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Porco feliz: granjas investem em bem-estar para reduzir estresse suíno

Segunda onda de bem-estar animal inclui inserção de "brinquedos" nas baias dos suínos

Da Redação

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Osmar Dalla Costa/Embrapa Aves e Suínos

Em Santa Catarina, criadores de suínos estão usando ‘brinquedos’ para reduzir o estresse dos animais nas granjas e assim, tornar o manejo diário bem mais fácil e produtivo. Itens como correntes presas às paredes das baias, peças de borracha ou troncos de madeira estão ajudando os produtores e distrair os animais no dia-a-dia, já que permitem a eles, fuçar, brincar e interagir com o grupo, reduzindo bastante o nível de estresse dos animais.

A ideia surgiu na Embrapa Aves e Suínos de Concórdia (SC) e faz parte de um movimento no campo que prioriza o bem-estar animal. “Brinquedo é como são chamados os elementos colocados nas baias com a intenção de permitir que esses animais expressem comportamentos naturais, iguais aos que eles teriam se estivessem soltos na natureza”, explicou o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa.

Investir em elementos de enriquecimento ambiental em granjas de suínos é uma espécie de segunda onda do bem-estar animal na suinocultura . A primeira onda teve início em meados dos anos 2000 e focou na melhoria das condições básicas disponibilizadas aos animais do nascimento ao abate, como espaço adequado, temperatura, qualidade do ar, limpeza, transporte e tratamento humanitários.

Qualquer modificação que aumente o conforto do ambiente, como a diminuição no número de animais por baia ou a instalação de ventiladores, pode ser vista como uma ação de enriquecimento ambiental. Mas, na maior parte das vezes, o termo se refere ao acréscimo de objetos pendurados nas instalações ou soltos no ambiente, que permitam ou estimulem os suínos a desenvolver os comportamentos naturais.

De acordo com o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária na Seara Alimentos, Vamiré Luiz Sens Júnior, os “brinquedos” visam principalmente quebrar a monotonia, que podem provocar comportamentos anormais por parte dos suínos. Por exemplo, quando os animais experimentam estados de estresse e frustração, têm atitudes sem função aparente, como mastigar com a boca vazia, ranger os dentes, morder barras de ferro ou lamber o chão. Os suínos que vivem em ambientes enfadonhos também demonstram mais propensão a interações sociais negativas. “Esse tipo de comportamento traduz-se, na prática, em episódios de agressividade dentro das baias. É daí que vêm problemas como a caudofagia, que ocorre quando um ou mais animais na baia sofrem mordeduras e consequentes lesões na cauda”, explica.

Maior rentabilidade - Os elementos de bem-estar animal trazem resultados na rentabilidade do produtor. Com menos estresse, os animais engordam e crescem mais rápido, consumindo o mesmo volume de rações e têm menos necessidades de intervenções medicamentosas. 

“Temos visto problemas menores nas baias com o uso de correntes. Quando bem manejadas, elas ajudam a manter os suínos mais calmos”, garante Valdecir Folador, produtor de suínos da região de Barão do Cotegipe, no Rio Grande do Sul, e presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS). 

Segundo ele, os “brinquedos” fazem parte de um contexto mais amplo de investimentos no bem-estar animal. “Não é somente colocar algo na baia e deixar lá. Tem todo o ambiente, a ração e uma série de outras coisas que evoluíram muito.”

(Com informações da Embrapa)

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