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Inverno 2024: como será a transição do El Niño para La Nina?

Meteorologistas apontam que o inverno de 2024 terá temperaturas acima da média para o período na maior parte do Brasil

Inverno 2024: como será a transição do El Niño para La Nina?
Reprodução/Prefeitura de Urupema

O inverno começou oficialmente nesta quinta-feira (20) e o principal evento que deve marcar esta temporada é a despedida do fenômeno El Niño e a entrada de uma La Niña tardia, entre agosto e setembro. De acordo com o Centro de Previsões Climáticas (CPC) da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, há pelo menos 65% de chances de o fenômeno La Niña se instalar apenas no fim do inverno. 

Até que isso ocorra, o inverno deve ser neutro: os períodos mais frios costumam ocorrer sob influência de ciclones extratropicais intensos no Atlântico Sul e são eles os responsáveis por impulsionar massas de ar muito gelados para o Sul do país. Quando isso ocorre, por exemplo, é comum os gaúchos terem o vento minuano, uma sensação térmica negativa, mínimas muito baixas, geadas e até neve. Mas, ainda que isso aconteça, o inverno pode ter dias mais quentes, especialmente em agosto e setembro.

A transição de períodos mais amenos para os mais frios pode se dar bruscamente, com alto risco de temporais, ventanias e granizo, especialmente se estiver presente um fenômeno chamado de Corrente de Jato de Baixos Níveis, que traz ar quente e vento intenso que antecede os temporais.

Essas correntes de vento quente a cerca de 1500 metros de altitude são comuns horas antes da chegada de frente fria intensa associada a um grande ciclone e podem trazer temperaturas muito altas, mesmo à noite. Em todos os anos se verifica este tipo de cenário em nos casos mais extremos há formação de tornados, como se viu em diversos invernos do passado. 

Os meses agosto e setembro, período com maior incidência de ar quente, tendem a ser os de maior risco de temporais e episódios de tempo severo neste inverno. 

Chuvas no inverno 

O inverno é o período mais chuvoso do ano no Rio Grande do Sul juntamente com a primavera, enquanto no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil é o período mais seco e com menos índices de chuvas. Quase todos os modelos internacionais de clima indicam um inverno neste ano com precipitação abaixo ou muito abaixo da média nos estados do Sul, mas este não é o prognóstico da MetSul Meteorologia.

De acordo com o MetSul, o Paraná e parte de Santa Catarina devem ter um inverno com chuva muito abaixo da média, mas grande parte do Rio Grande do Sul e algumas áreas de Santa Catarina devem ter precipitação perto da média ou acima. Apesar disso, é improvável que o inverno no Rio Grande do Sul seja de tempo chuvoso persistente como ocorreu em maio e junho. Julho e agosto devem ter períodos mais prolongados de tempo firme com aumento das precipitações no mês de setembro. 

As temperaturas acima da média com bloqueio atmosférico no Centro do Brasil, que acompanharam os eventos extremos de chuva e enchentes do segundo semestre de 2023 e de maio e junho deste ano, seguirá presente durante o inverno. Assim, o Rio Grande do Sul tem risco de novos episódios de chuva volumosa no inverno.

No Centro-Oeste e no Sudeste, a tendência é de pouca chuva. O tempo muito seco deve manter o número elevado de queimadas no Centro-Oeste com o agravamento da situação no Pantanal. Queimadas também devem ocorrer no interior de São Paulo e Cerrado, com risco para parques nacionais e reservas naturais. Espera-se ainda um aumento significativo de queimadas no Sul da Amazônia, o que deve levar fumaça por correntes de vento para o Sul e o Sudeste do Brasil mais tarde na estação. 

Temperaturas de inverno

Junho e julho, historicamente, são os meses de temperatura mais baixa do inverno no Centro-Sul do Brasil enquanto agosto e setembro tendem a ter temperatura mais alta, inclusive com alguns dias de forte a intenso calor que lembram jornadas de verão com marcas perto ou acima de 35ºC. 

Tais episódios com alta temperatura costumam preceder eventos de tempo severo no Sul do Brasil, atestando a percepção popular que calor no inverno costuma anteceder tempestades e às vezes de grande intensidade. A alternância de calor e frio é maior nos meses de agosto e setembro, o que tende a levar a bruscas mudanças de temperatura com vento e não raro com tempestades severas. Isso piora não apenas o risco de tempo severo assim como de danos para a fruticultura por oscilações radicais de calor para frio e vice-versa. 

A tendência é de um inverno com temperatura acima a muito acima da média na maior parte do Brasil. A temperatura pode ficar muito acima da climatologia histórica mais entre o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Norte e Noroeste do Paraná e no interior de São Paulo.
 

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