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Pequenas propriedades são 70% das que produzem soja no Brasil

Estudo realizado pela Embrapa mostra que 73% da soja brasileira vem de propriedades com menos de 50 hectares

Pequenas propriedades são 70% das que produzem soja no Brasil
Wenderson Araujo/Trilux

Um levantamento realizado pela Embrapa, com base em dados do último Censo Agropecuário, revela que 73% dos estabelecimentos agropecuários produtores de soja no Brasil têm menos de 50 hectares, e são classificados como pequenas propriedades. “São pequenos agricultores familiares que têm na cultura da soja boa parte da sua renda”, explica o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno. “Os dados mostram que a soja é uma cultura democrática, quando se observa o tamanho das propriedades em que o grão é semeado, desmistifica a visão de que soja é usada somente por grandes proprietários de terras”, ressalta. 

O documento será lançado nesta semana em Londrina (PR).  As informações compiladas na publicação mostram as principais características dos estabelecimentos agropecuários produtores de soja no Brasil, segundo estratos de área colhida.

André Steffens Moraes, autor do estudo, revela que dos 236 mil estabelecimentos agropecuários produtores de soja brasileiros, 83% (196 mil estabelecimentos) estão na região Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul 81% dessas propriedades possuem menos de 50 hectares (77 mil propriedades). No Paraná, 79% dos estabelecimentos produtores de soja são pequenas propriedades (cerca de 65 mil propriedades) e em Santa Catarina 87% dos estabelecimentos têm menos de 50 hectares (cerca de 15 mil propriedades). As regiões Centro-Oeste e Sudeste participam com aproximadamente 4% do total de pequenas propriedades produtoras de soja ou cerca de 6 mil estabelecimentos cada uma e as regiões Norte e Nordeste, com menos de 1% cada.

As regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste concentram 98% do total das fazendas de soja brasileiros.  Antes das enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2023/2024 de soja no Rio Grande do Sul e no Paraná era de 22 milhões de toneladas e 18 milhões de toneladas, respectivamente. Os dois estados do Sul juntos (segundo e terceiro maior produtor) produzem normalmente em torno de 30% da soja brasileira. “Grande parte dos brasileiros desconhece que boa parte da produção de soja ocorre em pequenas propriedades rurais, localizadas principalmente na região Sul”, destaca Moraes.

O levantamento revela ainda que o uso intensivo de alta tecnologia adotado nas grandes propriedades de soja também está nas fazendas menores. “Entre as variáveis tecnológicas adotadas estão o uso de insumos de alta qualidade, como sementes transgênicas, adubos e corretivos,  assim como a utilização de maquinário e de armazéns para grãos, entre outras”, destaca.

Segundo o pesquisador, diversos fatores podem moldar a distribuição do tamanho dos estabelecimentos rurais de uma região: fatores históricos e culturais, disponibilidade e acesso à crédito e financiamento, condições climáticas e meteorológicas, acesso à tecnologia e à maquinário agrícola, topografia e qualidade do solo, entre outros. “Uma análise de tamanhos dos estabelecimentos rurais pode ter implicações para o desenvolvimento de políticas públicas, alocação de recursos e programas de apoio direcionados aos pequenos estabelecimentos e contribuir para identificar potenciais intervenções ou estratégias que possam ajudar esses produtores a enfrentarem seus desafios produtivos”.

Produção de soja no Brasil

Na safra 2022/2023, o Brasil produziu mais de 150 milhões de toneladas de soja, segundo a Conab, o que mantém o País na liderança mundial da produção do grão, seguida dos Estados Unidos e da Argentina. Atualmente a soja é cultivada em 20 estados e no Distrito Federal e os principais estados produtores são: Mato Grosso, Rio Grande do Sul Paraná e Goiás. “A cultura da soja é responsável diretamente por aproximadamente 6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e por cerca de 25% do PIB do agronegócio, além de gerar mais de 2,2 milhões de empregos”, afirma Nepomuceno.

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