Sobe para 2.300 o número de animais da pecuária mortos em incêndios no interior de SP

Frangos e bovinos estão entre as principais espécies impactadas pelo fogo

Sobe para 2.300 o número de animais da pecuária mortos em incêndios no interior de SP
Incêndios já vitimizaram mais de 2300 animais
Arquivo/Seagri/MS

Milhares de animais da pecuária perderam a vida nos incêndios, neste fim de semana, no interior de São Paulo. Focos de fogo, possivelmente criminosos, se alastraram rapidamente entre canaviais e propriedades rurais, devido ao forte vento e à estiagem. De acordo com um levantamento realizado pela Ong Sinergia Animal, cerca de 2300 animais morreram devido ao fogo.

Em um único assentamento na área rural de Pradópolis, na região de Ribeirão Preto (SP), as chamas vitimizaram 217 porcos, frangos e galinhas. Em Santo Antônio do Aracanguá, na região de Araçatuba, 43 bois morreram carbonizados em uma fazenda.

Além das consequências diretas, os incêndios também causaram problemas logísticos e de infraestrutura que já impactaram milhares de animais. Na estrada entre Batatais e Ribeirão Preto, 2 mil frangos morreram em três caminhões parados nos bloqueios causados pelo fogo. A situação foi agravada pela alta temperatura.

“Confinados por cercas ou em caminhões, muitos desses animais sequer tiveram a chance de fugir. Em casos como esse, é crucial destacar que os animais criados pela pecuária são tão vítimas quanto os animais silvestres. Eles também são capazes de sentir dor e medo. As suas mortes não são apenas números, são vidas que foram perdidas em meio a um sistema que já negligencia seus direitos mais básicos”, lamenta a diretora da ONG Sinergia Animal no Brasil, Cristina Diniz. 

Em uma fazenda em Itirapina, 70 bois romperam a cerca para fugir do fogo. Outros não tiveram a mesma sorte, em Ribeirão Preto, a Defesa Civil relatou que vacas e porcos presos em um curral não conseguiram escapar das chamas. O mesmo ocorreu em Boa Esperança do Sul, onde 10 porcos e um bezerro foram mortos pelo incêndio que se alastrou rapidamente. Casos semelhantes foram registrados em Santa Isabel e em um haras tomado pelo incêndio em Guapiaçu.

“Abram suas porteiras, é uma questão de vida”, suplicou a prefeita do município de Lucélia, Tati Guilhermino, em um apelo feito aos produtores rurais no rádio. A Defesa Civil declarou que ainda está levantando o número total de animais impactados pela tragédia nas cidades da região. “Mesmo os animais que sobreviveram agora correm risco de sofrer com a falta de alimento em áreas de pasto amplamente devastadas pelo fogo, como já vem ocorrendo no Pantanal”, alerta Diniz.

Em apenas dois dias, segundo o Inpe, São Paulo registrou sete vezes mais incêndios do que em todo o mês de agosto de 2023 e mais focos do que todos os meses de agosto desde 1998. Foram 2.300 focos de incêndio só no fim de semana, queimando mais de 20 mil hectares e deixando 48 cidades do interior de São Paulo em alerta máximo para queimadas.

“Estamos diante de uma tragédia de proporções imensuráveis. Lamentavelmente, este não é um caso isolado — como vimos nos incêndios no Pantanal e nas enchentes no Rio Grande do Sul, onde mais de 1 milhão de animais da pecuária foram impactados. É preciso urgentemente estabelecer planos de contingência eficazes que incluam esses animais em casos emergenciais e repensar os nossos sistemas alimentares para combater a crise climática”, conclui a diretora da Sinergia Animal no Brasil. 

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