Elas são muito mais do que mel e têm um papel de suma importância na preservação dos ecossistemas e na produção de alimentos e é, por isso, que no dia 03 de outubro é celebrado Dia Nacional da Abelha. “Elas são essenciais para a vida na Terra”, define Flávio Yamamoto, gestor ambiental e responsável técnico do Meliponário do Pavilhão Japonês, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
O mel e os derivados produzidos no parque paulista pelas colmeias de abelhas nativas, chamadas de abelhas sem ferrão - como Irai, Mandaçaia e Uruçu Amarela - não são comercializados, são um dos atrativos do pavilhão. Mas, milhares de agricultores do País, têm no mel sua principal fonte de renda. “Além de alimento e adoçante natural, o mel também é um gerador de empregos e uma força motriz para o desenvolvimento de comunidades rurais”, ressalta Vanilda Luciene, presidente da Câmara Setorial de Produtos Apícolas, ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
“É uma cadeia produtiva que vem se organizando com o objetivo de aumentar o consumo de mel no País, seja por ações de promoção junto ao mercado consumidor ou em iniciativas de acesso a mercados, como a inclusão do mel e seus subprodutos na merenda escolar”, avalia José Carlos de Faria Junior, coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da SAA.
Segundo Joel Andrade, presidente da Associação dos Apicultores do Polo Cuesta, com apoio da secretaria os produtores estão mais unidos. “A Câmara Setorial têm nos ajudado a encontrar novos mercados e criar campanhas para incentivar o consumo.”
Vale ressaltar, que a cadeia produtiva do mel movimenta anualmente no Brasil mais de R$ 950 milhões. No ano passado, o setor bateu recorde de produção, com 61 mil toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao ano anterior, o crescimento foi de 9,5%, impulsionado pelo aumento na demanda por mel e derivados, como própolis e geleia real.
O Estado de São Paulo, principal consumidor de produtos apícolas do País, conta com pouco mais de mil propriedades, que juntas, produzem cerca de 4,8 mil toneladas de mel por ano, principalmente de apiários localizados na região de Botucatu, onde a florada do eucalipto resulta num mel diferenciado e de alta qualidade.
Segundo Joel Andrade, o volume produzido no País vem crescendo pela expansão da atividade, que tem atraído um crescente número de produtores, mas a produtividade das colmeias vem caindo ano a ano por conta do clima adverso. “As abelhas são um grande termômetro do tempo, qualquer mudança brusca no tempo elas sofrem”, explica o apicultor, que afirma ter reduzido em 60% a produtividade de suas colmeias.
Além disso, um outro fator que tem prejudicado muito as abelhas é a eventual contaminação por defensivos agrícolas, que resulta na mortalidade dos insetos. Esta contaminação e a mortalidade pode ser evitada com informação e planejamento técnico. Um estudo da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura, apresentado em um congresso no Chile, pela médica-veterinária e gerente do Programa Estadual de Sanidade das Abelhas (PESAB), Renata Taveira, revelou que o inseticida fipronil foi o princípio ativo encontrado com maior frequência em abelhas mortas no Estado de São Paulo, assim como acaricidas, fungicidas e herbicidas.
Segundo Renata Taveira, essas mortalidades acontecem, principalmente, em colmeias que ficam próximas a propriedades agrícolas que fazem pulverização aérea. No Estado de São Paulo, os agricultores devem seguir regras específicas para a utilização de defensivos agrícolas nas lavouras e por isso é importante que os apicultores estejam com seus apiários regularizados junto ao serviço de Defesa. "Quando o produtor deixa de se regularizar, as chances de mortalidade podem ser maiores, pois as probabilidades de um defensivo atingir um apiário irregular são maiores", explica Renata.
A Câmara Setorial de Produtos Apícolas, fórum permanente que reúne a cadeia produtiva do mel, tem como uma de suas ações incentivar a regularização dos apicultores, buscando melhorar a comunicação entre os produtores, com apoio e a parceria constante da CDA e da CATI. “Aos poucos, o setor vem se conscientizando da importância da regularização das colmeias e vem organizando ações para crescer e evitar a mortalidade das abelhas”, afirma o coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da Secretaria de Agricultura.
E para conhecer de perto os problemas da cadeia apícola paulista, pela primeira vez técnicos da Coordenadoria de Defesa Agropecuária estão realizando vigilância ativa nos apiários. A meta do governo estadual é analisar 120 propriedades até o final do ano. “A partir daí teremos um diagnóstico real das condições sanitárias das colmeias de São Paulo”, acredita Renata Taveira. "Além disso, os técnicos estão levando informações sobre pragas que afetam as abelhas e até mesmo indicando boas práticas de manejo aos apicultores”, conclui.