Vassoura de bruxa da mandioca: praga inédita é confirmada no Brasil

Os sintomas da doença caracterizam-se por ramos secos e deformados, nanismo e proliferação de brotos fracos e finos nos caules

Vassoura de bruxa da mandioca: praga inédita é confirmada no Brasil
Produção de mandioca no Brasil neste ano deve totalizar 18,5 milhões de toneladas
Divulgação/Mapa

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a detecção do fungo Ceratobasidium theobromae (Rhizoctonia theobromae) em lavouras de mandioca na região norte do estado do Amapá. Essa é a primeira vez que a praga é detectada no Brasil.  

A doença, que é conhecida na literatura como “vassoura de bruxa” da mandioca, é uma praga quarentenária ausente, ou seja, que têm potencial de provocar prejuízos econômicos por não estarem presentes no território nacional.   

Inicialmente, a praga foi constatada pelos técnicos da Embrapa Amapá nos plantios de mandioca das terras indígenas de Oiapoque, município do estado do Amapá, localizado na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Atualmente, já se encontra presente também nos municípios de Calçoene e Amapá, localizados imediatamente ao sul do município de Oiapoque. 

“A presença deste patógeno representa risco de redução significativa na produtividade das plantas de mandioca”, explica a diretora do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Edilene Cambraia.  

Os sintomas da doença caracterizam-se por ramos secos e deformados, nanismo e proliferação de brotos fracos e finos nos caules. Com a evolução da doença, é comum a ocorrência de clorose, murcha e seca das folhas, morte apical e morte descendente das plantas. 

Já a dispersão pode ocorrer por meio de material vegetal infectado, ferramentas de poda, além de possível movimentação de solo e água. Segundo Nota Técnica da Embrapa, a movimentação de plantas e produtos agrícolas entre regiões pode facilitar a dispersão do patógeno, aumentando o risco de infecção em novas áreas. 

Com a confirmação oficial da presença da praga pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia, técnicos do Mapa se dirigiram ao Amapá onde discutiram o problema e as ações de defesa fitossanitária com autoridades locais e especialistas da Embrapa local e da Embrapa Mandioca e Fruticultura.  

O que são pragas quarentenárias?

As pragas quarentenárias ausentes (PQA) são definidas como aquelas “de importância econômica potencial para determinada área em perigo e ainda não presentes”, conforme estabelecido pela NIMF (Normas Internacionais para Medidas Fitossanitárias) nº 5, da Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais – CIPV.  

Atualmente, encontram-se oficialmente regulamentadas como pragas quarentenárias ausentes no Brasil, cerca de 700 espécies ou gêneros, como registrado na Instrução Normativa nº 39, de 01/10/2018.    

Cada praga apresenta riscos diferenciados em razão de suas características (reprodução, sobrevivência, capacidade de dispersão etc.) e, por isso, são necessárias ações específicas de controle. 

Para ações de vigilância, foi instituído o Programa Nacional de Prevenção e Vigilância de Pragas Quarentenárias Ausentes que visa evitar o ingresso de PQA no território nacional, mantendo um sistema de vigilância para detecção precoce e identificação destas pragas, aplicando medidas de mitigação de risco nos casos de suspeita da sua ocorrência no país.  

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