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Pesquisa mostra que agricultor brasileiro é o mais aberto para técnicas regenerativas

Três em cada quatro agricultores estão abertos a inovações para lidar com as mudanças climáticas, revela pesquisa global em 8 países

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Trilux/CNA

Globalmente, 75% dos agricultores já são impactados pelas mudanças climáticas ou estão preocupados com as consequências e 71% apontam a perda de produtividade como uma grande preocupação. Cerca de 6 em cada 10 já experimentaram perda significativa de receita devido a eventos climáticos fora do normal recentemente. Como parte da solução, os agricultores contam com inovações: 75% estão abertos a implementar novas tecnologias para lidar melhor com as mudanças climáticas. No Brasil, esse número cresce para 91%, posicionando o agricultor brasileiro como um dos mais sustentáveis no planeta. O desejo por mais produtividade, fazendas resilientes e proteção dos meios de subsistência está gerando interesse e adoção de abordagens mais regenerativas e tecnológicas para a agricultura.

Essas são algumas das principais conclusões da edição de 2024 do Farmer Voice, um estudo realizado entre 2.000 agricultores na Austrália, Brasil, China, Alemanha, Índia, Quênia, Ucrânia e Estados Unidos, conduzido pela empresa global de pesquisa de mercado Kynetec, em parceria com a Bayer. A pesquisa revela os desafios, aspirações e necessidades dos agricultores em tempos de mudanças climáticas, digitalização e volatilidade econômica e política.

Segundo Rodrigo Santos, presidente global da divisão agrícola da Bayer, a Farmer Voice destaca que os agricultores continuam enfrentando desafios econômicos e ambientais cada vez maiores. “É importante ressaltar o trabalho vital desses profissionais, que é fornecer alimentos para o mundo. Esses agricultores buscam inovação para ajudá-los desempenhar suas atividades da melhor forma possível e um ambiente no qual possam se voltar cada vez mais para práticas regenerativas, tornando os sistemas alimentares mais resilientes, trazendo benefícios para o planeta, garantindo uma segurança alimentar e de seus meios de subsistência”, afirma o executivo brasileiro. 

Os principais desafios dos agricultores no campo são motivados por instabilidades climáticas e incertezas econômicas. Em relação aos próximos 3 anos, mais de um terço dos consultados colocou a volatilidade em relação a eventos climáticos extremos (37%) ou instabilidade de preço/renda (36%) entre seus três principais desafios. 

De acordo com a pesquisa, o agricultor brasileiro é bastante consciente em relação às mudanças climáticas que o país vem enfrentando nos últimos anos. Cerca de 61% dos entrevistados dizem acreditar que esse é o principal desafio produtivo no momento, seguido por custos e disponibilidade de mão de obra (35%) e ameaça do aumento de perda nas lavouras em decorrência de pragas e doenças (31%). 

Embora tenham permanecido estáveis em comparação com os resultados de 2023, o estudo deste ano revelou um aumento notável de decisões políticas ou regulatórias como uma preocupação fundamental, com 29% dos agricultores citando isso como um dos três principais desafios ao seu negócio, o dobro da quantidade em comparação ao ano passado. 

Agricultores usam tecnologias digitais para enfrentar desafios e melhorar os seus negócios

A digitalização é uma das maneiras de lidar com os diferentes tipos de obstáculos e tornar a agricultura mais produtiva. Quase dois terços dos agricultores consultados já usam ferramentas digitais, e outros 25% planejam fazê-lo no futuro. Agricultores ao redor do mundo estão lançando mão de ferramentas digitais para uma variedade de aplicações, como previsão, otimização de decisões agrícolas ou aplicação de precisão.

Os principais fatores que impulsionam a adoção digital são econômicos: 88% veem a melhoria da produtividade das colheitas como uma justificativa para usar aplicações digitais, enquanto 85% citam economia de custos e 84% a melhoria da qualidade das colheitas. Garantir a sustentabilidade a longo prazo de práticas agrícolas ocupa um quarto lugar próximo (79%), destacando a dedicação dos agricultores à administração da terra.

