Países do Mercosul devem aumentar a produção de grãos em 100 milhões de toneladas até 2035

Outlook Cone-Sul aponta que as exportações do bloco devem ter um incremento de 58 milhões de toneladas

Países do Mercosul devem aumentar a produção de grãos em 100 milhões de toneladas até 2035
Área plantada com grãos e a produtividade aumentaram no Brasil
Trilux/CNA

Nos próximos dez anos, a produção de grãos e oleaginosas do Mercosul deve aumentar em mais 100 milhões de toneladas, com incremento de 58 milhões de toneladas nas exportações. Milho, soja e trigo devem ser os destaques do crescimento das safras. A região tem uma enorme relevância na segurança alimentar global: com aproximadamente 10% das exportações mundiais, é a principal exportadora de commodities agrícolas básicas.

Os números vêm das estimativas do primeiro Outlook dos países do Cone-Sul, o Mercosul, lançado nos dias 25 e 26 de setembro, em Buenos Aires, na Argentina. O Outlook é um documento que contém projeções de longo prazo para os principais produtos da agricultura, e neste caso, foi elaborado por especialistas de organizações de pesquisa de todos os países do Cone-Sul, com base no uso de um modelo de equilíbrio parcial.

A Embrapa foi uma das colaboradoras da iniciativa e participou com uma comitiva formada pela Assessoria da Presidência, pesquisadores e analistas da Sede, Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Territorial e pela Assessoria do Ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“A produção e o comércio agrícolas da região enfrentam desafios globais, como a mudança do clima, a instabilidade dos mercados e as políticas comerciais protecionistas. Ao mesmo tempo, estes países se deparam com uma pressão crescente para reduzir os impactos ambientais da produção”, afirma o pesquisador Paulo do Carmo Martins, assessor da Presidência, ao pontuar a importância dos dados do Outlook e consequentes desafios para o futuro.

O evento reuniu autoridades e especialistas do segmento agropecuário dos quatro países que compõem o bloco - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Foi promovido pela Fundação Instituto para las Negociaciones Agrícolas Internacionales (INAI) e Bolsa de Cereales da Argentina, o país-anfitrião, com o apoio da Embrapa e do Consultative Group on International Agricultural Research CGIAR/International Food Policy Research Institute (IFPRI).

De acordo com Silvia Kanadani Campos, pesquisadora da Presidência da Embrapa, participante do projeto, a produção de projeções na forma de um Outlook é um trabalho bastante utilizado pelo setor privado em apoio à tomada de decisão, e comumente realizado em outros países ou blocos, por exemplo, a União Europeia, mas ainda pouco explorado no Brasil. “Os resultados apresentados captam mudanças de mercado e o modelo utilizado possibilita estudar o impacto das alterações políticas e de outros eventos sobre diferentes variáveis econômicas, gerando informações relevantes para a tomada de decisões e definição de políticas públicas relacionadas à agricultura”, afirma a especialista.

Atuação conjunta no Mercosul

Ao lado de especialistas em economia de Argentina, Paraguai e Uruguai, Paulo Martins explicou que o avanço da agricultura do Mercosul deve considerar a necessidade de atuação conjunta dos países, baseada em pontos de interesse comum. Ele destacou o esforço do governo brasileiro em promover a economia verde, com o aproveitamento de terras degradadas e financiamento à adoção de boas práticas ambientais, tendo como base resultados de pesquisa e desenvolvimento para a agricultura tropical.

Sobre este aspecto, Martins lembrou o compromisso da comunidade internacional em disponibilizar US$ 100 bilhões para os países não desenvolvidos, visando facilitar a adoção de processos de transição para energias renováveis e agricultura regenerativa. De acordo com o pesquisador, as discussões apontaram que o caminho para a sustentabilidade passa pela garantia da produtividade em áreas atuais e pela incorporação de áreas degradadas em processos produtivos. Martins integrou um dos três paineis abertos ao público no evento, focado em formas de os países-membros se posicionarem frente aos novos desafios estruturais e aos antigos, ainda não superados.

Martins também enfatizou que o Brasil trabalha na legitimação de calculadoras com métricas de pegada de carbono adaptadas à realidade do País e que há um esforço do governo em organizar o conhecimento e as tecnologias disponíveis para ampliar a sustentabilidade e a produtividade da agricultura brasileira.

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