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Veja quais alimentos ficam mais caros por causa da seca; preços só caem no fim do ano

A estiagem atinge a produção agrícola de diferentes formas, com alta do custo de produção e perdas na produção

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Banana é a preferida dos brasileiros
Agência Brasil

A seca e as ondas de calor que atingem o Brasil, e o excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, colocam em risco o desenvolvimento de algumas culturas, elevando seus preços por alguns meses, mesmo que algumas culturas suportem melhor as adversidades ou estejam protegidas por estufas e irrigação. 

As mudanças climáticas podem impactar a disponibilidade da oferta dos alimentos e provocar aumento dos seus preços - os quais, por sua vez, dependem, também e ainda, de múltiplos fatores não apenas relacionados ao clima, como energia elétrica, logística, etc.

Veja como alguns setores são afetados e se os preços destes alimentos vão subir (e quando devem voltar ao normal)

Leite

A produção de leite no Brasil tem sido afetada pelas mudanças climáticas de duas maneiras distintas: em algumas regiões, pela seca, e em outras, pelo excesso de chuvas. Nas regiões onde a seca predomina, não há tanta disponibilidade de água para o gado e a qualidade dos pastos está muito prejudicada, o que provoca uma queda na produção de leite.

Durante a estiagem, muitos produtores recorrem à suplementação alimentar, o que eleva os custos de produção. Em 2024, os preços um pouco mais controlados dos grãos em comparação a anos anteriores mitigam parte desse impacto ao produtor. Mas, ainda assim, houve alta dos custos de produção pela necessidade de suplementação do rebanho com o uso de tecnologias de manejo mais avançadas.

Já nas regiões afetadas pelo excesso de chuvas, os efeitos foram mais agudos, em algumas situações levando à perda total ou parcial do rebanho durante enchentes, a elevadas perdas de solo e de fertilidade ou ainda, no mínimo, à necessidade de recomposição das pastagens.

Frutas

No caso da fruticultura, a estiagem provocou estresse hídrico e prejudicou a produção de várias frutas. No caso da banana, os preços subiram porque a produção diminuiu, o que ocorreu devido à acentuada irregularidade das chuvas que prejudicou o desenvolvimento dos cachos. Os preços da banana devem continuar altos até início de novembro, quando entra no mercado a nova safra de banana nanica do Vale do Ribeira (SP), Norte catarinense e Norte mineiro e em dezembro, a nova safra de banana prata, produzida em Minas Gerais e Bahia.

A laranja é outra fruta que está sofrendo com o estresse hídrico. Este estresse ocorre devido à massa de ar quente instalada sobre grande parte do Brasil. Para a laranja, 85% da produção está concentrada no cinturão citrícola, uma área que compreende o estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro, regiões bastante afetadas pela estiagem e ainda castigadas, nas últimas semanas, pelas queimadas. 

Como o Brasil é o maior produtor do mundo de laranja e de suco e os estoques do produto estão baixos, a tendência é que a indústria continue demandando fortemente a fruta, num contexto em que a safra prevista será baixa e, provavelmente, a safra 2025/26 também. Tal situação provocará menores excedentes da fruta para o atacado e para o mercado de mesa, colaborando para que os preços se mantenham altos por longo período.

Hortaliças

Os preços de hortaliças estão em queda desde abril e maio, mas a situação de estiagem que atinge o país pode prejudicar lavouras que não tem irrigação. De acordo com a Ceagesp, no interior de São Paulo, há registros de comprometimento de algumas lavouras que foram atingidas pelas queimadas. É o caso, por exemplo, do quiabo em Ribeirão Preto, que subiu a média de preços de R$5,75 em agosto para R$15,50 (170%) na semana de 08/09 a 14/09. 

Já a alface, por exemplo, está com qualidade baixa devido à queima de borda motivada pelas temperaturas elevadas, pressionando os preços recebidos pelos produtores para baixo. Neste contexto, é previsível a elevação de preços nos próximos meses, o que será impulsionado também pela chegada do verão e o consequente aumento do consumo de refeições leves, nas quais as hortaliças cumprem destacado papel.

Leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos também podem ter preços reajustados por um longo período a partir deste mês de outubro, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas. 

Os preços podem começar a apresentar algum alívio somente após a retomada de chuvas regulares e de melhorias na umidade do solo, o que pode demorar alguns meses dependendo da estação e da região.

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