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Não é vassoura de bruxa: nova praga ameaça lavouras de cacau

Na década de 1990, lavouras de cacau foram atacadas por doença chamada Vassoura de Bruxa e agora, lavouras sofrem com monilíase

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Trilux/Wenderson Araújo

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, no dia 2 de julho, a ocorrência de um novo foco de monilíase do cacaueiro (Moniliophthora roreri) no município de Urucurituba, no Amazonas.  A doença é uma ameaça às lavouras, mas está sendo monitorada pela defesa agropecuária. Nas décadas passadas, uma outra doença, chamada Vassoura de Bruxa, dizimou as lavouras de cacau no sul da Bahia e quase extinguiu a produção do fruto no Brasil.

A suspeita de ocorrência de monilíase no Amazonas foi verificada no dia 24 de junho durante ações de vigilância fitossanitária conduzidas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), e confirmada por meio de análise laboratorial realizada pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia (LFDA/GO).  Medidas emergenciais foram discutidas e implementadas em conjunto com autoridades locais, antes mesmo da confirmação oficial da doença. “Procedemos com a interdição imediata da propriedade afetada para evitar qualquer propagação da praga, implementamos técnicas de erradicação para eliminar a monilíase na propriedade foco e proibimos o trânsito de frutos e amêndoas do município afetado para outras regiões”, relata a diretora do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da SDA, Edilene Cambraia.  

Ainda com objetivo de evitar a dispersão da praga para as áreas que ainda não tem presença da doença, as fiscalizações do trânsito de materiais vegetais (frutos, plantas) hospedeiros da monilíase foram intensificadas. “Aumentamos a fiscalização sobre o trânsito de vegetais e iniciamos campanhas de conscientização e treinamento em Urucurituba e em 10 municípios vizinhos entre Itacoatiara e Parintins na divisa com o Pará, maior produtor de cacau do país, que estão em plena execução”, acrescentou Edilene. 

Outra ação coordenada pelo Mapa para reforçar a vigilância e o controle fitossanitário é a prorrogação da declaração de emergência fitossanitária para os estados do Acre, Rondônia, Amazonas e inclusão do estado do Pará em virtude do aumento do risco fitossanitário. Também já foi encaminhado ao governo do Amazonas o pedido de restrição da emissão de notas fiscais interestaduais de amêndoas de cacau provenientes do estado.  

A monilíase é uma doença que afeta plantas do gênero Theobroma, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), causando perdas na produção e uma elevação nos custos devido à necessidade de medidas adicionais de manejo e aplicação de fungicidas para o controle da praga.   

Devido ao seu potencial de danos, o Mapa alerta que é fundamental a notificação imediata de quaisquer suspeitas de ocorrência da praga nas demais regiões do país às autoridades fitossanitárias locais. A doença atinge somente as plantas hospedeiras do fungo, sem riscos de danos à saúde humana.     

Monilíase do cacaueiro no Brasil

O primeiro foco da praga no Brasil foi identificado em julho de 2021, em área residencial urbana no município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Em novembro de 2022, o segundo foco da doença foi confirmado no município de Tabatinga, no estado do Amazonas, dessa vez, em comunidades rurais ribeirinhas. Os dois estados se encontram sob ações permanentes de controle, com vistas à sua erradicação.  Na América do Sul, a praga já se encontra presente no Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru. 

Na década de 1990, as lavouras de cacau do Sul da Bahia quase foram extintas devido a uma doença chamada Vassoura de Bruxa, que ocorre até hoje, porém, de forma controlada. A doença é uma das mais destrutivas do cacaueiro, causando perdas severas, na ordem de até 50%, dos rendimentos. A doença foi registrada pela primeira vez no Suriname, em 1895, de onde se difundiu para o resto da América do Sul e ilhas do Caribe, onde obteve o status de doença endêmica.

Os sintomas típicos da doença são a formação de vassoura-de-bruxa nos ramos novos, manchas, definhamento ou deformação dos frutos. Nos frutos, os sintomas podem variar dependendo do tipo de infecção. Quando a infecção ocorre durante a floração, os frutos são pequenos, róseos e deformados, recebem o nome de "morangos" e acabam se mumificando. Se a infecção ocorrer em frutos formados, provoca lesões irregulares, escuras e firmes ao tato.Nos brotos novos ocorre o intumescimento e redução dos internódios, deformação das folhas e perda da dominância apical, induzindo à formação de brotações laterais, conhecidas como vassoura-de-bruxa.

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