Há muitos anos, Josélia estava passando necessidade, mas um milagre aconteceu quando ela e sua irmã encontraram uma carteira cheia de dinheiro. Elas devolveram o valor e ainda receberam a ajuda de um casal generoso.
Tempos depois, Josélia perdeu o filho Wallace em um trágico acidente, o que a deixou profundamente abalada. Na época, ela encontrou forças para seguir em frente ao conhecer Alcides na internet. Após o primeiro encontro, ele a pediu em casamento e, com muito esforço, os dois conseguiram dar uma vida melhor para a família.
Para a ouvinte da Band FM, o Natal simboliza renascimento, esperança e a possibilidade de recomeçar, superando todos os obstáculos da vida. Veja mais uma história surpreendente do “Quem Ama Não Esquece”:
"O amor, a generosidade e a fé, quando em dia, têm o poder de transformar tudo ao nosso redor e podem trazer milagres inesperados mesmo nas situações mais difíceis da vida. Quando você faz aquilo que é certo, tudo volta de uma maneira positiva para você!
Eu não tinha uma mãe presente e perdi o meu pai quando tinha só dois anos, por isso fui criada pela minha vó. Quando completei 12 anos, ela também faleceu. Eu não tinha para onde ir, mas o meu irmão mais velho me acolheu. Na época, ele trabalhava em uma fazenda e eu, mesmo sendo nova, passei a trabalhar cuidando dos filhos do patrão. Como eu também era só uma criança, os meninos não me respeitavam. Eles me batiam, me xingavam e faziam da minha vida um inferno. Quando a minha irmã, que morava em outro estado, ficou sabendo do que eu passava, ela foi correndo me buscar.
A minha irmã não tinha dinheiro e nós tivemos de pedir ajuda das pessoas na rodoviária para comprar as passagens, mas, graças a Deus, naquele dia muita gente nos ajudou.
Quando chegamos a São Paulo, nós fomos morar em uma favela que naquela época estava começando a se formar. Eu, minha irmã e meu cunhado estávamos desempregados, mas logo ele conseguiu um trabalho como varredor de rua e eu lembro que a gente ficava esperando ele chegar para ter o que comer no dia. Quando não tinha comida nenhuma, a gente ia até a feira e pegava o que as pessoas jogavam fora. A situação era muito difícil, muito precária mesmo. Naquela época tudo faltava.
No final daquele ano, eu e o meu sobrinho estávamos brincando na rua quando vimos uma carteira caída no chão. A gente pegou aquela carteira e levamos para a minha irmã porque ela saberia o que fazer. Na hora, ela abriu e viu que tinha documento, cartão e dinheiro.
Mesmo que a gente passasse necessidade e não tivesse o que comer, minha irmã e o meu cunhado decidiram ir até uma delegacia para devolver. Era o certo a se fazer!
Na delegacia, pediram os dados da gente para comprovar que a gente não tinha roubado a carteira e nós voltamos para casa. No dia seguinte, a gente acordou com o barulho de carro de polícia na nossa porta e levantamos correndo assustados para ver o que tava acontecendo. Os policiais perguntaram o nome do meu cunhado e quando ele disse, para nossa surpresa, saiu um casal do banco de trás. O homem era aquele que tinha perdido a carteira.
No começo, a gente ficou com medo, mas, na verdade, ele tinha ido até ali para agradecer a nossa honestidade e, em um ato de generosidade, levaram roupas, comida, dinheiro e até uma máquina de lavar para a gente. Mas o mais importante foi que eles nos deram esperança.
Eu nem podia acreditar! Era véspera de Natal e a gente não tinha nada. Minha irmã tinha passado os últimos dias desesperada porque a gente não tinha condições de fazer uma ceia, mas de repente a gente tinha roupas novas, dinheiro e comida na nossa mesa. Deus tinha enviado dois anjos para salvar o nosso dia e esse foi o nosso verdadeiro milagre de Natal.
Quando eu fiz 16 anos, comecei a trabalhar. Até então eu só estudava. A minha irmã e o meu cunhado me criaram com muito amor e eu sei que eu só sou o que sou hoje porque eles lutaram por mim mesmo com tantas dificuldades.
Quando eu terminei a escola, conheci um colega de trabalho do meu cunhado e a gente se apaixonou. Um tempo depois, engravidei do meu filho Pedro e fui morar com o meu namorado em uma casa tão pequena, mas tão pequena, que eu tinha até que lavar a louça do lado de fora.
