Safra de tomate industrial termina com 1,7 milhão de toneladas

Perspectiva para a produção em 2025 é menor devido a redução da área plantada

Safra de tomate industrial termina com 1,7 milhão de toneladas
Safra de tomate industrial termina no Brasil
Divulgação/TomateBR

A safra de tomate industrial de 2024 terminou no Brasil com uma produção de 1,7 milhão de toneladas. A informação foi divulgada pela da Tomate BR, associação que reúne todas as agroindústrias de tomate do país, nesta sexta-feira (27). A área cultivada neste ano foi de 18,7 mil hectares e, poderia ter sido ainda maior, mas a incidência de pragas não permitiu.

Apesar da recuperação na produção e área, o clima instável foi um desafio para o setor. “Chuvas intensas no início do ano atrasaram o transplante das mudas e, com as temperaturas elevadas, a proliferação de pragas como a mosca branca resultou na erradicação de 800 hectares de lavouras. Mesmo com os esforços dos produtores, o cenário foi de dificuldades significativas”, explicou Vlamir Breternitz, diretor da Tomate BR, associação que representa a agroindústria de tomates.

Os estados de Goiás e Minas Gerais registraram leve recuperação na produção, de 13% e 11%, respectivamente, e São Paulo, que é o terceiro maior produtorde tomates industriais, teve queda de 6% na safra. 

Mudança na cesta básica gera controvérsia

Além das adversidades na produção, a inclusão do extrato de tomate na cesta básica em substituição ao molho de tomate trouxe uma nova preocupação ao mercado. Embora o extrato seja um produto que compõe o mercado de atomatados, o molho de tomate domina o consumo nacional, representando 91% do volume vendido.

A mudança foi recebida com críticas tanto pela indústria quanto por especialistas em nutrição e economia alimentar. O molho de tomate é considerado mais adequado às necessidades das famílias brasileiras, especialmente as de baixa renda, por ser prático, acessível e já temperado, o que facilita e barateia o preparo de refeições rápidas e nutritivas.

“Essa decisão ignora o hábito alimentar da maioria das famílias, que dependem do molho de tomate como uma solução simples e econômica no dia a dia. Além disso, transferir o foco para o extrato pode impactar negativamente a indústria, que terá que se adaptar a uma demanda artificial e desalinhada com as preferências reais do consumidor”, ressaltou Breternitz.

A medida também levanta questionamentos sobre o impacto na rotina das mulheres, que frequentemente assumem a responsabilidade de gerenciar a alimentação da família. Preparar alimentos com o extrato de tomate exige mais tempo e recursos, o que contraria o objetivo de facilitar o acesso a uma alimentação digna e prática.

Projeções preocupantes para 2025

A safra de 2024 pode ser vista como um “respiro” temporário para o setor, mas as perspectivas para 2025 são de retração. A Tomate BR estima uma redução de 10% na área cultivada, impulsionada pelas previsões de estiagem, ondas de calor e aumento de pragas. “O setor precisa de políticas mais alinhadas às reais necessidades das famílias e de estratégias robustas para enfrentar os desafios de produção”, concluiu Breternitz.

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