Entenda por que lagarta interceptada em Guarulhos poderia acabar com as frutas no Brasil

Mais de meia tonelada de frutas vindas dos Estados Unidos continham praga quarentenária e foram barradas por fiscais na chegada ao Brasil; produto foi incinerado para impedir riscos à agricultura nacional

Entenda por que lagarta interceptada em Guarulhos poderia acabar com as frutas no Brasil
Pêssegos contaminados com lagartas
Mapa

Uma carga de pêssegos contaminada por uma praga agrícola que nunca foi registrada no Brasil colocou em alerta todo o sistema de defesa agropecuária federal. Isso por que, caso essa praga entrasse no Brasil, ela poderia causar danos irreversíveis à fruticultura nacional. Entenda por que uma pequena lagarta poderia acabar com as frutas no Brasil.

A fiscalização do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) barrou, na última terça-feira (11), a entrada de 576 quilos de pêssego contaminados no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A carga, que vinha dos Estados Unidos, foi interceptada por auditores fiscais federais agropecuários, que constataram a presença de uma praga quarentenária de risco à agricultura nacional. O material será encaminhado para incineração.

As frutas chegaram ao país por meio de importação regular na sexta-feira (7) e passaram pelo processo de análise padrão, que vem acompanhado de um certificado fitossanitário. Ainda assim, os auditores realizaram novos exames para conferir a segurança da carga e o resultado laboratorial confirmou a presença da Anarsia lineatella, uma broca da ordem Lepidoptera e ausente no Brasil. A lagarta está listada na Portaria SDA nº 617/2022, que atualiza a lista de Pragas Quarentenárias Ausentes (PQA).

“Diariamente chegam cargas de frutas importadas no aeroporto de Guarulhos. Sabemos que a emissão do certificado é baseada na inspeção de parte da carga, ou seja, de uma amostra. Então, cabe à Vigiagro certificar que a carga está realmente livre de qualquer praga que represente risco agropecuário. Então, ao entrar no Brasil, uma nova amostragem é realizada, levando-se os frutos para exames sob lupa, onde além da observação da parte externa, também são realizados cortes para observação da parte interna”, explica a auditora federal Sandra Kunieda, chefe da Vigiagro em Guarulhos. 

Neste caso específico, ao realizar o corte de uma das frutas, encontrou-se a larva viva. “É um tipo de broca que ataca pomares de frutas de caroço e causa perda econômica significativa nos países onde ocorre. Mas como ela não existe no Brasil, as consequências de sua introdução para a fruticultura nacional são imprevisíveis. A medida emergencial adotada é a realização de fumigação, que é um tipo de tratamento químico, para mitigar os riscos de escape e introdução da praga no país. Depois, parte para incineração”, complementa a especialista.

O exame laboratorial que encontrou a praga foi feito no Agronômica - laboratório de diagnóstico fitossanitário, localizado de Porto Alegre (RS), e faz parte do processo padrão de vigilância. A ação da Vigiagro e dos servidores, seja em portos, aeroportos ou fronteiras secas, é diária e focada na proteção da agropecuária brasileira. Caso uma carga contaminada entre no país sem fiscalização, os riscos à segurança nacional são inimagináveis.

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