Ele não tinha mais esperanças até que um amor de adolescência o salvou; leia relato

Conheça a história de Cristiano e Renata no Quem Ama Não Esquece desta terça-feira (05)

Da redação, com Quem Ama Não Esquece

Ele não tinha mais esperanças até que um amor de adolescência o salvou; leia relato
Veja a histrória de superação do Cristiano
Arquivo Pessoal

Cristiano viveu a vida inteira com uma dor e uma tristeza sem saber o que era. Até que um dia, quando não aguentou mais, pediu ajuda a Deus para descobrir o que tinha. Ele acredita que, depois disso, uma pessoa enviada pela espiritualidade tenha falado com sua esposa, um amor da juventude, e o guiado para achar o caminho da paz. Confira mais uma história inspiradora do Quem Ama Não Esquece:

Quando a gente sente que alguma coisa está errada, que alguma coisa não se encaixa, é melhor a gente ouvir. A nossa razão pode até nos confundir, mas o coração sempre revela a verdade.

Eu sempre tive um vazio dentro de mim. Os sintomas começaram quando eu tinha por volta de 9 anos de idade e ao mesmo tempo que eu era uma criança feliz, existia também uma tristeza muito forte dentro de mim.

Mesmo sendo tão novo, eu enfrentava verdadeiros demônios na minha mente enquanto também tinha que lidar com os problemas da vida real, já que o meu pai, apesar de sempre ter sido um homem trabalhador, era também um alcoólatra. 

Eu tentava ser forte, tentava ajudar o meu pai, a minha mãe e os meus irmãos, mas era muito difícil lidar com tudo e eu sentia que era porque tinha alguma coisa de errada comigo. 

Em uma semana, eu era uma criança alegre, que brincava, que se divertia, que tinha amigos, e na semana seguinte, de uma hora para a outra, eu me isolava e não suportava ter ninguém perto de mim. Essa tristeza era tão forte, que eu lembro que, ainda aos 9 anos, eu pensei em tirar a minha própria vida e cheguei até a fazer uma carta de despedida. 

Uma criança... Eu era só uma criança! Como uma criança pode pensar uma coisa assim? Tão novo e já querendo acabar com tudo... Eu fui crescendo, os anos foram passando e esses sentimentos nunca sumiram. Pelo contrário, quanto mais o tempo passava, pior eu ficava e me sentia. 

Na escola, eu conheci a Renata e eu sabia, desde o primeiro momento, que, um dia, ela seria a mulher com quem eu ia me casar um dia. E realmente me casei, mas por conta daquele meu jeito e das minhas alterações de humor, a convivência comigo nunca foi fácil e eu tinha, dentro de mim, muito medo de um dia machucá-la, mas eu nunca contei sobre esse vazio estranho que eu tanto sentia. 

Eu preferia guardar para mim e tentar esconder de todas as formas.

Nós tivemos uma filha, a Natália, mas mesmo assim nada fazia com que eu me sentisse melhor. Tudo se repetia: em uma semana eu era um pai incrível, brincalhão, e na outra eu não queria ninguém por perto. Isso machucava demais as pessoas que eu amava, mas acredite, me machucava muito mais.

Eu só queria fazer a minha família feliz, mas eu... eu não conseguia. Eu não conseguia controlar nada daquilo porque simplesmente não conseguia entender o que acontecia comigo.

Graças a Deus, eu nunca fui um homem agressivo, mas eu também não era presente. Tinha dias em que eu simplesmente não sentia nada. Eu era oco, vazio de tudo. Você sabe o que é isso? Ser um nada? Se sentir um nada? Eu tentava... tentava mesmo me abrir com a minha esposa, mas eu não conseguia. Eram muitos pensamentos ruins e eu morria de medo de que ela me deixasse. Eu não queria que ela sofresse, eu não queria fazê-la sofrer, mas estava cada vez mais difícil aguentar aquele peso todo.

Renata: Meu amor, o que você tem? Fale comigo, por favor. Conversa comigo!

Cristiano: Renata, eu... eu estou bem, completamente bem.

Renata: Cris, você não está nada bem. Por que você não fala para mim o que está  sentindo? 

Cristiano: Pode confiar. Está tudo bem.

Renata: Quando você quiser conversar, eu estou aqui. Eu sempre vou estar, viu?

Mas, mais uma vez, eu não consegui. Não consegui falar, me abrir, pedir ajuda.

O tempo passou, a gente foi levando e nós tivemos nosso segundo filho, o Pedro Henrique. Eu já tinha mais de 30 anos quando a famosa gota d'água caiu e tudo... tudo transbordou. 

Tantos anos me sentindo estranho, tantos anos guardando aquilo tudo, tantos anos tentando fingir que tudo estava bem, tantos anos sofrendo em silêncio, enfim me fizeram explodir.

Um dia, a tristeza transbordou de uma maneira incontrolável. Eu fui para o banheiro e chorei por horas, e horas, e horas sem parar, sem conseguir me controlar, sem saber o que fazer. Eu nunca tinha me sentido tão infeliz na vida, mas foi ali... ali que eu decidi ser forte para pedir por ajuda. 

Eu liguei para o meu cunhado, que era um homem de Deus, e pedi para ele me ajudar. Eu contei tudo... tudo o que eu sentia, tudo o que eu passava desde criança, todos os meus medos, insegurança e sofrimento. Tudo.

