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Pesadelo dos agricultores, lagarta helicoverpa ataca plantações de milho

A praga está avançando sobre lavouras de variedades biotecnológicas principalmente na Bahia e Maranhão

Da Redação

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Divulgação

Há pelo menos três safras, os ataques da lagarta Helicoverpa às biotecnologias de milho, sobretudo às mais adotadas pelos agricultores, se intensificam em áreas estratégicas do agronegócio, principalmente nas regiões Oeste da Bahia e Maranhão, regiões que fazem parte do “Matopiba”. Relatos e trabalhos alertam para a necessidade de fomentar uma mudança no comportamento do produtor, diante dos danos cada vez mais severos dessa praga ao milho safrinha e ao milho verão.

As consultorias Evoterra e a Multcrop estão pesquisam e desenvolvem, há mais de dois anos, estratégias de manejo para minimizar potenciais prejuízos da lagarta, que em dias é capaz de destruir uma lavoura grande de milho. “Cerca de 70% dos 30 mil hectares de milho assistidos pela Multcrop entre a Bahia e o Piauí já convivem com a Helicoverpa”, destaca Tiago Souza, diretor da Multcrop, empresa que atua nessas regiões. 

Octavio Augusto Queiroz, diretor da Evoterra,  que está presente no Maranhão, diz que na safra passada, a consultoria impulsionou de vez, no milho, o manejo da Helicoverpa, “em virtude da alta pressão da praga, hoje um problema real”. 

Perdas de R$ 70 milhões - Os executivos enfatizam a importância de o produtor observar o momento exato para aplicar inseticidas no controle da Helicoverpa no milho. “O momento da pulverização é mais importante do que a dose do agroquímico utilizado”, adverte Queiroz. “Realizamos o manejo integrado da praga e usamos armadilhas para as mariposas (‘atrai e controla’). O alvo é de difícil controle. Nós validamos os baculovírus entre as ferramentas recomendadas aos agricultores”, continua o especialista. “Se existe mariposa em armadilhas da lavoura, fatalmente haverá ovos da Helicoverpa na cultura.”

Conforme observa Queiroz, as aplicações bem-sucedidas de baculovírus, isolados ou associados a inseticidas químicos, acontecem quando o milho se encontra no estádio do ‘pré-pendoamento’, ou seja, enquanto os ‘cabelos’ da espiga ainda não emergiram. “Assim, ao eclodir, a lagarta já entra contaminada na espiga e tende a morrer. Este é o ponto crucial. Aplicações a partir do R1 (pendoamento), por sua vez, tornam o controle bem mais difícil.” 

Tiago Souza, da Multcrop, acrescenta ser hoje fundamental “rever algumas práticas”. “Na região do Mapitoba temos agora de colocar uma lupa no milho, pensando na Helicoverpa e na Spodoptera”, diz. “A quebra da biotecnologia se tornou realidade, estamos perdendo grãos.” De acordo com ele, estudos demonstram que na área coberta pela Multcrop houve perdas recentes de 4 a 4,5 sacas do cereal, por hectare, frente à pressão mais forte da Helicoverpa.

“Numa conta simples, se há nessa região cerca de 250 mil hectares de milho, a R$ 70 a saca, falamos de R$ 70 milhões em prejuízos, isso numa fronteira pequena comparada a Goiás, Mato Grosso e Paraná”, exemplifica. “Estamos em busca de alternativas. Passamos a trabalhar com baculovírus, vimos que resolvem bem. Não zeraremos a lagarta com nenhuma ferramenta, mas com os vírus observamos uma redução expressiva de danos, na faixa de 70%.”

Tiago Souza acrescenta que em áreas de algodão cobertas pela Multcrop o emprego de atrativos capturou mais de 70 mariposas por metro. “Trata-se de um dado relevante. Essa ferramenta se tornará a cada dia mais comum nas diversas culturas, ainda mais neste momento em que a indústria apresenta baixa capacidade de inovação em moléculas químicas e mecanismos de ação.”

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