Pecuaristas estão sequestrando bezerros para aumentar seus lucros? Entenda

Não é crime: sequestro de bezerro é uma técnica de manejo utilizado por criadores de gado

Pecuaristas estão sequestrando bezerros para aumentar seus lucros? Entenda
Bezerro
Wenderson Araújo

Uma das fases mais custosas para os criadores de gado é a transição da época da seca para as chuvas, um período que pode chegar a 120 dias. Por isso, é comum que pecuaristas lancem mão de técnicas de manejo para reduzir os custos da produção. Portanto, se você escutar que o pecuarista está ‘sequestrando bezerros’, não se assuste, pois trata-se apenas de uma estratégia.

A redução de custos operacionais, sem prejuízo para a saúde dos bezerros e com preservação da qualidade das pastagens, é um dos maiores desafios para os pecuaristas de corte. Uma técnica que tem sido adotada pelos criadores é o chamado sequestro de bezerros, aplicada principalmente durante os períodos de seca, que encurta a recria e o ciclo produtivo desses animais.

“O sequestro é realizado por um período entre 90 e 120 dias, durante a transição da época da seca para as chuvas, quando os bezerros são colocados em confinamento com cochos e bebedouros, preservando a pastagem e reduzindo custos operacionais. Essa estratégia otimiza o ganho de peso dos animais, que varia entre 400 e 1000 gramas por dia, nesse período”, destaca o médico-veterinário e diretor de Operações da Connan, Márcio Bonin.

A técnica tem sido usada para combater um dos maiores problemas da pecuária de corte no Brasil, que é o longo tempo do período da recria, quando os animais permanecem na propriedade, gerando altos custos operacionais. Entre as vantagens do sistema estão: o melhor aproveitamento do pasto, o ganho de peso acelerado, a redução de custos operacionais e a melhor saúde dos animais, uma vez que os bezerros recebem cuidados mais intensivos, o que contribui para seu bem-estar. “A duração do sequestro e seus resultados podem ser variados, considerando as práticas específicas de cada fazenda e as condições locais”, observa Bonin.

Para que o sequestro tenha o resultado esperado, o médico-veterinário explica que a alimentação deve ser balanceada, para fornecer os nutrientes necessários ao crescimento saudável dos animais que também precisam estar sempre hidratados, com acesso livre à água limpa e fresca. O espaço deve ser confortável, com boa ventilação e cama seca. Do ponto de vista da saúde, é preciso haver atenção quanto às doenças e parasitas, com vacinação e vermifugação seguidas dentro de um cronograma adequado.

Após o período de sequestro, o manejo continua sendo fundamental para garantir o melhor desenvolvimento dos animais. Por isso, o produtor precisa acompanhar o ganho de peso, e se houver necessidade, fazer ajustes no nível de suplementação e no manejo. Bonin também explica que a transição precisa ser gradual. “Se os animais serão recriados ou engordados em pasto, após o sequestro, adote uma dieta que simule os ganhos do período de aguas para evitar choques alimentares, sempre lembrando que a estratégia de manejo pode variar de acordo com as necessidades de cada produtor”, finaliza.

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