Ele foi me buscar para me ajudar e quando nós estávamos no carro, eu continuei chorando, dizendo que eu não aguentava mais viver daquele jeito. Foi então que ele olhou para mim e disse que eu estava preparado para ter um encontro com Deus. 

Na mesma hora, eu liguei para a minha esposa e também desabafei com ela. Só assim, pelo telefone, é que eu tive coragem de abrir o meu coração pela primeira vez.

Renata: Por que você nunca dividiu nada disso comigo, Cris?

Cristiano: Eu não sei, Rê. Eu não sei o que acontece na minha cabeça. Eu não sei o que eu tenho. Alguma coisa parece muito errada. Eu tentei lutar contra, mas eu não aguento mais. 

Renata: Amor, vem para casa. Venha ficar comigo... Vamos conversar melhor. Eu vou te ajudar.

Quando eu cheguei, nós conversamos muito e por muito tempo e ela me deu todo o apoio que eu precisava. Finalmente eu consegui me abrir, mesmo que eu ainda não soubesse o que acontecia dentro de mim. Não parecia ser só uma depressão. Parecia alguma coisa mais complicada, mais complexa.

Alguma coisa que não era normal. As mudanças de humor, o jeito rígido que eu tinha com as minhas opiniões, a forma como eu magoava as pessoas ao meu redor... Tinha muita coisa que eu não queria fazer, mas eu fazia. Eu fazia!

Depois de me abrir com a minha mulher, eu decidi frequentar a igreja, mas o vazio, a sensação estranha dentro de mim, tudo ainda existia. Um dia, chorando muito, eu pedi ajuda a Deus. Pedi para que Ele olhasse para mim e me ajudasse a ME entender. Eu não queria mais fazer ninguém sofrer, eu não queria mais sofrer também.

E ali, desesperado, eu disse que, se Ele não me mostrasse de uma vez qual era o meu problema até o dia seguinte, eu ia... ia... ia acabar com tudo! Se Ele não me dissesse de uma vez o que eu tinha, eu preferia ir embora desse mundo porque a dor estava pesada demais. Depois, eu fui para casa, nem acendi a luz, e dormi.

Eu não estava brincando. Eu tinha mesmo decidido que era melhor eu ir embora e, no dia seguinte, eu comecei a pesquisar... pesquisar, meu Deus do céu, pesquisar como morrer de uma forma rápida e sem dar mais trabalho para a minha esposa. 

Eu fui para o meu trabalho, mas eu não fiz nada. Nem liguei o computador, nem abri nada. Eu só sentei e orei mais uma vez. Eu pedi, eu implorei... Deus, me ajuda, por favor, me ajuda!

E aí, do nada, eu comecei a ouvir uma voz... uma voz que vinha da minha cabeça. Uma voz me pedia para ligar o meu computador e ver o que a Igreja tinha publicado. Uma voz que me orientava e me dava as coordenadas.

A minha igreja sempre postava ensinamentos e naquele dia, quando eu abri, uma coisa me levou a outra até que eu cheguei a algo que falava sobre Transtorno Bipolar. 

Eu nunca nem tinha ouvido falar nisso e não sabia o que era. Mas assim que eu comecei a ler, as lágrimas começaram a rolar. Ali eu soube... ali eu soube que eu tinha descoberto tudo. Eu tinha descoberto o que eu tinha.

Na mesma hora, eu liguei para a minha mulher e por incrível que pareça, ela também tinha recebido um sinal divino. 

Renata: Cris, do nada um homem veio até mim no trabalho e me deu um cartão de um psiquiatra. Ele disse que Deus estava pedindo para eu me entregar. Ele disse que esse médico já o ajudou. Eu falei que não precisava disso, mas ele insistiu dizendo que alguém que eu amo ia precisar. 

Nós dois choramos muito, muito no telefone. Finalmente, Deus estava me mostrando o caminho. Eu peguei esse cartão com a minha esposa e realmente comecei a me tratar com aquele psiquiatra, que confirmou o meu diagnóstico. Eu também passei a fazer sessões com psicólogo e a tomar remédios.

A partir daí, a minha vida mudou completamente e pela primeira vez eu me senti realmente feliz. Mas Deus ainda tinha outros e melhores planos para mim.

Algum tempo depois de eu começar o meu tratamento, um tio que ia se casar, me chamou para ser o celebrante. Eu nunca tinha feito algo assim, mas eu descobri que poderia realizar uma cerimônia social, então eu fiz e nesse dia eu nasci de novo.

Deus já estava trabalhando na minha cura e me deu um novo sentido para viver: celebrar o amor. Eu me tornei celebrante, mas aos poucos eu fui sentindo que aqueles remédios todos que eu tomava me prejudicavam um pouco. Eu tremia muito e falava mal durante as cerimônias. Por isso, eu fui parando com as medicações até que eu joguei tudo no lixo, falando para Jesus que eu entregava a minha vida a ele.

Faz mais de 15 anos que eu estou liberto, saudável e vivendo uma vida feliz. Com fé e determinação, Deus transformou minha dor em força, mostrando que tudo é possível para aquele que crê.

Quer ouvir a história completa? Dê o play e conheça a história de superação de Cristiano.

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