Geadas podem comprometer safra de trigo; veja como isso impacta os consumidores

Produtores começaram a colher o trigo, mas há mais de 1 milhão de hectares nos campos atingidos pela geada; 200 mil hectares podem ser prejudicados

Geadas podem comprometer safra de trigo; veja como isso impacta os consumidores
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Divulgação/Confederação Nacional de Agricultura (CNA)

As fortes geadas e o frio muito intenso que está atingindo o Paraná podem comprometer a safra de trigo no Estado. A colheita do cereal já começou, mas de acordo com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), ainda existem mais de 1 milhão de hectares de trigo nos campos. Uma quebra na safra de trigo pode impactar diretamente o bolso dos consumidores, com uma alta nos produtos derivados, sobretudo os industrializados e rações.

O trigo produzido no Paraná é destinado, principalmente para as agroindústrias de produção de alimentos como biscoitos, bolos e panificação, além de rações. Por isso, se houver um prejuízo grande, estes devem ser os itens mais impactados.

Nesta segunda-feira (19), o Departamento de Economia Rural (Deral) divulgou sua análise técnica para vários cultivos na região e apontou que as geadas ocorridas até o dia 15 de agosto, especialmente no sábado (10), tinham sido leves, sem prejuízos às plantações, mas na última terça-feira (13), foram registradas geadas com temperaturas ainda mais baixas. Apesar de ser comum no Estado nesse período, o fenômeno foi intenso, especialmente para a região Sudoeste e os Campos Gerais.

Há mais de um milhão de hectares de trigo a campo, e a colheita foi iniciada, mas está em 1% da área. Entre as áreas a campo, 22% estavam em desenvolvimento vegetativo e devem ser beneficiadas pelas temperaturas negativas, com controle de pragas e melhor perfilhamento. Essas áreas são maioria onde foram registradas temperaturas negativas.

Porém, 57% da área estadual de trigo estava entre as fases de espigamento e enchimento de grãos, fases suscetíveis a perdas em maior ou menor escala em função das geadas. Apesar do percentual alto no Paraná, lavouras nestas fases são exceção onde foram registradas as temperaturas mais baixas, devendo apenas uma parcela delas ser comprometida pelo congelamento, segundo o agrônomo Carlos Hugo Godinho.

Considerando as regiões mais afetadas, uma área de aproximadamente 200 mil hectares deve ser impactada, com danos que variam conforme o estágio da planta e a intensidade da geada. Para se ter uma primeira dimensão das perdas, é necessário esperar que as plantas mostrem os primeiros sintomas, o que deve começar a ocorrer nos próximos dias e será descrito pelo Deral no relatório de Condições de Tempo e Cultivo da próxima terça-feira (20).

Veja a análise para outras plantações:

Milho: A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima a produção de 115,6 milhões de toneladas de milho no Brasil, representando uma queda na produção de 12% quando comparada à safra anterior, que somou quase 132 milhões de toneladas. O maior produtor nacional é o Mato Grosso, que detém participação de 42% do total. Já o segundo maior produtor é o Paraná, com 13%.

Olerícolas– O Boletim mostra ainda quais são as principais bases de dados sobre a produção de olerícolas no Brasil, quais itens consideram e com que frequência são atualizadas. O Paraná, segundo dados de 2022, responde por cerca de 11% da produção de olerícolas no Brasil, ocupando a quarta posição, segundo a pesquisa Produção Agrícola Municipal – PAM, do IBGE, que avalia oito espécies.

Proteínas animais - Tradicional líder nacional na produção e exportação de frango, o Paraná comercializou para outros países 188,2 mil toneladas em julho, um aumento de 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Também em julho de 2024 o Paraná realizou os primeiros embarques de carne suína para as Filipinas, um mercado que importava grandes volumes exclusivamente de Santa Catarina, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O abate de fêmeas bovinas cresceu consideravelmente no primeiro trimestre de 2024 quando comparado ao mesmo período de 2023. Com os preços mais acomodados da arroba bovina desde meados do ano passado, o abate de vacas e novilhas, que atingiu 3,35 milhões de cabeças no primeiro trimestre, chegou a 4,29 milhões de animais no mesmo período de 2024 (IBGE), ajudando a estabilizar os preços em patamares mais baixos no período.

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