
Ricardo sempre acreditou que Cristina era o amor da sua vida e que a conhecia melhor do que ninguém. Eles se casaram, tiveram um filho, mas, com o tempo, ele começou a acreditar que o menino não se parecia fisicamente com ele.
Em um momento de insegurança, Ricardo fez um teste de DNA, em segredo, e confirmou que a criança era 99%, de fato, seu filho. Porém, a Cristina descobriu do teste, se sentiu traída e pediu o divórcio, dizendo que era falta de confiança.
Hoje, ele está arrependido por ter duvidado da paternidade e conta a sua história pedindo uma segunda chance. Leia mais uma história do “Quem Ama Não Esquece”:
A confiança é uma coisa curiosa. Demora anos para ser construída, mas pode ruir em um instante, às vezes sem que a gente perceba que foi a gente mesmo quem começou a derrubar.
A Cristina sempre foi o amor da minha vida e eu sempre achei que a conhecia melhor do que qualquer pessoa. Mas às vezes, o problema não é o que a gente sabe. É o que a gente começa a duvidar...
Engraçado lembrar, mas desde o primeiro encontro, eu soube que era com ela que eu queria construir tudo: casa, família, futuro. Tanto os nossos cinco anos de namoro, quanto depois, o nosso casamento, foram muito sólidos.
A gente ria junto, fazia planos, sonhava... nunca faltou paixão, respeito e parceria. Se alguém me perguntasse, eu diria sem hesitar que eu era um homem 100% feliz.
Anos depois, quando a gente descobriu que teria um filho, foi como se o mundo se tornasse ainda mais bonito. Eu nunca vou esquecer da emoção dela quando me mostrou o teste de gravidez. A gente não sabia se ria ou se chorava...
Ser pai sempre foi um sonho. De qual homem que não é? Eu já me imaginava em um domingo de futebol com meu filho, a gente brincando de carrinho, eu ensinando ele a andar de bicicleta...
Ricardo: E se for menina?
Cris: Se for menina vai ser a mais paparicada do mundo. Mas eu sei que é menino, Cris. Eu sinto.
Ricardo: Sente, é?
Cris: Eu tenho certeza. Pode confiar! É menino. Vai chamar Ricardo, como você.
E era mesmo! Eu não tinha me enganado. Eu fiquei muito feliz e eu e a Cris montamos o quartinho nos mínimos detalhes. O dia do nascimento dele foi o mais incrível da minha vida.
Ver a Cristina segurando o nosso filho, tão pequena e tão forte ao mesmo tempo, me fez ter certeza de que eu tinha "chegado lá". Eu era um homem realizado. Eu era alguém que tinha conseguido tudo o que tinha sonhado um dia.
O começo com um recém-nascido nunca é fácil, mas eu fazia tudo com o maior prazer. Noites em claro, fraldas, choros, mamadeiras... eu nunca reclamei! Pelo contrário, eu gostava!
Cada olhar do Ricardinho para mim era como uma recompensa. Meu casamento com a Cristina ficou ainda mais firme e forte. O amor continuava lá, a paixão também.
Mesmo com um serzinho na nossa vida, nós nunca deixamos de dar atenção um para o outro. Ela... ela era a minha base. A minha escolha diária. A minha certeza.
Os anos foram passando e o Ricardinho foi crescendo um menino saudável, alegre e inteligente. Eu adorava ver cada pequena mudança nele e como cada fase trazia uma coisa nova. Mas, com o tempo...
Com o tempo, eu comecei a notar algumas coisas. O primeiro foi que todo mundo, todo mundo mesmo, dizia que o Ricardinho não parecia em nada comigo.
Eu sabia que era besteira, mas eu não conseguia deixar de ficar chateado. Quando diziam que ele era a cara do pai da Cris, ou do irmão dela, ou que tinha o nariz da minha sogra, eu tentava disfarçar, mas eu me incomodava.
Me incomodava porque, conforme ele ia crescendo, eu ia percebendo que ele parecia cada vez menos comigo. O domingo de futebol que eu tanto imaginei, por exemplo, nunca foi interessante para o meu filho.
A gente não tinha nada a ver um com o outro, inclusive, e principalmente fisicamente. O jeito de andar, de falar, de olhar, os trejeitos... ele não tinha nada de mim e nem da minha família. Eu nunca falava nada sobre isso porque eu não queria tornar o assunto mais importante.
Uma hora ia passar. Mas não passou. Dia após dia, mês após mês, ano após ano, uma coisa ruim ia sendo plantada na minha cabeça. Um dia, quando eu estava mexendo em umas fotos minhas antigas, eu comecei a comparar como eu era quando pequeno e como o Ricardinho era na mesma idade.
Foi como se eu levasse um soco no estômago. Eu sou bochechudo, moreno, com cabelo escuro e grosso. Ele tem traços finos, é bem branquinho, cabelo encaracolado.
Eu olhava e tentava me convencer de que era normal puxar só a mãe, mas, por outro lado, o meu coração me dizia que ele devia ter alguma coisa, qualquer coisa minha. Por menor que fosse. Eu não queria pensar naquilo... era bobagem.
Era ciúme, inveja, porque eu amava tanto aquele garoto que eu queria que ele fosse parecido comigo. Não fazia o menor sentido eu duvidar de qualquer coisa que fosse.
Eu não podia ter aquela dúvida. Uma dúvida que eu jamais imaginei ter um dia. Não, eu não podia.
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