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Rebanho bovino de Mato Grosso do Sul diminui, mas produção de carne aumenta

Em 22 anos, o rebanho de gado de corte teve redução de 17% e a produção de carne cresceu em 9% devido à Integração Lavoura-Pecuária

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Foto: Reprodução

Um estudo apresentado na Embrapa Agropecuária Oeste apontou que, entre os anos de 2010 e 2024, o estado do Mato Grosso do Sul registrou uma redução de 21% em suas áreas de pastagens, de 22 milhões de hectares em 2010 para 17 milhões de hectares neste ano. A redução deu espaço para cultivos de grãos, florestas plantadas e cana-de-açúcar. No entanto, os dados mostram que a produção de carne no estado aumentou no mesmo período. 

Segundo o engenheiro agrônomo Dirceu Luiz Broch, presidente da MS Integração, isso se deve ao aumento da adoção de sistemas de produção integrados, como a Integração Lavoura Pecuária (ILP). “O Sistema ILP evoluiu muito nesses 30 anos: novas variedades de soja, espécies forrageiras, mix de forrageiras, manejo do gado, genética do gado, irrigação em sistema ILP. Praticamente o sistema ILP nasceu no no município de Maracaju, na propriedade de Ake B. van der Vinne e Krijn Welemaker que desejavam aumentar a palha no Sistema Plantio Direto e rotacionar culturas com a soja”, contou.   

Mesmo com diminuição do rebanho em Mato Grosso do Sul, houve aumento na produção de carne, “o que é reflexo da ILP”, garante Broch. No período de 22 anos, o rebanho do estado diminuiu em 17% e a produção cresceu 9%. “[A pecuária de corte] é uma atividade que está em todo o território de Mato Grosso do Sul, mas enfrenta o problema da qualidade da pastagem: de 30% a 40% de pastagens estão em algum grau de degradação, o que faz perder a rentabilidade e a sustentabilidade na produção. 

Segundo Broch, se o produtor rural não começar a integrar de forma mais profissional vai continuar perdendo área para a soja, cana-de-açúcar, eucalipto e outras atividades que são demandadas pelo mercado. 

Entre as vantagens do sistema de integração estão a estabilidade e a segurança. Em momentos de seca e instabilidade, por exemplo, o produtor de ILP encontra-se numa situação financeira melhor do que em áreas de sistema convencional. “A ILP é um sistema conservacionista: aumenta palha, aumenta a rotação de culturas, aumenta crédito de carbono, reduz a evapotranspiração do solo, entre outros pontos positivos”, pontuou.

Entre os desafios para a inserção do produtor rural na ILP estão a necessidade de vocação, o gosto pela atividade, tanto por parte do pecuarista quanto do agricultor; de experiência na atividade; o medo do desconhecido; o custo para o pecuarista (a exemplo de máquinas e correção de solo), o custo para o agricultor (como a montagem de cerca, compra de gado); e a ILP versus o arrendatário: como montar infraestrutura em área arrendada, como manejar o gado, manejar corretamente a altura do pasto para não comprometer a produtividade da soja. 

Mas, apesar dos desafios, a Integração Lavoura-Pecuária possui mais vantagens do que desvantagens. A integração produz palha em quantidade suficiente para aumentar a produção da cultura da soja e viabiliza o cultivo da oleaginosa em solos arenosos. “Milho safrinha não gosta de areia, não é lucrativo. Depois da soja, a pecuária é a única atividade rentável que ajuda a pagar a conta, é o casamento perfeito [da pastagem] junto com a soja, principalmente em solos arenosos”, afirmou Broch.  

Na safra de 2023/24, ano muito seco, a média de produtividade da soja em Mato Grosso do Sul foi de 48,84 sc/ha. Broch relatou que, na Fazenda Cabeceira, em Maracaju, MS, a produtividade média da soja foi de 70 sc/ha, com alguns talhões chegando a 87 sc/ha, devido aos benefícios da ILP. Em relação à pecuária, o rendimento de carcaça foi de 53%, com sistema de cria/recria/engorda (não compram animais), a venda de animais (raças Brangus e Braford) foi realizada com média de 17 meses e média de 18@/cabeça. 

Com relação à adubação, ele recomendou a aplicação de fósforo e potássio na pastagem “e não se aduba a soja”, adubando com sulfato e amônio em setembro e ureia protegida em janeiro. Um pasto se degrada cerca de 30% se não for adubado de um ano para o outro. “O pasto tem que estar rodando, recuperando ou entrando com nitrogênio para não deixar ele cair”, alerta.

A rentabilidade em reais (R$) do Sistema ILP na Fazenda Cabeceira em 2024 foi de R$ 2.520,00 para a soja, R$ 453,75 para o milho safrinha e R$ 297,00 para a pecuária no verão. “Mesmo com sistema tecnificado, a pecuária teve menor rentabilidade que a soja e o milho, mas foi a integração que possibilitou a maior rentabilidade das duas culturas, porque aumentou a palhada e fez a melhoria do solo”, garantiu Dirceu Broch.

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