Hambúrguer de mamute: cientistas criam carne com o DNA de animal já extinto

A iguaria foi cultivada em laboratório e complementada com carne de elefante africano, seu 'primo' vivo mais próximo

Viviane Taguchi

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Carne de mamute lanoso foi apresentada na Holanda, mas ainda não pode ser consumida
Divulgação/Vow

Cientistas apresentaram nesta semana, no Museu de Ciências de Amsterdã (NEMO), na Holanda, um hambúrguer feito com carne de mamute lanoso, um paquiderme que já está extinto. A iguaria, da foodtech australiana Vow, foi cultivada em laboratório e apresentada ao público em uma cúpula de vidro.

Segundo a empresa que desenvolveu a carne de mamute, ela ainda não pode ser consumida porque precisa passar por mais testes de segurança, mas abre caminho para a alimentação no futuro. À imprensa local, Tim Noakesmith, fundador da Vow, explicou que a proteína de mamute lanoso foi escolhida porque ela representa uma extinção provocada por mudanças climáticas. "Enfrentaremos um destino similar se não fizermos as coisas de forma distinta, como mudar as práticas da agricultura em larga escala e nossa forma de comer", disse. 

Noakesmith explicou que o hambúrguer foi cultivado durante várias semanas a partir da sequência de DNA da mioglobina do mamute, que é a proteína que dá o sabor à carne. E então, o DNA foi complementado com genes de um elefante africano, que seria o parente vivo mais próximo do mamute lanoso. Depois, os genes foram introduzidos em células de cordeiro.

Proibida na Itália - O governo da Itália deve aprovar na semana que vem um projeto de lei que proíbe o uso de carne produzida em laboratório de alimentos e ração animal, com o objetivo de salvar a “herança agroalimentar” do país. O projeto de lei proíbe a indústria italiana de produzir alimentos ou rações “a partir de culturas de células ou tecidos derivados de animais vertebrados”.

A determinação não vai se estender a produtos fabricados ou vendidos em outros lugares da União Europeia. Giorgia Meloni prometeu proteger os alimentos da Itália de inovações tecnológicas vistas como prejudiciais e renomeou o Ministério da Agricultura como “Ministério da Agricultura e Soberania Alimentar”. O ministro Francesco Lollobrigida, um dos aliados mais próximos de Meloni, diz que os produtos de laboratório põem em risco a ligação tradicional entre agricultura e alimentação.

E no Brasil, tem? - Carnes cultivadas em laboratório ainda não estão no mercado nacional, mas pelo menos duas empresas já protocolaram pedidos de autorização para comercialização de carnes cultivadas. Uma iniciativa é da BRF, em parceria com a Aleph Foods, e a outra, da Ambi Real. A expectativa é que os órgãos regulatórios aprovem a produção e venda do produto em 2024. 

A BRF e a Aleph, no ano passado, anunciaram uma rodada de captação de investimentos que resultou em US$ 2,5 milhões. Mas, diferentemente dos australianos, o pedido de liberação só vale para carne cultivada de boi.

Para produzir este tipo de carne, células-tronco de bovinos são cultivadas em um ambiente estéril, fora do corpo do animal, com o fornecimento de nutrientes. Depois, com o suporte de um molde 3D, as células se conectam para formar um corte específico de carne. A BRF/Aleph garantiu que o sabor e o aroma da carne são idênticos aos da carne tradicional.

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