Com uma produtividade acima de 78 mil quilos por hectare, a produção de cana-de-açúcar deverá chegar a 652,9 milhões de toneladas na safra 2023/2024. O volume, se confirmado, representa um crescimento de 6,9%, o que representa 42,1 milhões de toneladas colhidas a mais que na temporada passada. Esse incremento é esperado devido à melhora no desempenho das lavouras, uma vez que as condições climáticas, para essa temporada, estão melhores que na safra 2022/2023.
A área apresenta queda de 0,1%, com 8,29 milhões de hectares destinados para a cultura. A redução é influenciada pela diminuição verificada na região Sudeste. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (17) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), durante o 2º Levantamento da safra 2023/24 do produto.
Responsável por 63,1% da produção de cana no país, o Sudeste deverá apresentar uma elevação de 6,3% no volume colhido, chegando a 412,15 milhões de toneladas. O bom resultado será atingido pela boa produtividade que tende ao crescimento e ultrapassa as 80 mil toneladas por hectare. Alta influenciada pelo bom desempenho das lavouras de São Paulo, principal estado produtor da cultura. Apenas os produtores paulistas serão responsáveis por uma colheita de 328,2 milhões de toneladas.
No Centro-Oeste, a atual estimativa de produção para esta safra é de 142,7 milhões de toneladas destinadas ao setor sucroenergético. Diferentemente do Sudeste, a área deverá ter uma alta de 1,5%, verificada em 1,79 milhões de hectares. Além deste aumento, as lavouras devem apresentar melhor desempenho com uma produtividade média estimada em 79.601 quilos por hectare.
Aumento de área e produtividade também na região Nordeste, onde a colheita projetada é de 58,5 milhões de toneladas. Cenário semelhante é encontrado na região Sul, onde após sucessivas reduções da área colhida, a estimativa é que sejam destinados 3,7% a mais de área, quando comparada à safra 2022/23, para a produção de cana-de-açúcar.
O incremento esperado na produtividade é ainda mais expressivo, de 10,5% influenciado pelo aumento de áreas renovadas e melhores condições climáticas. No Norte do país, o incremento de área e a expectativa de melhores produtividades deverão aumentar a produção em 5,4%, quando comparada à safra passada, resultando em uma produção de 4,03 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Mais açúcar e etanol
A alta na produção de cana possibilita um aumento na fabricação de açúcar no país, estimada em 40,9 milhões de toneladas. De acordo com o boletim da Conab, é possível observar uma elevação da produção do adoçante em todas as regiões, justificada pela maior disponibilidade de matéria-prima e pelo mercado favorável do produto Com isso, a atual safra se coloca como a segunda maior produção de açúcar da série histórica.
Incremento também para a produção de etanol, estimado em 33,83 bilhões de litros, somados os produzidos a partir da cana-de-açúcar e do milho. O combustível produzido a partir do esmagamento da cana-de-açúcar deverá crescer cerca de 4,5%, o que representa 1,2 bilhão de litros. Esse aumento em relação à temporada anterior encontra suporte na maior produção de cana no país, mesmo com a priorização na fabricação de açúcar.
Já o etanol fabricado a partir do milho apresenta alta expressiva de 37,2%, resultado de planejamento e investimentos, sobretudo no Centro-Oeste, mas se expandindo para outras regiões do país. A expectativa é para mais um recorde na produção desse combustível que tem como matéria-prima o cereal, estimada em 6,11 bilhões de litros.
Queda nos preços
Diante das estimativas positivas para a safra brasileira 2023/2024, que apontam um aumento considerável da produção com relação à safra anterior, a perspectiva é de queda nos preços do açúcar e do etanol.
A boa expectativa na fabricação do adoçante também possibilita boas perspectivas para as exportações do produto. As vendas brasileiras de açúcar ao mercado internacional seguem em bom ritmo, atingindo 9,2 milhões de toneladas entre abril e julho deste ano, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Se comparado com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 13,5% no volume embarcado. Com relação ao preço do adoçante no mercado internacional, em junho foram observadas variações negativas nas cotações, encerrando o mês com média de queda de 4,2%. No entanto, na comparação com junho de 2022 é verificado aumento em torno de 31%.
Para o etanol, o Brasil exportou cerca de 674,9 milhões de litros no acumulado dos quatro primeiros meses da safra 2023/24 (abril a julho), segundo o MDIC. O volume corresponde a uma elevação de 15,9% na comparação com igual período do ciclo passado. Os preços do combustível tendem para a queda, explicada pela baixa movimentação no mercado doméstico e pela influência do comportamento dos preços do petróleo no cenário internacional.