Depois do Pedro, eu ainda tive o Wesley e o Wallace. Infelizmente, o pai dos meus filhos era uma pessoa que tinha muitos problemas com bebida e não ajudava financeiramente com nada. Eu tinha que correr atrás por mim e por eles, mas não tinha medo de trabalho e me esforçava ao máximo para que eles não passassem pelo que eu tinha passado.
Eu aguentei bastante tempo, mas uma hora eu cheguei no meu limite e preferi me separar.
Quando eu saí de casa, fui morar na garagem da minha irmã e, logo depois, descobri que estava grávida de novo, dessa vez de uma menina. Para dar conta de tudo, trabalhava em dois empregos como diarista e a minha irmã cuidava dos meus filhos.
Um dia, recebi uma ligação me falando para ir ao hospital porque tinha acontecido um acidente. Eu não tava entendo nada, mas, quando cheguei, desesperada, já vi o meu irmão com uma cara péssima. Eu comecei a gritar perguntando pelos meus filhos! Alguma coisa estava acontecendo, mas ninguém me explicava direito.
Um médico pediu para que eu o acompanhasse para reconhecer o corpo. Mas corpo de quem? Meu Deus do céu. Eu não sei como não desmoronei. Fui andando, sem saber o que ia encontrar e, quando eu entrei naquela sala gelada, vi o Wallace. Era ele. Era o meu filho. Ele tinha falecido.
Eu fiquei desesperada! Me senti tão culpada. Fazia dois dias que eu não via o meu filho por conta do trabalho. Depois, encontrei a minha irmã e o meu cunhado e foi só aí que entendi o que tinha acontecido. Eles tinham ido brincar na represa, mas as crianças subiram num barquinho que afundou. Eles conseguiram salvar os outros meninos, mas o Wallace não.
Que dor! Que sofrimento!
Foram muitos anos sofrendo sem me conformar, com depressão e fechada até que fui aprendendo a conviver com o luto. Depois de muito tempo, comecei a me reerguer e a entender que eu tinha que seguir em frente porque eu estava ali, eu estava viva.
Era fim de ano, perto do Natal, e foi aí que conheci uma pessoa através da internet.
Como eu já tava mais velha, eu não tinha muita pretensão de arrumar um namorado, mas o Alcides entrou na minha vida e ele era tão carinhoso, tão amoroso. Ele fazia questão de conversar comigo por horas e me ouvir, me ouvir de verdade. Eu me sentia muito bem durante as nossas conversas e, por isso, topei me encontrar com ele.
Parecia que eu estava vivendo um sonho. Depois de tantos anos sofrendo, eu estava conseguindo sorrir outra vez e, com o Alcides, me sentia uma adolescente outra vez.
Naquele mesmo dia, ele quis me levar para conhecer a mãe dele, mas, quando a gente foi caminhando até a moto, que ele tinha acabado de comprar, nós percebemos que estávamos sendo seguidos. Nem deu tempo de fazer nada.
Os homens mostraram que estavam armados e um dos bandidos me segurou e apontou a arma para a minha cabeça. O Alcides entregou tudo e eles fugiram.
Poderia ter sido um primeiro encontro mais tranquilo, mas a minha vida sempre foi cheia de surpresas. Um mês depois, só um mês depois, o Alcides me pediu em casamento por uma telemensagem e foi um momento inesquecível.
Nós nos casamos no civil e, depois de 3 meses, na igreja. Foi tudo muito rápido, mas esse para mim foi o meu segundo milagre de Natal. O Alcides é a minha luz! Ele me ajudou de todas as formas que se pode ajudar alguém, principalmente na criação dos meus filhos.
O meu mais velho hoje é engenheiro, o segundo é gerente de uma loja, e a minha filha já até me deu o melhor presente desse mundo: a minha netinha.
Todos estudaram, terminaram a escola e são pessoas de bem. Foi uma luta grande para dar para eles uma vida melhor do que a que tive, mas eu me orgulho de onde nós chegamos.
Apesar da dor que carrego no peito, me sinto uma mulher realizada.
O Natal, mais do que uma data, é um momento de renascimento. Assim como a esperança se renova a cada ano, nossa vida também pode se transformar através do amor, da fé, da bondade e do esforço. A minha história é um reflexo disso: um renascimento e uma jornada de superação, de perdas, mas também de muitas alegrias e surpresas.
Que o Natal seja para todos nós mais do que troca de presentes, mas, sim, sinônimo de recomeço. Que ele simbolize o renascimento e que traga a certeza de que, não importa o que aconteça, sempre será possível recomeçar e transformar a dor em esperança. Feliz Natal!"