Valorização da tilápia no Brasil derruba exportação do produto

Em 12 meses, preços do peixe mais consumido no país aumentaram 26%, aponta pesquisador

Da Redação

Valorização da tilápia no Brasil derruba exportação do produto
Preços da tilápia disparam no mercado e criador não pensa em exportação
Divulgação/CNA

A alta nos preços da tilápia, no primeiro trimestre do ano, tornou o mercado interno mais interessante para os produtores do peixe e essa oscilação fez com que as exportações caíssem 16% no período, na comparação com o ano passado. De janeiro a março, a queda é de 31%.

“O aumento do preço da tilápia no mercado interno é um dos principais fatores que explicam a queda nas exportações no primeiro trimestre de 2023, pois a venda interna se tornou mais atrativa do que a exportação”, explicou o pesquisador da área de Economia Aquícola Manoel Pedroza, da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO). 

Pedroza destaca que o preço da tilápia aumentou 26% em 12 meses na região dos Grandes Lagos, em São Paulo, grande produtora da espécie. “Nesse mesmo período, o preço da tilápia inteira congelada exportada apresentou queda de 20%, de acordo com dados do Comex Stat”, complementa. Comex Stat é um sistema de estatísticas sobre o comércio exterior brasileiro disponibilizado pelo Ministério da Economia.

No Brasil, quase a totalidade da produção da piscicultura é consumida internamente. Cerca de 98% do total produzido permanece no mercado interno. “O mercado brasileiro não absorve apenas a produção nacional, como também é um grande importador de pescado. Em 2022, o país importou US$ 1,4 bilhão em pescado, o que equivale a cerca de R$ 7 bilhões. Apenas as importações de salmão totalizaram US$ 803 milhões”, diz Pedroza, mostrando a competição entre os produtos nacional e internacional no que se refere a preço e qualidade.

Números do primeiro trimestre – Entre as diversas categorias de produtos exportados, a de filés frescos ou refrigerados respondeu por quase a metade dos valores relativos ao primeiro trimestre de 2023. Dos R$ 5,9 milhões, quase R$ 2,8 milhões foram dessa categoria, o que corresponde a mais de 47% do total. Na sequência, com quase 30%, está a categoria de peixes inteiros congelados, que movimentou mais de R$ 1,7 milhão.

Com quase 94% dos valores envolvidos em toda a exportação da piscicultura brasileira no período, a tilápia foi o grande destaque, como tem sido nos períodos avaliados nesse trabalho de acompanhamento que a Embrapa Pesca e Aquicultura e a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) desenvolvem conjuntamente desde o primeiro trimestre de 2020. O trabalho é publicado como Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura e a edição mais recente pode ser acessada neste link

Mais de 86% do volume financeiro das exportações da piscicultura nacional entre janeiro e março deste ano vêm dos Estados Unidos, que têm se mantido como o principal mercado para o peixe brasileiro. Esse índice é ainda maior (mais de 89%) quando se analisam as exportações apenas de tilápia. Já em termos de estados, os destaques das exportações de tilápia e de seus derivados no período ficaram com Paraná, com 69% dos valores financeiros, e São Paulo, com mais de 19%.

Esses e outros dados, com detalhes, estão na edição do informativo referente ao primeiro trimestre de 2023. O periódico é fruto do Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui), um dos produtos do BRS Aqua, principal projeto da Embrapa nesta cadeia produtiva. O BRS Aqua envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa, além de bolsistas. Com forte caráter estruturante, já que por meio dele a empresa está incrementando sua infraestrutura de pesquisa em aquicultura, o BRS Aqua também se destaca na formação de recursos humanos especializados na área, sobretudo por conta das bolsas disponibilizadas.

São quatro as fontes de financiamento: o Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec / BNDES); o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), cujo recurso está sendo operacionalizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa); e a própria Embrapa.

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