O custo da alimentação na pecuária aumentou nas principais regiões que concentram os rebanhos, Centro-Oeste e Sudeste e esse movimento também contribui para a alta no preço da carne para o consumidor final. O Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP) calculado em novembro mostrou que o custo diário por animal ficou em R$ 15,05 na região Centro-Oeste e R$ 12,43 na região Sudeste. Na comparação com o mês anterior, as altas foram de 1,01% e 4,54%, respectivamente.
A alta vem sendo provocada no Brasil porque os preços dos dois principais ingredientes que compõem as rações, como o milho e a soja, também subiram devido à alta demanda internacional. O cálculo inclui as dietas de adaptação, de crescimento e terminação, de acordo com o tempo médio em que os animais permanecem em cada tipo de alimentação durante o período do confinamento. Portanto, o cálculo não serve para os bovinos criados no pasto.
Na região Centro-Oeste, o aumento do ICAP foi atribuído à elevação dos custos em todas os tipos de dietas de confinamento: adaptação, crescimento e terminação. O custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação chegou a R$ 1.384,41, um aumento de 24,62% em relação aos últimos três meses. Entre os principais insumos utilizados, destacaram-se as altas na ureia (+13,55%), milho grão seco (+10,67%) e torta de algodão (+3,34%).
Já na região Sudeste, o ICAP foi impactado especialmente pelos insumos energéticos, que subiram 9,30% nos últimos três meses. O custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação atingiu R$ 1.292,65, uma alta de 20,93% em relação ao trimestre anterior (ago-out). Os insumos energéticos com maior alta foram o milho grão seco (+8,35%), casca de soja (+8,13%) e silagem de grão úmido de milho (+6,45%). No caso dos insumos proteicos, os maiores aumentos ocorreram na ureia (+10,20%) e no caroço de algodão (+7,26%).
“Para 2025, espera-se uma leve acomodação nos preços devido ao aumento na oferta de gado de confinamento e ajustes nas escalas de abate. O comportamento do mercado dependerá, entre outros fatores, da recuperação do consumo interno e de novas oportunidades no exterior. A relação de troca entre boi gordo, boi magro e insumos, como milho, continuará sendo crucial para o equilíbrio de preços e a viabilidade da atividade”, avalia Paulo Dias, CEO da Ponta Agro.
No campo, essa alta de custos não está pesando tanto para os pecuaristas devido à alta da arroba do boi gordo. "Ainda assim, confinadores devem redobrar a atenção aos indicadores de gestão, pois os custos tendem a subir com a especulação no médio prazo. Desta forma, a lucratividade continuará sendo garantida da porteira para dentro”, explica Dias.