Não é uma história de pescador! Um homem conseguiu pescar dois pirarucus gigantes em São Paulo, em dois dias consecutivos de pesca. O guia de pesca Odair Camargo fisgou os peixes no último feriadão, quando programou uma pescaria com outros dois homens no rio Grande, em Mira Estrela, na região noroeste, próximo à divisa com Minas Gerais. Nas redes sociais, Camargo contou que pescou, no dia 15 um peixe de 161 quilos e no dia seguinte, um de 133 quilos e 2,27 metros de comprimento. O local fica próximo à Prainha de Cardoso.
Odair contou que ele e os amigos levaram mais de duas horas para conseguir levar o bicho até a beira do rio. O trio se revezou para segurar o equipamento de pesca e guiou o barco até à margem. "Se não for com o motor ligado, não tem como tirar um peixe desse tamanho da água", disse.
Segundo ele, que trabalha como guia de pesca na região há 30 anos, o peso médio dos peixes fisgados na região é de 60 a 80 quilos. Odair, de acordo com os amigos, é um exímio caçador de pirarucus na região, mas nunca tinha pescado exemplares tão grandes. No mês passado, o pirarucu pescado por ele tinha 80 quilos. Ele vendeu os dois peixes.
No dia 1º de novembro começou a piracema no estado de São Paulo. Nesse período, que vai até o dia 28 de fevereiro de 2025, o transporte, captura e armazenamento de espécies de peixe nativas está proibida. O pirarucu, porém, não é uma espécie nativa desta região. O peixe é originário da Bacia Amazônica e foi ntroduzido na região possivelmente devido a escapes acidentais de tanques de produção ou povoamento forçado.
Na região, entre as barragens da usina hidrelétrica de Marimbondo e da usina hidrelétrica de Água Vermelha, que foram construídas na década de 1970, a construção diminuiu a correnteza do rio, formando um ecossistema semelhante ao habitat natural do pirarucu na Amazônia.
O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do planeta, podendo ultrapassar 3 metros de comprimento e pesar em torno de 200 quilos. Nos últimos anos, pescadores têm registrado a sua presença com frequência no rio Grande, corpo d’água pertencente à bacia do alto rio Paraná que banha os Estados de São Paulo e Minas Gerais.
A introdução de uma espécie não nativa e que se alimenta principalmente de outros animais aquáticos despertou preocupação de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) sobre os impactos nas relações ecológicas e na população local de peixes, estimulando a criação de projetos de pesquisa que investiguem as consequências da presença desse predador amazônico em águas da região Sudeste.