Preços da carne bovina vão continuar em alta em 2025; entenda

Número de animais prontos para o abate deve cair 5% reduzindo a oferta e fazendo o preço subir no Brasil

Por Viviane Taguchi

O preço da carne bovina vai voltar a mexer com a rotina do consumidor brasileiro. A tendência de alta nos preços deve ser fortemente sentida em 2025. O momento é de recuperação para os pecuaristas, com a volta da valorização da arroba do boi gordo, mas para os consumidores finais, o preço da carne deve voltar a pesar no bolso. 

Em 2024, a carne bovina já registrou altas consideráveis, sobretudo em cortes que tradicionalmente são mais baratos como o patinho, que subiu 19,63%, o acém, com alta de 18,33%, peito com 17% de alta e até o lagarto, com reajuste de 16,9% nos últimos 12 meses. No período, o único corte que ficou mais barato foi o fígado, com redução de 3,61%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em novembro, o aumento médio nos preços das carnes foi de 15,43%.

Especialistas apontam alguns fatores para as altas, como a forte estiagem que atingiu a maior parte do país durante o ano, deixando os pastos empobrecidos e forçando os pecuaristas a investirem em suplementação nutricional (o que eleva os custos de produção) e a forte demanda do exterior. No entanto, o principal fator que está fazendo o preço da carne aumentar é a falta de animais prontos para o abate e, com a menor oferta, o preço sobe.

Ciclo da pecuária é natural

A menor oferta de animais segue um ritmo natural da pecuária, que ocorre de tempos em tempos. O ciclo pecuário é um período marcado por flutuações nos preços do gado e da carne, com períodos de baixa e alta, que se repetem de tempos em tempos. 

Isso acontece devido à natureza da pecuária de corte, que é uma atividade de ciclo longo. A gestação de uma vaca dura em torno de 280 a 290 dias (9 meses) e, do momento em que um bezerro nasce até que ele atinja o peso mínimo para ser abatido, com pelo menos 18 arrobas (270 kgs), levam-se cerca de 24 meses (dois anos) em média. Esse período de engorda depende das condições da criação (o bovino pode estar no sistema extensivo, no pasto, ou em sistema intensivo, em confinamento), oferta de alimentos, clima e raça.

No mercado, quando a oferta de gado gordo aumenta, os preços caem, e outras categorias como o gado magro e bezerros também se desvalorizam. Sob pressão econômica, os pecuaristas começam a vender suas vacas para o abate.

No entanto, com a redução no rebanho de vacas, que são as matrizes, a produção de novos bezerros também diminui, bem como o número de animais prontos para o abate. A oferta reduzida faz o preço da carne subir novamente. 

Em 2024, depois de dois anos de oferta alta, o número de animais prontos para o abate começou a diminuir e por isso, os preços da arroba e da carne, no varejo, começaram a subir. 

Tendência para 2025

No ano que vem, as projeções apontam que os abates bovinos já devem cair 5%, aumentando no ano seguinte. De acordo com a consultoria Safras & Mercado, em 2025 os frigoríficos devem abater 36,485 milhões de cabeças, uma redução de 5,63% em relação a este ano, em que foram abatidos 38,661 milhões de cabeças. 

De acordo com o consultor Fernando Iglesias, a queda esperada nos abates frente ao volume recorde projetado para este ano leva em conta o processo de inversão do ciclo pecuário, que deve contribuir para uma retenção maior de fêmeas bovinas no campo, com foco na recomposição do rebanho. Mas, segundo ele, mesmo com a queda, o Brasil deve registrar em 2025 o segundo maior abate de bovinos da história.

Durante todo o ano, os brasileiros pesquisaram na internet sobre o preço da carne. Na sala digital Band Google, o tema foi um dos mais buscados no último semestre. 

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