A produção brasileira de tabaco da safra 2023/2024 foi encerrada com 508.041 toneladas. Os números foram divulgados pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) por meio de pesquisas realizadas durante a safra junto aos produtores de tabaco. A variedade Virgínia chegou a 461.866 toneladas; o Burley, 37.915; e o Galpão Comum, 8.260 toneladas.
A estimativa divulgada pela entidade, em novembro de 2023, apontava para uma produção de 522.857 toneladas. O presidente da Afubra, Marcilio Laurindo Drescher, explica que o cálculo é realizado usando o número de pés inscritos no Sistema Mutualista, por variedade de tabaco, somando-se o número de pés dos produtores que não estão inscritos no Sistema, mais um percentual de produtores que plantaram a mais ou a menos que o inscrito.
“Conseguimos ter certeza da área plantada, produtividade e produção dependem de clima e tratos culturais. Inclusive, a produtividade sofreu influência direta do El Niño, que provocou um clima mais úmido e quente. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, ocorreram chuvas acima da média que causaram aumento de umidade do solo e doenças fúngicas nas lavouras. As chuvas excessivas dificultaram o desenvolvimento, a colheita e a secagem do tabaco. O Paraná também teve aumento de chuvas, porém, em menor intensidade. Os paranaenses sofreram com a elevação das temperaturas que aceleraram o ciclo de desenvolvimento do tabaco, o que afetou o seu crescimento”.
Ao comparar a safra atual com a anterior, o Rio Grande do Sul teve uma quebra de 14,4%, com a produção em 219.992 toneladas (198.272 de Virgínia, 20.987 de Burley e 733 toneladas de Comum). O estado participou com 43,3% na safra nacional, com uma área de 125.996 hectares (7,1% a mais), produzidas por 68.582 famílias produtoras (+5,9%).
Com os problemas climáticos, a produtividade ficou, no geral, 20,1% menor que na safra passada: 1.786 kg/ha no Virgínia (-19,3%), 1.464 kg/ha no Burley (-25,5%) e 1.174 kg/ha no Comum (-23,8%). Já o preço por quilo teve um acréscimo: R$ 24,31 para o Virgínia (34,7%), R$ 20,43 no Burley (14,7%) e R$ 19,51 para o Comum (14,2%).
As 40.103 famílias produtoras catarinenses (+7,2%) produziram 150.315 toneladas de tabaco (-21,8%): 138.519 no Virgínia (-21,5%), 10.753 no Burley (-25,6%) e 1.043 toneladas no Comum (-18%). Com uma área de 84.280 hectares (+8,8%) a representação do Estado chega à 29,6% da produção brasileira.
A produtividade nas lavouras catarinenses também foi castigada pelo clima – 1.784 kg/ha (-28,1%), em média, nas três variedades: 1.822 kg/ha no Virgínia (-27,5%), 1.453 no Burley (-33,9%) e 1.232 kg/ha no Comum (-38,2%). O preço teve um incremento de 24,6%, em média, no geral, finalizando em R$ 23,00: Virgínia R$ 23,22 (+25,4%), Burley R$ 20,33 (+14,6%) e Comum R$ 20,29 (+24,4%).
E no Paraná, em 73.908 hectares (+11%), as 24.580 famílias produtoras (+7,8%) produziram 137.734 toneladas de tabaco (-12%): 125.075 de Virgínia (-12,8%), 6.175 de Burley (-16,5%) e 6.484 de Comum (+12,4%). Os paranaenses produziram 27,1% da produção sul-brasileira. Na produtividade, também houve quebra em todas as variedades: 1.876 kg/ha no Virgínia (-21,3%), 1.539 no Burley (-23,6%) e 2.008 kg/ha no Comum (-4,3%). O preço médio por quilo seguiu a linha dos dois outros estados: R$ 22,59 no Virgínia (+25,3%), R$ 20,76 no Burley (+17,8%) e R$ 16,89 no Comum (+14,7%).
Segundo Drescher, mesmo com o acréscimo de área plantada, a quebra de safra foi de 22,7%, na produtividade, numa média sul-brasileira, o que fez com que o preço pago ao produtor fosse maior. “No início da safra, quando verificamos o aumento do número de famílias produtoras e, principalmente, de área, nos preocupamos por causa da possibilidade de aumento na oferta de tabaco e, consequentemente, numa baixa remuneração ao fumicultor. Com a interferência do clima, a produtividade ficou prejudicada e, com isso, a produção também”.