Na região Sul do país, as granjas de suínos estão apostando na suinocultura de precisão, uma técnica que une tecnologia de ponta, bem-estar animal e economia.
Em algumas granjas, a mão-de-obra humana foi substituída, em parte, por um robô, capaz de assumir as tarefas como a alimentação e medicação dos animais. O equipamento realiza as tarefas diárias com exatidão, tudo ao som de música clássica.
O robô se chama Roboagro e tem tecnologia nacional, fabricado no Rio Grande do Sul. No computador, o produtor pode programar as quantidades diárias de ração e a frequência que ela é oferecida aos animais.
No caso de medicamentos, também funciona com exatidão: a máquina fica parada e, no horário certo, vai até os animais e fornece o remédio, sem estresse.
As vantagens de ter um robô assim na granja é que, com fornecimento de alimentações em quantidades e frequências certas, os animais ficam mais felizes e engordam mais rápido.
Comer mais, em porções fracionadas
Agora, pesquisadores da Embrapa Aves e Suínos, que fica em Concórdia (SC), comprovaram que, comer mais vezes, em porções fracionadas, também pode fazer os suínos ganharem peso mais rápido e também, agradam mais os animais.
É como estivessem comendo café da manhã, almoço, lanche e jantar. Assim, o resultado é melhor do que ingerindo a mesma quantidade por refeição ao longo do dia, explica o CEO da Roboagro, Giovani Molin.
Em uma das granjas onde o robô atua, os animais alimentados com quatro tratos diários, sendo o primeiro e o último com porções de ração maiores do que nos horários intermediários do dia.
Os animais tiveram melhor desempenho de peso de abate, peso de carcaça quente, ganho de peso diário e conversão alimentar do peso ao abate e da carcaça quando comparados com os demais tratamentos.
Suínos preferem porções diferenciadas ao longo do dia
Molin apontou também, ganhos econômicos com manejo robotizado. “O principal ponto é a melhoria de conversão alimentar, os tratos feitos da maneira indicada no estudo economizam até R$ 15 por animal.
A economia pode chegar a R$ 135 mil por ano por granja. Além disso, uma melhora de 2% na conversão alimentar pode gerar um aumento de 1,6% na margem da agroindústria, que usualmente gira em torno de 8% no total”, disse.
Segundo o pesquisador da Embrapa Aves e Suínos, Osmar Dalla Costa, foram realizados testes em duas granjas, uma destinada ao mercado interno, na qual os suínos recebem um suplemento de ractopamina na ração no final da terminação e outra destinada ao exterior, com a animais sem suplementação.
“Os resultados da alimentação fracionada e em porções diferentes ao longo do dia foram melhores nos animais criados para o mercado interno, com 4 refeições diárias (28%, 22%, 22% e 28%), porém na outra granja também houve aumento do peso dos suínos”, explica.
O Roboagro, permite a alimentação fracionada dos animais e com diferentes quantidades ao longo do dia, diferente de outras formas de arraçoamento. Com o robô, é possível programar os horários e quantidade de alimento fornecido.
“O estudo também mostra que os animais têm mais fome nos horários mais frescos, quando é oferecido volume maior de ração. Dessa forma, evita-se o desperdício e melhora o bem-estar animal”, explica Molin.
Dalla Costa também destaca a economia de ração utilizando o Roboagro. “No custo de produção do suíno, a alimentação corresponde a aproximadamente 80%, então toda redução é bem-vinda. Além disso, diminui a produção de dejetos dos animais, e consequentemente, a pegada ambiental da atividade”, resume o pesquisador.