Prepare o bolso: carne bovina vai ficar mais cara a partir de 2025

Com mudança no ciclo da pecuária, a disponibilidade de carne bovina no Brasil começa diminuir a partir do ano que vem

Por Viviane Taguchi

Carne bovina produzida no Pará foi bloqueada pela Rússia após caso de Mal da Vaca Louca
Wenderson Araujo/Trilux/CNA

Os preços da carne bovina, que estão se mantendo estáveis desde fim de 2022, devem começar a subir a partir de 2025. A projeção da consultoria Datagro prevê que em 2025, o abate de animais no Brasil deve cair 4,6% e em 2026, 7,5%. Esse retorno das altas no preço da carne se deve, principalmente, ao início da inversão do ciclo da pecuária. Na prática, é quando a produção começa a cair e, por isso, os preços devem subir.

A expectativa do setor é que 2024 termine com o abate de 37 milhões de cabeças de gado que, se confirmado, será o maior volume de abates já registrado no país. 

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre de 2024, o Brasil marcou um novo recorde no abate de bovinos: 9,96 milhões de cabeças, alta de 17,5% em relação ao mesmo período de 2023 e 6,7% em relação ao primeiro trimestre. Esse resultado é reflexo da forte demanda, dos mercados interno e externo, mas principalmente da grande disponibilidade de gado para abate.

Nesta terça-feira (17), o Imea (Instituto Matogrossense de Economia) apontou que Mato Grosso, que é o estado com o maior rebanho no Brasil, bateu um recorde, com 949,58 mil toneladas da proteína no 1º semestre de 2024.

Especialistas em pecuária do Itaú BBA apontam que a oferta de carne bovina, em 2024 deve encerrar o ano com alta de 13%, o que fará com que o consumidor brasileiro também tenha aumentado a média de consumo de carne bovina, com 32 quilos de carne por habitante.

O que é ciclo da pecuária: sobe e desce dos preços da carne de boi

O ciclo da pecuária é um fenômeno que se caracteriza por flutuações periódicas nos preços da carne e do gado no campo, com períodos de alta e de baixa. Esse ciclo é determinado pela produção. Com o aumento de bezerros no campo, os preços caem e há um aumento no ritmo de abates de fêmeas (o que ocorreu em 2022, 2023 e 2024) e por isso, os preços caem. Com a redução no rebanho disponível para abates, os pecuaristas começam a reduzir a venda de gado para os frigoríficos, ou seja, a oferta diminuiu, e os preços voltam a subir, o que deve começar a ocorrer a partir de 2025 até 2027, quando de fato, o ciclo se inverte.

De acordo com a Embrapa Gado de Corte, a duração do ciclo da pecuária está diminuindo ao longo dos anos, mas atualmente no Brasil, ainda gira em torno de 5 a 6 anos. Com o aumento da produtividade no campo (animais engordando mais rápido), os abates também começam a ocorrer mais cedo.

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