O café foi um dos produtos que mais subiu em 2024 e tudo indica que, para os próximos meses, a tendência de alta deve continuar. Isso por que as lavouras de café foram muito prejudicadas com o clima que predominou nas regiões produtoras durante o ano, fazendo a produção despencar no país.
As principais regiões são Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. As lavouras de café enfrentaram a estiagem prolongada durante boa parte do ano, a produção foi prejudicada e ainda, em algumas regiões (principalmente em São Paulo), as queimadas foram responsáveis por destruir cafezais.
As lavouras de café são perenes (não precisam ser replantadas ano a ano), mas a cultura tem uma característica importante, que também influencia na produção, a bienalidade. A bienalidade do café é um fenômeno que se caracteriza pela alternância de anos de alta e baixa produção do cafeeiro. Esse fenômeno acontece porque, em anos de alta produção, a planta consome muita energia e diminui as suas reservas. No ano seguinte, a planta precisa se recompor e, por isso, a produção é menor. E em 2025, as lavouras de café enfrentam o período de bienalidade negativa.
Nesta quarta-feira (8), o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea/USP) divulgou uma análise do mercado de cafés no Brasil e confirma a tendência de alta nos preços do café para 2025. Segundo o relatório do Cepea, o setor ainda não engrenou as negociações do ano e “está lento”. Mas, segundo colaboradores do órgão, a comercialização de cafés deve começar a ganhar ritmo na próxima semana.
No entanto, a expectativa de mais uma safra com a oferta limitada de café no Brasil já está sustentando cotações mais altas para o café arábica. Os preços seguem em patamares reais próximos ao de 1997 em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de dezembro/24).
Para o café robusta, os pesquisadores do Cepea explicam que o quadro é similar. O Vietnã, que é o produtor desta variedade de café também deve ter uma safra menor e tem dificuldades de exportar café aos principais países consumidores. Esses motivos devem manter a oferta mundial apertada, favorecendo a demanda pelo produto brasileiro. E, com o dólar valorizado frente ao Real, as exportações tornam-se muito atraentes para os produtores.
Nesse cenário, a variedade continuará com preços recordes reais, superiores a R$ 1.800/sc de 60 kg nos primeiros dias do ano, conforme o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo. Para o consumidor brasileiro, o café pode passar dos R$ 60 por quilo nos próximos meses.