Perigo: onda de calor pode encarecer o preço dos alimentos no Brasil

El Niño provoca uma onda de calor seguida de uma de frio e isso pode danificar plantações e a saúde dos animais

Viviane Taguchi

Perigo: onda de calor pode encarecer o preço dos alimentos no Brasil
Calor pode prejudicar plantios de culturas de ciclo curto
Wenderson Araujo/Trilux

A onda de calor anunciada para esta semana, na maior parte do Brasil, com temperaturas pelo menos 5ºC acima das médias para o período poderão elevar o custo dos alimentos no Brasil nos próximos meses. Isso porque as altas temperaturas podem causar sérios prejuízos às lavouras, principalmente de cultivos de ciclo curto, como as hortaliças, legumes e verduras. 

As altas temperaturas, associadas à baixa umidade, podem ainda aumentar a chance de queimadas e prejudicar a saúde das pessoas. Nesta quarta-feira (23), o Instituto Nacional de Meteorologia classificou a onda de calor como perigosa.

Segundo o Inmet, o calor irá assolar o Brasil de maneira mais intensa até a próxima sexta-feira (25), com temperaturas que podem chegar aos 42ºC. Os estados que mais devem sentir a onda de calor, de acordo com o Instituto, são Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Goiás. O alerta do Inmet também sinaliza risco de incêndios florestais e à saúde, incluindo ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz.

O que pode ocorrer nas lavouras?

Segundo especialistas do InMet, a onda de calor tem relação com o El Niño e o fenômeno impacta diretamente as lavouras, principalmente na região central do Brasil. O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico em sua porção equatorial, com impacto direto nas zonas tropicais do planeta.

No campo, as altas temperaturas, associadas com fraca incidência de chuvas, podem afetar o desenvolvimento das plantas, contribuindo para sérias modificações na sua fisiologia e metabolismo, acelerando a maturação dos frutos e podem até reduzir a germinação das sementes. Além disso, favorece o desenvolvimento de pragas e doenças, o que eleva o custo de produção.

A previsão para a próxima semana é de temperaturas mais baixas e em algumas regiões, pode fazer frio intenso, o que também influencia no desenvolvimento das plantações. 

Na pecuária, as ondas de calor seguidas de ondas de frio podem prejudicar a saúde dos animais e, com isso, reduzir a produtividade, como o aumento no tempo de engorda e interferir diretamente na produção de leite e ovos. 

“Temperaturas extremamente baixas, abaixo de zero grau, podem danificar ou destruir plantações, especialmente aquelas que são sensíveis ao frio, devido à formação de geada. Já as temperaturas extremamente altas, acima de 35 graus, prejudicam o desenvolvimento da planta, que tem seu crescimento interrompido, começa a perder água e não vai suportar toda a temperatura que está recebendo”, explica o agrometeorologista da Puc-PR, Alexandre Muller.

“Com as mudanças na temperatura ou na incidência de chuvas, provocadas por fenômenos como o El Niño e a La Niña, as lavouras podem ser prejudicadas ou beneficiadas. Com base nas informações meteorológicas, o planejamento, o investimento em tecnologia, a conservação do solo e uma série de boas práticas no campo ajudam a minimizar prejuízos na propriedade. Apesar desses esforços, muitas decisões serão tomadas muito próximas do evento, geralmente durante o desenvolvimento da cultura, o que impactará a produção”, acrescenta Muller.

Os efeitos das ondas de calor e de frio podem ser mitigados com o plantio de variedades e a criação de raças mais resistentes a climas extremos. Práticas agrícolas sustentáveis, como agricultura de conservação e rotação de culturas, também ajudam a reduzir as consequências do clima extremo, contribuindo para a proteção do solo.

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