A estiagem que atinge a maior parte do Brasil aliada às queimadas que estão ocorrendo em todo o país já estão deixando os alimentos mais caros para o consumidor. Itens como o açúcar, por exemplo, já registraram alta e outros, como carnes, feijão, frutas e hortaliças, podem sofrer reajustes nas próximas semanas. Entenda, passo a passo como a seca e as queimadas impactam o custo dos alimentos no campo tornando os produtos mais caros para o consumidor:
A seca, considerada a mais severa já registrada nos últimos 44 anos no Brasil, já vinha afetando a produção de alguns alimentos. Neste mês de setembro, inicia-se a safra de verão, período em que se cultiva, principalmente, soja e milho. Sem chuvas, porém, os produtores estão atrasando o plantio desses grãos, reduzindo a sua oferta no mercado. O mesmo ocorre com culturas perenes como as frutas, cujos pomares produzem menos devido à falta de chuvas.
- A estigem afeta diretamente as safras agrícolas, reduzindo a oferta de produtos como grãos, frutas, legumes e carne (este item fica mais caro porque os itens das rações também são produzidos em menor escala). Com menor oferta, os preços desses produtos sobem, o que impacta diretamente os consumidores e o varejo.
- Supermercados e outros estabelecimentos que dependem de produtos frescos podem enfrentar dificuldades em manter os estoques e lidar com a pressão inflacionária, repassando custos ao consumidor.
Em agosto, os alimentos foram os principais itens que puxaram a redução na inflação brasileira, pela primeira vez em 14 meses. Agora, com os problemas na produção, eles devem ser “os vilões” da inflação oficial a partir de setembro. O mesmo vale para a energia elétrica.
- O aumento dos preços de alimentos e outros bens primários pode elevar a inflação. Isso diminui o poder de compra dos consumidores, reduzindo a demanda por outros tipos de bens, como produtos eletrônicos, vestuário e artigos de luxo, afetando negativamente o varejo como um todo.
No campo, um dos itens mais custosos ao produtor é a energia elétrica, usada para manter sistemas de irrigação, manutenção pós-colheita, refrigeração de alimentos e processamento. Com a seca, o governo já determinou a bandeira vermelha para os próximos meses e isso deve afetar diretamente o custo de produção no campo.
- A seca também afeta a geração de energia no Brasil, que depende fortemente das hidrelétricas. Com a redução nos níveis dos reservatórios, há necessidade de recorrer a usinas térmicas, que são mais caras, ou ao racionamento de energia.
- Isso eleva o custo de eletricidade para empresas e consumidores, encarecendo a operação do varejo (refrigeração, iluminação, etc.) e impactando o consumidor final.
Veja outros problemas causados pela seca e queimadas que podem impactar o preço de alimentos:
Problemas Logísticos
- Em algumas regiões, a seca pode reduzir a navegabilidade de rios e dificultar o transporte de mercadorias, principalmente em áreas onde o transporte fluvial é vital.
- Isso pode causar atrasos na entrega de produtos e aumento dos custos logísticos, afetando cadeias de suprimentos e o abastecimento das lojas.
Mudanças nos Hábitos de Consumo
- Com a seca e os efeitos econômicos dela decorrentes, os consumidores podem priorizar produtos essenciais e buscar alternativas mais baratas, impactando setores como o de bens duráveis e artigos de moda, que tendem a sofrer mais em momentos de crise.
Aumento de Custo em Insumos
- Além dos alimentos, a seca pode impactar outras indústrias que dependem de água ou de matérias-primas derivadas de atividades agrícolas, como produtos têxteis, cosméticos e farmacêuticos. Com o aumento do custo de produção, o varejo acaba sofrendo com margens mais apertadas.
Diminuição da Produção Industrial
- Indústrias que utilizam grande quantidade de água em seus processos de produção, como a de bebidas, papel e celulose, podem enfrentar restrições. A redução na oferta desses produtos pode afetar o abastecimento no varejo.