, medo de não dar certo...
Júlio: Escuta, quando você tiver um sonho, uma vontade, qualquer uma, você precisa ir atrás até realizar. Mesmo que venham muitas dificuldades, tem que seguir até o fim. Sabe por quê?
Cristiana: Por que, pai?
Júlio: Porque você tem capacidade de fazer o que você quiser, minha filha. O que você quiser. Nunca esqueça disso.
Primeiro, eu consegui um trabalho como atendente em um posto de saúde, depois eu passei a auxiliar, até que eu comecei a trabalhar como enfermeira.
No meu primeiro dia de trabalho, ele estava lá para me apoiar. A cada passo que eu dava na minha vida profissional, ele era o primeiro a aplaudir.
Ele nunca deixou de vibrar por mim e pelas minhas conquistas. Diferente da minha mãe... Não que o nosso relacionamento seja ruim, mas eu nunca recebi tanto apoio dela.
Ouça a história completa: