O Brasil perdeu, nesta quinta-feira (29) um dos principais nomes do agronegócio mundial, Alysson Paolinelli. O engenheiro agrônomo de 86 anos estava internado havia um mês no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte (MG). Ele teve complicações pós-cirúrgicas e desde a semana passada, problemas respiratórios e renais. O governo de Minas Gerais decretou luto oficial de três dias no Estado. Veja a trajetória de Alysson Paolinelli, ex-ministro que já foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.
Alysson Paolinelli nasceu em Bambuí, Minas Gerais, no dia 10 de julho de 1936. Ele era filho de um engenheiro agrônomo, Antônio Paulinelli e da professora Adalgisa Luchesi Paulinelli. Aos 23 anos, formou-se também engenheiro agrônomo na faculdade de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Lavras (hoje, Universidade Federal de Lavras).
Recém-formado, tornou-se professor da instituição e entre 1966 e 1967, ocupou o cargo de vice-diretor da ESAL, e de 1967 a 1971, exerceu a função de diretor da instituição. No período, também assumiu a função de presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior.
Em 1971, Alysson Paolinelli assumiu a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, que comandou até 1974. A atuação como secretário o levou ao Ministério da Agricultura, em 1974 até 1979, a convite do presidente Ernesto Geisel.
Ocupação do Cerrado
Foi como ministro da agricultura que Alysson Paolinelli deixou a sua maior marca na agricultura brasileira, como um grande incentivador da produção agrícola do Cerrado brasileiro.
O ministro Paolinelli investiu fortemente em ciência e tecnologia, enviando 2 mil pesquisadores para realizar cursos de pós-graduação nas melhores instituições do mundo, com a condição de que retornassem ao Brasil e aplicassem o conhecimento adquirido em benefício do país.
Ainda como ministro da Agricultura do Brasil, Alysson Paolinelli foi responsável por criar instituições, políticas e organizações que impulsionaram a modernização da agricultura tradicional, entre elas o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro) e o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Prodecer).
Paolinelli também atuou na criação do Programa Nacional do Álcool (ProAlcool) em 1975. O ProAlcool foi o maior projeto do mundo para incentivar o uso de um combustível renovável produzido a partir da biomassa (etanol).
Brasil era importador de alimentos
Nos anos 1970, o Brasil ainda não produzia alimentos em volume suficiente para atender a demanda da população e o país era um importador de alimentos. Para aumentar a produção local, Paolinelli investiu na recém-criada Embrapa e aumentou o número de centros de pesquisa em alimentos no Brasil para 46 unidades. Dentre estes novos centros, constam as unidades Cerrado, Milho e Sorgo, Arroz e Feijão, Gado de Corte e Hortaliças, com a função de desenvolver manejos e alimentos adaptados à região do Cerrado. No ministério, Paolinelli também fundou o Serviço de Produção de Sementes Básicas (SPSB).
No final dos anos 1990, estes centros foram responsáveis por incrementar a produção de alimentos na região, o que levou o Brasil a ser autossuficiente em alimentos e atualmente, o maior exportador do mundo.
A atuação de Alysson Paolinelli como ministro permitiu a transformação do Cerrado em um polo dinâmico na produção agrícola, tornando-se um exemplo não só para o Brasil, mas também para o mundo. Em 2021, Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz por promover o aumento da produção alimentar no mundo e o acesso aos alimentos.
Após deixar o Ministério da Agricultura, Paolinelli foi presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), entre 1987 e 1990, deputado federal constituinte(1987/1991) e em 2011, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).