Produtores de soja vencem ação coletiva contra a Monsanto e receberão dinheiro de volta

Decisão judicial determina o fim da cobrança de royalties sobre patentes expiradas, restituição de valores pagos indevidamente e reafirma a função social da propriedade intelectual

Produtores de soja vencem ação coletiva contra a Monsanto e receberão dinheiro de volta
Lavoura de soja
Bruno Lopes

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja MT) obteve uma vitória na Justiça em uma ação coletiva movida contra a Monsanto, companhia que foi incorporada à Bayer. A decisão, que beneficia milhares de agricultores, declarou que as patentes relacionadas à tecnologia Intacta RR2 PRO,  utilizada no cultivo de soja, já expiraram, tornando ilegais as cobranças de royalties feitas pela empresa.

Além de proibir a Monsanto/Bayer de continuar exigindo esses pagamentos, a decisão também condenou a empresa a devolver aos produtores rurais todos os valores cobrados indevidamente após a expiração das patentes. A restituição deve incluir correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e juros de 1% ao mês, a partir da data da citação, garantindo que os agricultores recebam o que lhes é devido.

“Essa vitória demonstra o papel fundamental da associação na defesa dos direitos dos agricultores, corrigindo uma prática que prejudicava diretamente o setor e comprometia a rentabilidade dos produtores, especialmente os pequenos e médios”, destacou o presidente da entidade, Lucas Costa Beber.

A decisão judicial também reafirma o princípio da função social da propriedade intelectual, destacando que tecnologias com patentes vencidas devem estar acessíveis ao público, beneficiando toda a cadeia produtiva. O Brasil, como um dos maiores produtores de soja do mundo, fortalece sua posição em disputas sobre direitos de propriedade intelectual, equilibrando inovação tecnológica e justiça econômica.

Em nota, a Bayer informou que tomou conhecimento da decisão através da imprensa e, embora a decisão não tenha sido publicada oficialmente, a empresa está acompanhando atentamente o caso para compreender eventuais implicações.

No comunicado, a multinacional informa que a tecnologia Intacta RR Pro está protegida por direitos de propriedade intelectual, incluindo diversas patentes concedidas e válidas no Brasil e no exterior. “A Bayer confia na solidez da legislação que garante seus direitos. Independente do teor da decisão, a empresa apresentará os recursos cabíveis. Não há qualquer alteração nos pilares do nosso modelo de negócio, incluindo o sistema de testagem e cobrança nos Pontos de Recebimento (PODs).”, completa o comunicado.

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