Há, porém, uma clara divisão digital entre países com uma parcela maior de pequenos agricultores em comparação a outros mercados. O agricultor brasileiro, por exemplo, demonstra ser um dos mais adeptos a soluções digitais no campo. De 307 entrevistados no país, 79% usam alguma ferramenta digital com frequência ou ocasionalmente. Além disso, 72% dos entrevistados no Brasil demonstraram ter interesse em saber mais sobre os potenciais usos de Inteligência Artificial nas lavouras. O número é superior à média global, em que 65% dos agricultores estão usando ferramentas digitais hoje, e consideravelmente à frente de países como China (49%), Quênia (42%) e apenas Índia (8%). 

A abertura dos agricultores em relação às tecnologias digitais se reflete no interesse e na vontade de aprender sobre inteligência artificial (IA). Enquanto 72% dos agricultores têm pouco conhecimento das aplicações atuais de IA na agricultura, quase dois terços (62%) estão interessados em aprender mais.

Agricultores adotam práticas regenerativas para melhorar a saúde e a produtividade do solo

 O papel da sustentabilidade na motivação dos agricultores para usar ferramentas digitais ressalta a importância da digitalização na transição para um futuro de agricultura regenerativa. Semelhante às motivações para a digitalização, os agricultores veem o aumento e a melhoria da produtividade entre os resultados mais importantes que a agricultura regenerativa precisa trazer, ao lado da saúde do solo.

“Uma das questões mais urgentes é como podemos atender as demandas de proteger o meio ambiente, produzir alimentos suficientes e garantir que os agricultores possam viver de seu trabalho”, diz Rodrigo Santos. “A resposta para isso está no conceito de agricultura regenerativa. Para nós, significa aumentar a produção de alimentos, a renda agrícola e a resiliência em um clima em mudança, ao mesmo tempo em que restaura a natureza. Essa evolução exigirá um esforço conjunto de agricultores, sociedade e empresas.”

E os agricultores já começaram essa jornada. Mais de 90% deles já adotam pelo menos uma prática de agricultura regenerativa em suas operações. Em média, cada agricultor implementa cerca de sete das 17 práticas mais comuns desse modelo, evidenciando que ainda há um longo caminho a percorrer. As práticas mais amplamente implementadas são a rotação de culturas, a manutenção da fertilidade do solo pela adição de nutrientes e o monitoramento da saúde do solo.

O Brasil lidera neste quesito entre os oito países que fizeram parte da pesquisa. O levantamento concluiu que as lavouras brasileiras utilizam, em média, cerca de 10 práticas de agricultura regenerativa, acima da média mundial. Entre as principais práticas adotadas no Brasil, estão plantio direto, rotação de culturas, análise de solo e uso de biofertilizantes e bioestimulantes.

Os agricultores acreditam que o seu trabalho é fundamental e querem ser ouvidos

 Apesar da ampla gama de desafios enfrentados pelos agricultores, eles enxergam o potencial e o valor do que fazem. Os agricultores se veem como essenciais para garantir a segurança alimentar (95%) e, consequentemente, acham que merecem mais crédito por seu papel (91%). Eles também consideram o trabalho que fazem importante para a sociedade em geral (94%). Isso resulta em dois terços deles dispostos a encorajar as gerações futuras a seguir a agricultura como carreira.

Além disso, o estudo concluiu que o agricultor no Brasil tem um perfil mais otimista em relação ao setor do que produtores de outros países, já que cerca de 89% dos produtores brasileiros entrevistados afirmam incentivar futuras gerações a empreender no agro. É um contraste em relação ao indicador mundial apurado pela pesquisa, que é de 63%.

“Os agricultores querem ser reconhecidos por suas contribuições à sociedade. Todos nós podemos apoiar seu trabalho, seja atuando diretamente com os agricultores, desenvolvendo políticas adequadas ou simplesmente nos beneficiando dos frutos de seu trabalho”, afirma o presidente da Bayer. “A voz do agricultor é importante. Com grandes desafios pela frente, precisamos continuar a ouvi-los e aprender com eles.”

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